Em edição anterior, vimos que João apresenta Jesus como Verbo Encarnado. Apresenta-o operando sinais que revelam sua pessoa divina. Agora, continuando o aprofundamento sobre a pessoa de Jesus no Evangelho de João, Ele é apresentado também como a luz do mundo, a verdade, a palavra. Jesus é o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,14).
Jesus, a luz do mundo: Ele, a vida que se manifesta era a luz verdadeira que ilumina todo homem, descreve João em seu prólogo. E, ainda, a luz que veio ao mundo é o filho que Deus enviou ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele (cf. Jo 3,17).
Jesus mesmo se apresenta como luz: “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Na história do cego de nascença, Jesus reafirma a declaração acima: “Por isso, enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5).
Jesus, a luz presente, retira definitivamente os que creem nas trevas da ignorância, do erro, e possibilita que entrem em comunhão com Ele e, nele, com o Pai, pois nele nos tornamos filhos e filhas: “Eu vim como luz ao mundo; assim, todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas” (Jo 12,46).
Jesus, a verdade: Ele afirma em Jo 14,6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Com Ele, a revelação atinge sua plenitude.
Diante de Pilatos, segundo João, em Jesus a verdade alcança seu apogeu. Respondendo a Pilatos, Jesus disse: “É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37).
Para chegar à verdade, que é Jesus, o caminho é permanecer na palavra dele, ou seja, acolher o mistério de sua pessoa. Esse é o caminho do discipulado que produz bons frutos de justiça, da presença do Reino: “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos” (Jo 15,7-8).
Permanecer na palavra de Jesus é estar em comunhão com Ele e o Pai, pois sua palavra é também do Pai. Há um profundo vínculo entre Jesus e o Pai (cf. Jo 17,1-26).
Quem é da verdade vive segundo a revelação da verdade operada por Jesus. Na pessoa dele, ser humano por excelência, o Pai se revela. Na e com a pessoa de Jesus temos a vida e a salvação.
Os sinais operados por Jesus e descritos pelo autor visam ao crer que Jesus é o Cristo. Diz João: “Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,30-31).
Jesus é o Bom Pastor. Há uma substancial diferença entre quem é pastor e quem é mercenário. A este importa somente explorar as ovelhas. Seu interesse por elas é apenas aparente. Em verdade, não se importa com elas e nem as protege (cf. Jo 10,12-13). Um bom pastor, ao contrário, importa-se com as ovelhas. Ele as conhece pelo nome e expõe sua vida por elas (cf. Jo 10,14-15).
O Bom Pastor revela o desejo de Deus e por que se faz presente na vida e na realidade de cada pessoa: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância” (Jo 10,10). Vida com qualidade na esfera das relações com Deus e com as pessoas: habitação digna, salário digno, educação, saúde etc. Assim, torna possível e verdade o Reino de Deus no mundo.
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