29 DE JUNHO
APÓSTOLOS
(SÉCULO I)
Pedro nasceu em Betsaida, na Galileia, filho de João ou Jonas, irmão de André; casado, morava em Cafarnaum quando conheceu o Mestre. Nos evangelhos não se faz menção do nome da esposa ou dos filhos, entretanto, faz-se referência à sogra que, milagrosamente, foi curada por Jesus.
AS FRAQUEZAS DE PEDRO
Sobretudo São Marcos, o seu evangelista, não escondeu as fraquezas de Pedro. Na transfiguração, fez esta intervenção: “Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (Mc 9,5); o evangelista, evocando quase que certamente um comentário de seu Mestre, acrescenta argutamente que Pedro não sabia o que estava dizendo…
Descendo do monte, Jesus preanunciou sua iminente paixão e morte. “O Mestre deve morrer? Absurdo!”, pensou Pedro e o disse abertamente. A censura de Jesus foi dura, mas Pedro aceitou. Não compreendia, mas sabia que estava diante da verdade.
Por seu lado, Pedro era desse jeito. Vê-se que tinha muita confiança em Jesus, a ponto de poder dizer-lhe tudo o que lhe vinha à mente sem pensar duas vezes. Por isso, teve de tomar mais uma repreensão durante o lava-pés antes da última ceia. Como podia permitir que seu Mestre se inclinasse diante dele como um escravo e lavasse os seus pés, ele sendo um mísero pecador? Opôs-se decididamente, mas igualmente decidida foi a resposta de Jesus: “Se eu não os lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8). Era o mesmo que dizer “Podes ir embora!”. E Pedro respondeu que estava disposto não só a lavar os pés, mas as mãos e também a cabeça.
Quando Jesus anunciou que nessa noite Ele seria abandonado por todos, Pedro contestou, dizendo que morreria com Ele. Palavras sinceras, mas que não levavam em conta a fraqueza humana. Jesus, então, com infinita delicadeza, depois da profecia da tríplice negação, confirmou-lhe que Deus não o abandonaria e que ele, uma vez arrependido, deveria confirmar na fé os seus irmãos.
Nessa noite, as coisas se precipitaram e Pedro fez a mais dura experiência de sua vida. No horto das Oliveiras, não conseguiu vigiar e orar ao lado de seu Mestre; acordado pela chegada dos guardas, quis defendê-lo com a espada e errou novamente. Privado de todos os recursos humanos, não soube fazer outra coisa senão fugir.
Com João, teve coragem de entrar no palácio do sumo sacerdote, onde o sinédrio estava julgando Jesus e ali também fez aquilo que jamais teria feito: diante de uma porteira e depois diante dos guardas, que se esquentavam perto de uma fogueira no pátio, por bem três vezes negou que conhecesse o seu Mestre.
Nesse momento, Jesus atravessava o pátio acorrentado e olhou para Pedro. O apóstolo compreendeu que não estava pronto para o martírio e fugiu daquele lugar. O evangelista relata que ele chorou amargamente, mas não se desesperou como Judas. Consciente talvez de sua fraqueza, não teve coragem de se expor ainda em primeiro lugar ao lado de Maria e João aos pés da cruz, mas acompanhou a paixão do cenáculo junto com os outros apóstolos que, assustados como ele, estavam em um lugar fechado.
Presume-se que Paulo tenha nascido aproximadamente entre os anos 5 e 10 d.C., na cidade cosmopolita de Tarso, de pais fabricantes de tendas que tinham adquirido o título de cidadãos romanos. Possuía duplo nome: Saulo, para os hebreus, e Paulo, para os gregos e romanos. Conhecia muito bem a cultura grega e também aprendeu essa língua, mas permaneceu sempre fiel às tradições dos pais. Na sua juventude foi enviado para Jerusalém, onde completou sua formação junto a Gamaliel, o mais famoso e sábio mestre daquela época no mundo hebraico.
A CAMINHO DE DAMASCO
Convicto de estar fazendo a vontade de Deus, Saulo, respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de poder trazer presos para Jerusalém, homens e mulheres, seguidores da doutrina de Cristo que encontrasse (cf. At 9,1-2).
Ao se aproximar da cidade, subitamente foi envolvido por uma luz do céu que caiu por terra e ouviu uma voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Ele perguntou: “Quem és, Senhor?”, e ouviu a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo” e o exortou para que se dirigisse a Ananias, que lhe diria o que fazer (cf. At 9,4-9). Erguendo-se do chão, percebeu que tinha ficado cego, mas com uma grande luz no coração. Os seus companheiros conduziram-no pela mão na cidade e ele permaneceu por três dias à espera de Ananias.
Quando Ananias se apresentou e lhe deu o Batismo, Saulo recuperou a vista, apresentou-se à sinagoga e relatou o que lhe tinha acontecido. A comunidade cristã se alegrou enquanto a hebraica permaneceu desconcertada e pensou que Paulo tivesse enlouquecido. No entanto, Paulo pensou em retirar-se para o deserto para colocar em ordem sua mente e compreender mais a fundo o dom que tinha recebido. Passou de três a quatro anos numa localidade por nós desconhecida.
Saulo, como os outros apóstolos, tinha encontrado o Ressuscitado e podia testemunhá-lo, mas, de maneira diferente das dos outros apóstolos, pois não tinha convivido com Jesus nem recebido gradualmente toda a formação necessária para o ministério. Isso o Mestre supria agora em forma extraordinária, levando-o ao Paraíso e fazendo-o contemplar a realidade divina.
Sem esse acontecimento, o apóstolo não teria podido fazer e ensinar como os outros fizeram e ensinaram.
Reanimado por essa luz, retornou a Damasco e pregou com maior entusiasmo até suscitar a ira dos adversários e ser obrigado a fugir de noite, descendo o muro da cidade numa cesta. Foi para Jerusalém e permaneceu quinze dias com Pedro e Tiago, pondo-os a par de sua nova vida.
Os apóstolos o compreenderam, mas a comunidade cristã tinha dúvidas sobre sua conversão até o momento em que Barnabé foi em sua defesa. Saulo não se sentia bem e foi para Tarso, sua cidade natal, retornando ao seu serviço de tecelão.
Barnabé, enviado pelos apóstolos de Antioquia, valorizando os dons que Deus tinha colocado em Saulo, foi para Tarso e o convenceu a segui-lo para Antioquia. Daí em diante, Saulo foi chamado Paulo para sempre, porque já experimentava que o seu campo missionário não seria tanto entre os judeus, mas principalmente entre outros povos, aqueles que os hebreus chamavam de “gentios” ou pagãos.
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