Uma criança choramingando incessantemente, ou um adolescente que não para de discutir, mesmo depois de dizermos: “Não”. Somado a isso, podemos estar preocupados com o trabalho, chateados por alguma interação desagradável com um parente, ou exaustos depois de um longo dia.
Num cenário destes, pode ser extremamente difícil escolher as palavras com cuidado, mas elas têm um impacto significativo sobre nossos filhos, especialmente quando são repetidas regularmente. Se essas palavras forem ásperas ou que incitarem culpa, é provável que a relação com os nossos filhos seja prejudicada.
Aqui estão três coisas que você nunca deve dizer para os seus filhos:
1. “Você está me deixando louca!”
Esta frase e outras do tipo usam a culpa para motivar a criança a mudar de comportamento. Sim, podemos nos sentir como se nossos filhos estivessem nos deixando loucas em algum momento, mas não podemos dizer isso para eles.
Na verdade, a expressão dos nossos sentimentos desta forma, não editada, é susceptível de agravar a situação momentânea e, a longo prazo, afetar negativamente a relação com os nossos filhos. Pior: ela faz a criança se sentir responsável pelos maus sentimentos das outras pessoas, uma receita para a baixa autoestima e ansiedade.
2. “O que há de errado com você?”
Esta frase e outras do tipo usam a vergonha para motivar a criança a mudar de comportamento. Tal como acontece com a frase culpabilizante acima, esta frase vexatória enquadra a situação como sendo culpa do seu filho, em vez de reconhecer que todas as situações são um produto complexo de muitos fatores diferentes, incluindo nossas próprias percepções, humores, experiências anteriores e expectativas.
Por exemplo, se você entrar no quarto e descobrir que seu filho de cinco anos de idade acabou de cortar sua camisa favorita em pedaços, você pode ficar tentada a exclamar: “O que há de errado com você?” Em vez disso, lembre-se que, seja qual for a situação, as ações do seu filho são quase sempre uma tentativa de atender alguma necessidade, como obter a sua atenção; ou obter informação (O que acontece se eu fizer X?); ou envolvimento criativo (Preciso de algum tecido para minha colagem).
Além disso, esta frase vexatória diz ao seu filho que ele é falho, e centra a sua atenção sobre o que há de errado com ele, como pessoa, em vez de orientá-lo sobre o que fazer de diferente para criar um resultado mais positivo. Mais uma vez, esta é uma receita para prejudicar o bem-estar.
3. “Eu gostaria mais de você se…”
Esta frase e outras semelhantes usam o medo para motivar a mudança. Ela se baseia na agressão e intimidação. Tenha em mente: um dia seus filhos vão crescer e ser independentes; por isso, se esta é a sua estratégia, um dia ela não será mais eficaz.
Mas o que é mais problemático sobre esta estratégia é que ela ensina as crianças, através da modelagem de comportamento, a conseguirem o que desejam através da agressão e intimidação. Além disso, ao longo do tempo esta frase é suscetível de minar a confiança e o respeito do relacionamento com seus filhos.
Algo em comum
O que cada uma destas três frases problemáticas têm em comum é: elas chamam a atenção para a criança como pessoa, em vez do seu comportamento.
Em quase todas as situações, o problema em questão é o que a criança disse e/ou fez, e isto é o que precisa ser tratado. Usar a vergonha, a culpa ou o medo, acabará sendo um tiro pela culatra, porque essas estratégias não se concentram no problema real (o comportamento) e dão a entender que o problema é o seu filho.
Podemos ensinar às crianças que o comportamento é uma escolha, e enfatizar que elas podem aprender a fazer escolhas melhores. Fazer uma escolha ruim não significa que elas sejam ruins; apenas que cometeram um erro e precisam de mais prática e treinamento para fazerem melhor da próxima vez.
O que fazer?
Então, o que podemos dizer nesses momentos acalorados, a fim de ajudar nossos filhos a mudar de comportamento?
Em suma, foque o seu comportamento de forma explícita. Aqui estão três frases para ajudar você a conseguir isso:
“Eu não gosto desse comportamento.”
“Eu não gosto quando você ____.”
“Quando você ____, sinto-me _____.”
Depois, não se esqueça de explicar por que o comportamento não é normal, e converse sobre o que seu filho poderia fazer da próxima vez.
Por Psiconlinews via Aleteia
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