SANTO DO MÊS
8 DE AGOSTO
SÃO DOMINGOS
FUNDADOR DA ORDEM DOS FRADES PREGADORES
(1175-1221)
“Nele encontrei um homem que seguiu em tudo o modo de vida dos apóstolos, por isso, não tenho nenhuma dúvida de que esteja a eles associado na glória do Céu”: são palavras do Papa Gregório IX no dia da canonização de São Domingos (cf. Liturgia das Horas). Esse era exatamente o ideal de Domingos de Gusmão, reviver com os seus frades a vida dos apóstolos para ser acreditáveis no meio do povo no anúncio da Boa-Nova.
Ele nasceu por volta do ano 1175 em Caleruega, diocese de Osma, província de Burgos (atual Espanha), filho de Félix de Gusmão e da beata Joana de Aza. Até os 14 anos, estudou sob a orientação de um sábio tio sacerdote, depois seguiu o trivium e o quadrivium nas famosas escolas de Palência e depois quatro anos de Teologia. Ainda estudante, durante uma carestia na sua região fundou um albergue para os pobres e por fim chegou até mesmo a vender os seus livros.
DOIS SANTOS À PROCURA DE UMA ESPOSA
Terminados os estudos, passou a fazer parte dos cônegos regulares do cabido da catedral de Osma, onde logo se tornou vice-prior. Quando o seu prior, Diego d’Azebes, bispo de Osma, foi escolhido pelo rei de Castela para uma delicada missão, Domingos precisou acompanhá-lo; assim, ele teve a oportunidade de atravessar duas vezes toda a Europa.
De fato, o rei de Castela, antes de consentir no Matrimônio de seu filho, Fernando, com uma princesa nórdica, de um território próximo da Dinamarca, quis ter certeza de que estava escolhendo certo. Que pessoa era mais adequada para essa missão senão o Bispo Diego, conhecido por sua prudência e santidade?
A viagem, mesmo que fossem guiados por pessoas da corte real, era sempre fatigante, mas, para Domingos foi também uma oportunidade preciosa para conhecer pessoas e culturas. Quando retornou, Diego assegurou ao seu rei que a escolha fora feliz. Prepararam-se, então, para os esponsais e Diego e Domingos puseram-se novamente a caminho para ir ao encontro da noiva.
A ESPOSA DE CRISTO EM PERIGO
Domingos, saindo de sua terra católica, percebeu os dois grandes perigos que a Igreja encontrava na Europa. Na Turíngia (atual Alemanha), pôde ver com os próprios olhos as devastações feitas pelas tropas auxiliares dos cumanos às ordens de Ottocaro da Boêmia; em Languedoc, na França meridional, a população abandonava a fé dos pais para seguir os albigenses e valdenses. Tudo isso acontecia porque os católicos, sobretudo os eclesiásticos e príncipes, não viviam segundo o Evangelho.
Durante a segunda viagem de retorno, enquanto os dois enviados reais traziam com eles a futura rainha, ela adoeceu e morreu. Os dois homens viram nesse acontecimento um sinal de Deus para mudar a situação: mandaram de volta para Castela a comitiva real e eles dois se dirigiram a Roma para pedir ao Papa autorização para pregar os evangelhos aos cumanos.
Inocêncio III, preocupadíssimo com a situação em Languedoc, convidou-os a renunciar ao seu projeto para desenvolver o ministério deles nessa região, ajudando os legados pontifícios. Eles aceitaram, mas, o empreendimento não se apresentava tarefa fácil.
Os legados pontifícios eram cistercienses, animados por boas intenções, entretanto, eram escarnecidos pela população: “Eis montados a cavalo os ministros de um Deus que andava a pé!”. Desanimados pelo fracasso, os pregadores pontifícios estavam a ponto de abandonar o empreendimento.
Diego e Domingos perceberam a causa do insucesso e das justas exigências que levaram o povo a aderir em massa às propostas dos albigenses e dos valdenses. Estava difundida entre as pessoas uma necessidade sincera de retornar a uma vida evangélica mais autêntica que não encontravam mais na estrutura da Igreja oficial, em que o alto clero estava empenhado na procura das riquezas e o baixo clero, pouco instruído, não conseguia ser capaz nem mesmo de ensinar as verdades mais elementares da fé cristã.
O RETORNO ÀS BEM-AVENTURANÇAS
Os dois missionários de Castela, também eles autorizados pelo Papa, empregaram outro estilo de pregação. Não ostentavam seus títulos, não tinham necessidade de cavalgaduras para ir de uma cidade a outra e não se cercavam de uma comitiva de pessoas que os servisse; em vez disso viajavam a pé, sozinhos, viviam de esmolas, pregavam o Evangelho com as palavras simples do povo, sobretudo colocavam em prática o que ensinavam aos outros, convidando todos à conversão. Eles não se sentiam fora da Igreja e reconheciam nos bispos e no Papa os legítimos sucessores dos apóstolos, aos quais prestavam plena obediência, mesmo que exigindo deles a conversão para uma vida mais de acordo com as bem-aventuranças evangélicas.
Também os legados pontifícios, os cistercienses, quando viram que Diego seguia o exemplo de Domingos, não se importando com as honras que se costumava reservar aos bispos, uniram-se aos dois castelhanos, enquanto o Papa Inocêncio III dava a todos eles não só a sua aprovação, mas os autorizava a acolher no seu grupo outros sacerdotes que quisessem se unir à santa pregação.
A palavra deles foi acolhida com gratidão; por onde passavam, acendia-se a esperança, restabelecia-se a paz. Muitos que haviam sido atraídos para as fileiras dos albigenses pelo desejo de uma vida cristã mais empenhada podiam, então, satisfazer as suas exigências sem romper com a tradição.
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