O Evangelho deste domingo “nos fala do perdão“, disse o Papa, citando a pergunta de Pedro a Jesus: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?»
Sete, na Bíblia, é um número que indica completude e, por isso, Pedro é muito generoso nas suposições de sua pergunta. Mas Jesus vai além e lhe responde: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Ele lhe diz, ou seja, que quando se perdoa, não se calcula, que é bom perdoar tudo e sempre!
“Assim como Deus faz conosco, e como é chamado a fazer quem administra o perdão de Deus: perdoar sempre. Digo isso aos sacerdotes, aos confessores: perdoem sempre como Deus perdoa.”
“Jesus ilustra esta realidade através de uma parábola, que sempre tem a ver com números. Um rei, depois de ter sido suplicado, perdoa uma dívida de dez mil talentos a um servo: é um valor exagerado, imenso, que varia de duzentas a quinhentas toneladas de prata! Era uma dívida impossível de saldar, mesmo trabalhando uma vida inteira: mas aquele patrão, que recorda o nosso Pai, a perdoa por pura «compaixão»”, disse Francisco, acrescentando:
“Este é o coração de Deus, perdoa sempre porque Deus é compassivo. Não nos esqueçamos de como é a maneira de Deus: Deus é próximo, compassivo e terno, este é o modo de ser de Deus.”
“Depois, porém”, prosseguiu o Papa, “este servo, a quem a dívida foi perdoada, não mostra nenhuma misericórdia para com um companheiro que lhe deve 100 denários. Essa também é uma grande quantia, equivalente a cerca de três meses de salário – como se dissesse que o perdão entre nós custa, mas nada comparável à quantia precedente, que o patrão tinha perdoado”.
“A mensagem de Jesus é clara: Deus perdoa de forma incalculável, excedendo toda medida. Ele é assim, age por amor e gratuidade. A Deus não se compra, Deus é gratuito, é gratuidade. Não podemos retribuir-lhe, mas quando perdoamos o irmão ou a irmã, o imitamos. Perdoar não é uma boa ação que se pode fazer ou não: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão.”
Segundo Francisco, “cada um de nós, de fato, é um “perdoado” ou “perdoada”: não nos esqueçamos disso, somos perdoados, Deus deu a vida por nós e de modo algum podemos compensar a sua misericórdia, que Ele nunca retira do coração. Entretanto, correspondendo à sua gratuidade, ou seja, perdoando-nos uns aos outros, podemos dar testemunho dele, semeando vida nova ao nosso redor”.
“Fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor, é o caminho para desativar a raiva e curar tantas doenças do coração que contaminam a sociedade.”
A seguir, o Pontífice convidou cada um a se perguntar: “Creio ter recebido de Deus o dom de um perdão imenso? Sinto a alegria de saber que Ele está sempre pronto para me perdoar quando eu caio, mesmo quando os outros não o fazem, mesmo quando nem eu mesmo consigo me perdoar? Ele perdoa: creio que Ele perdoa? E depois: sei, por minha vez, perdoar quem me fez mal?”
A esse propósito, Francisco propôs “um pequeno exercício: cada um de nós pense numa pessoa que nos feriu, e peçamos ao Senhor a força para perdoá-la. E vamos perdoá-la por amor ao Senhor. Queridos irmãos e irmãs, isso nos fará bem, nos restituirá a paz no coração”.
“Que Maria, Mãe da Misericórdia, nos ajude a acolher a graça de Deus e a perdoar-nos uns aos outros”, concluiu.
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