Nas páginas sagradas do Novo Testamento se confirma a tenacidade de Jesus para levar-nos ao Pai. Consequentemente, qualquer pessoa que se considera cristã quer ter um relacionamento mais profundo com o Senhor. A encarnação é possibilidade real a todos aqueles que se encontram de portas abertas para o Senhor.
Esse evento é a grande possibilidade que brotou do amor divino. Por meio dela, Cristo assumiu a nossa condição. Após a ressurreição Ele está em todos os seres humanos, especialmente naqueles que sofrem. Assim, aqueles que desejam encontrá-lo devem fazer uma experiência profunda na vivência em comunidade. A partir dessa perspectiva são acolhidas as palavras de São Mateus, que diz: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40).
O Jesus histórico oferece valiosos e exigentes critérios para a convivência, dos quais destacamos não julgar (Mt 7,1). Propõe-se a nos dizer que, em uma comunidade de irmãos, quem tende a olhar para o cisco no olho do próximo não percebe a trave no seu próprio olho, fato que permite ao mal entrar e prejudicar as relações fraternas. Nesse sentido, também se destaca a regra de ouro vinculada ao tratamento destinado aos outros, que deve ser o mesmo que cada pessoa deseja a si (cf. Mt 7,12).
Jesus orienta, com detalhes, sobre a necessidade do perdão para a convivência real e frutífera. Exorta à correção fraterna quando alguém comete alguma falta. Em Mateus 7,15 há um protocolo a ser seguido para que o amor seja efetivamente em santidade e justiça. Tudo parece indicar que a debilidade humana não é nenhuma novidade e por tal motivo se constata a quantidade de vezes que se deve perdoar (setenta vezes sete) (cf. Mt 18,21). Parafraseando as palavras do Papa Francisco, “Deus não se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”. Nas relações fraternas, conforme os fundamentos cristãos, é preciso “sacudir o pó” com certa frequência, pois o pó é resultado inevitável àqueles que se dispõem a caminhar.
Nos ensinamentos do Mestre se destaca o seguinte: “Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo” (Mt 20,26). Tudo indica que o serviço é, sim, fruto do amor, um amor que nos une ao Pai, ao Filho e aos irmãos por meio do mesmo Espírito. Ao amor de Deus, somente Jesus o aproxima do amor ao próximo (cf. Mt 22,37). O amor incondicional se vê refletido na disposição que Jesus promove ao lavar os pés dos discípulos, dando Ele mesmo o grande exemplo (cf. Jo 13,8). Os reflexos do amor consistem em se desgastar a favor do próximo sem economia de energias, renunciando às próprias comodidades (cf. Lc 9,24).
A belíssima imagem da videira ilustra a unidade comunitária em torno da qual somos chamados a permanecer (cf. Jo 15,4). Estamos ligados ao tronco, que é o mesmo Cristo, os vínculos fraternos se alimentam da seiva misericordiosa e, consequentemente, os irmãos e irmãs também se tornarão misericordiosos, assim como o Pai é misericordioso (cf. Lc 6,36). É assim como Ele se comove e se entristece adiante da morte de um amigo (cf. Jo 11,33), mas deixando claro que a última resposta nascida dos ensinamentos do Senhor gira em torno da festa da ressurreição.
Por Ir. Ângela Cabrera
Texto adaptado da edição de novembro da Revista Ave Maria.
Para ler os conteúdos na íntegra, clique aqui e assine.
Comments0