Durante o mês de março, as diversas comunidades da Província Carmelitana de Santo Elias, em todo o Brasil, realizaram encontros, novenas e tríduos a São José, rezando por todas as pessoas e, sobretudo, por todas as vítimas da Covid-19. Os encontros aconteceram de forma virtual e contaram com a participação de um grande número de fiéis.
José, Pai de Jesus, esposo de Maria e modelo de vida a todos os cristãos
Artigo de Frei Paulo Alves de Oliveira, ocarm
Neste dia 19 de março, em meio a esta realidade triste que enfrentamos, a Igreja celebra a solenidade de um grande santo, São José. Ele passa pelas páginas do evangelho sem dizer uma única palavra, porém Sua Santidade o Papa Francisco dedicou este ano ao Pai de Cristo, de 8 de dezembro de 2020 a 8 de dezembro de 2021. Se infelizmente essa grande solenidade não irá ser celebrada com a grandiosidade com que todos gostaríamos, por outro lado, nos voltarmos para ele, será uma grande oportunidade de amadurecer na fé e de refletir seu silêncio obediente e atento.
No documento Patris Corde, o Papa nos recorda da declaração de São José como Patrono da Igreja, título feito a pedido do beato Pio IX, e mais do que nunca é o momento de ir a José.
São José é também, no Carmelo uma figura de grande importância, pois para cada carmelita, se têm como um grande protetor e principalmente esse fervor entre os carmelitas se deve a Santa Teresa D’Ávila que se esforçou para que esse patrocínio se fizesse presente na Igreja e no Carmelo. Que terá São José a dizer nestes tempos à igreja e ao Carmelo? José foi um homem simples de Nazaré que na simplicidade de sua vida de simples carpinteiro teve graças e honras que nenhum de nós jamais teve, mas ele também teve de passar por grandes tormentos para zelar por seu maior tesouro, Maria e Jesus, sua família.
Os evangelhos de Lucas e Mateus nos trazem os relatos desses primeiros anos da vida de Nosso Senhor e como se deu sua vida com seus pais. Maria já havia recebido a visita do anjo, e estava gravida (Lc 1,38). José, não compreendeu de início o que tinha acontecido a Maria (Mt 1, 18ss). Ele sabia que ela era uma mulher digna, mas o que teria acontecido? Nós, também, muitas vezes não compreendemos os planos de Deus para nossas vidas. Assim, escreve o Papa Francisco em sua carta apostólica Patris Corde: “José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história” (PC 4).
São José nos ensina a dar o “sim” todos os dias, mesmo nas incertezas! Ele aceita a vontade do Senhor e segue em frente. Nosso patrono, teve a alegria de ver o nascimento de Cristo Jesus, o Messias esperado veio ao mundo, mas o mundo o rejeitou (Jo 1, 11). E logo após a visitas dos magos, a família parte em fuga para o Egito! (Mt 2,13ss) José ama sua família e faz tudo por ela. Os pais e mães de família que tanto sofrem nesses dias, podem ver em José o exemplo daquele que tem sua família como seu bem mais precioso e não poupam esforços para lhes proteger.
José era justo, temente a Deus e confiou todas as suas tribulações Àquele que tudo pode. Ele nos ensina que mesmo em meio as trevas, se pode contar com a proteção do Senhor. Lembremos que um rei poderoso e cruel queria matar seu filho recém-nascido, que ele teve que viver como refugiado em terras pagãs, que teve que refazer sua vida! É em Deus que ele encontra forças e vai obediente ao Egito. José e sua família, aqui nos ensinam a confiar em Deus nossas vidas e não temer os que querem matar Jesus em nós. Podemos, estar longe dos templos, mas Deus vai conosco e sempre nos estende a mão. Não nos deixa sós.
Jesus, como todos os filhos deu um pouco que trabalho ao seus pais. Três dias no templo e seus pais sem saber onde Ele estava. Aqui se faz a última referência ao nosso pai. Maria diz que ela e José estavam angustiados a procura de Jesus. Aqui, Jesus revela que seu Pai era Deus. José era aquele a quem ele foi confiado, contudo ele volta obediente (Lc 48ss). A morte do pai adotivo de Jesus não está nos evangelhos, mas sua ausência nas páginas posteriores dos evangelhos, nos leva a crer que ele faleceu antes que Jesus iniciasse seu ministério. Ele morre ladeado por ninguém menos que Jesus e Maria. Por isso é padroeiro da Boa Morte, uma morte em que possamos sim ter Nosso Senhor e Nossa Senhora ao nosso lado.
José ensina-nos a ter fidelidade mesmo em meio a tantas dificuldades, e como devem ter passado dificuldades na pequena Nazaré. Esse ano dedicado ao Patrono da Igreja Universal e de nossa Ordem Carmelitana somos chamados a reconhecer em José o modo de melhor viver nossa pertença a Santa Igreja. Ele foi um pai e esposo exemplar não temeu enfrentar reis, caminhos longos, trabalhos cansativos para que sua Família tivesse seu sustento e proteção.
José é exemplo aos religiosos, pois ninguém mais do que ele viveu em verdadeiro “obséquio de Jesus Cristo” como pede a nossa Regra. José é para toda a Igreja e especialmente aos carmelitas não só o patrono, mas um grande mestre no amor a Cristo. Que esse ano abençoado dedicado ao Pai nutrício de Cristo nos ensine a viver bem o chamado que recebemos e a segui-lo nas pegadas de fidelidade, amor e silêncio que ele nos deixou.
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