Deus, fonte e autor de toda vida, chama homens e mulheres a viverem consagrados a ele segundo o seu desígnio de amor. Este chamado que ecoa nos corações puros e ilumina as retas consciências pela força do espírito santo são causa de alegria e júbilo a toda a Igreja de Cristo.
Por isso, todo ano, no mês de agosto, a igreja católica dedica-se a lembrar as diferentes vocações do povo de Deus.
Neste primeiro domingo celebramos a vocação dos ministérios ordenados, ou seja, daqueles homens que recebem o sacramento da ordem. Buscando o bem do seu corpo, o próprio Cristo cabeça institui na Igreja os diversos ministérios para apascentar e aumentar o povo de Deus. A vocação sacerdotal tem origem divina, ela nasce no coração de Cristo, pois que antes de escolher os seus discípulos “jesus subiu ao monte, chamou os que ele queria, e eles foram para perto dele.
Então escolheu doze homens para ficarem com ele e serem enviados para anunciar o evangelho” (Mc 3, 13-14). Os apóstolos escolhidos foram generosos ao seu convite, respondendo com amor e prontidão, continuando com Ele até o fim, crescendo na santidade de vida. Assim, aqueles que são separados do povo de Deus para a vocação sacerdotal são chamados por Cristo, porque é Cristo mesmo que o queria, para serem feitos apóstolos, para estar junto com Cristo e serem, em seguida, enviados por ele.
A sacralidade da pessoa consagrada a Deus, primeiramente, pelo batismo e depois pela ordenação sacerdotal possui três diferentes graus: o episcopal, o presbiteral e o diaconal. Estes são consagrados para serem, em nome de Cristo, “como a palavra e a graça de Deus, os pastores da igreja”, exercendo e comunicando o poder sagrado que só pode vir de Cristo, pela igreja, a serviço dos irmãos para que todos os que pertencem ao povo de Deus alcancem a verdadeira dignidade cristã, atingindo a plenitude da idade de Cristo sobre a terra e de sua glória no céu.
Assim, no serviço eclesial os ministros ordenados atuam in persona christi capitis pois é o próprio Cristo que está presente em sua igreja, como cabeça do seu corpo, como pastor do seu rebanho, como sumo-sacerdote do sacrifício redentor e mestre da verdade. O exercício desta autoridade é, portanto, regulado pelo modelo que é Cristo que por amor se fez o último e servo de todos. O catecismo da igreja ensina que “a doutrina católica, expressa na liturgia, no magistério e na prática constante da igreja, reconhece que existem dois graus de participação ministerial no sacerdócio de Cristo: o episcopado e o presbiterado. O diaconato destina-se a ajudá-los e a servi-los” (cic §1554).
Com isso, os dois graus são os de participação sacerdotal (episcopado e presbiterado) e o grau do serviço (diaconato), todos três conferidos por um ato sacramental chamado ordenação, ou seja, pelo sacramento da ordem. O grau de participação do episcopado remonta a origem da igreja com sucessão e transmissão dos apóstolos. Estes são os bispos.
A sua consagração confere a plenitude do sacramento da ordem. Para desempenhar a sua sublime missão, de santificar, de ensinar e de governar “os apóstolos foram enriquecidos por Cristo com uma efusão especial do espírito santo, que sobre eles desceu: e pela imposição das mãos eles próprios transmitiram aos seus colaboradores este dom espiritual que foi transmitido até aos nossos dias através da consagração episcopal” (lg 21). Ordem do presbiterado é exercida dentro da hierarquia da igreja como cooperadores da ordem episcopal para o desempenho perfeito da missão
Apostólica confiada por Cristo. Seu ofício, enquanto unido à ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o seu povo. Embora não possuam o pontificado supremo e dependam dos bispos no exercício do próprio poder, estão unidos na honra do sacerdócio; e também são consagrados, à imagem de Cristo, sumo e eterno sacerdote, na pregação do evangelho, no pastoreio dos fiéis e na celebração do culto divino como verdadeiros sacerdotes da nova e eterna aliança. É no culto eucarístico que se exerce, por excelência, o seu múnus sagrado.
Agindo na pessoa de Cristo e proclamando o seu mistério, apresenta e unem as preces dos fiéis ao sacrifício único do calvário, tornam-no presente no hoje e aplicando-o até à vinda do senhor. É deste sacrifício único que todo o seu ministério tira a própria força.
Neste sentido, por ser essência da vocação do sacerdote ser intermediário entre Deus e os homens, a busca de sua união a Cristo e sua íntima amizade com o senhor é de vital importância o que evita, assim, transformar sua vocação a um funcionário do sagrado. Esta intimidade pressupõe uma profunda vida de oração. Pois o sacerdote como alguém que é tirado do meio do povo e o representa em sua relação com Deus, apresentando lhe todas as nossas orações, recebe, igualmente, de Deus as instruções para como melhor instruir, conduzir e santificar a parcela do povo de Deus que lhe foi confiado. Portanto, em sua vocação o sacerdote tem, a semelhança de Cristo, que ser mestre na oração e na intimidade com Deus para poder continuar sobre a terra a obra da redenção de nosso senhor Jesus Cristo.
O grau do diaconato é conferido em vista do serviço. O sacramento da ordem marca-o com um selo que ninguém pode fazer desaparecer e que o configura com Cristo, que se fez o servo de todos. Entre outros serviços dos quais lhe é conferido são os de assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo na santa eucaristia, distribuí-la, assistir ao matrimónio e abençoá-lo, proclamar o evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar- se aos diversos serviços da caridade
Por: Frei João Afonso Miranda Dias, O.Carm.
Juniorista, estudante de Teologia do Convento do Carmo de SP
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