De 7 a 9 de dezembro, a Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Itu (SP), promove a 7° Semana Carmelitana, que tem como tema “A meditação cristã”. Os encontros estão sendo ministrados pelo Prior Provincial, Frei Adailson dos Santos, O.Carm.
No primeiro dia, Frei Adailson falou acerca da necessidade das pessoas de silêncio, recolhimento e meditação.
“Em muitos cristãos do nosso tempo manifesta-se vivo o desejo de aprender a orar de modo autêntico e profundo, por contas das dificuldades que a cultura moderna impõe. O interesse por algumas religiões orientais com os seus modos peculiares de oração têm sido um sinal notável desta necessidade de recolhimento espiritual e de um profundo contato com o mistério divino. Mas, perante este fenômeno, precisamos estar atento à luz da verdade revelada em Jesus”.
Neste ponto, ele explica que é Bíblia que ensina o homem como rezar.
“No Antigo Testamento, existe uma maravilhosa coleção de orações, a qual se conservou viva através dos séculos também na Igreja de Jesus Cristo, em que se tornou a base de oração oficial: o Livro dos Salmos. As orações do Livro dos Salmos narram as grandes obras de Deus em favor do povo eleito. Israel medita, contempla e torna presentes as maravilhas de Deus, relembrando-as por meio da oração”.
Frei Adailson explica ainda que para rezar é preciso renunciar.
“O vazio de que Deus precisa é da renúncia ao próprio egoísmo, não necessariamente da renúncia às coisas criadas que Ele nos deu e no meio das quais nos colocou. Na oração nos devemos concentrar inteiramente em Deus e afastar o mais possível aquelas coisas deste mundo que nos prendem ao nosso egoísmo. Santo Agostinho é um mestre sobre este ponto: se queres encontrar a Deus — diz —, abandona o mundo exterior e entra em ti mesmo.”
Ele fala ainda sobre o que é a oração e explica as condições indispensáveis para uma boa oração:
“A oração, encontro entre Deus e o ser humano: encontro que acontece no fundo da alma, lá onde a Bíblia chama de “coração”. Neste coração está o centro de nossa vida religiosa. É ali que Deus mora, e é desta profundidade do espírito que Deus fala. Mas não se pode escutar esta Palavra de Deus. O encontro se torna impossível quando uma multidão turbulenta de diferentes pensamentos e sentimentos, de afetos e desejos… se aglomeram no coração. É necessário sossego, silêncio, liberdade interior. A pureza de coração mesmo. Um só apego humano pode obscurecer a nossa visão ou encontro com Deus: aqui está a raiz de toda a oração precisamos ser capazes de colocar Deus acima de tudo e de todos. A oração do cristão é essencialmente oração de Cristo. A oração, no seu conteúdo genérico, é a vivência de uma relação pessoal e verdadeira entre o ser humano e Deus.”
Veja as seis condições:
1 – Solidão
Disse São Gregório que a solidão é a melhor condição para a oração, porque nos distancia dos ruídos do mundo, dos fazeres ordinários, do trabalho estressante, e nos dá silêncio e recolhimento, nos dispõe à escuta.
2- Silêncio
O silêncio e a solidão são um irmão e uma irmã que se dão pela mão peara ajudar-se mutualmente. P.Miguel de Santo Agostinho diz: “Todos sabemos que o silêncio é indispensável à vida interior e mística”.
3 – O Deserto
Hoje estamos redescobrindo o “deserto” como o lugar da experiência com Deus. Mas as pessoas também o buscam como lugar para sair da cidade e ali permanecer na solidão, conversando frente à frente com Deus.
4 – Humildade, desprendimento, em constante oração
São estas as condições prévias à oração segundo Santa Teresa: “todo o bem da oração fundamenta-se na humildade”. Assim também a alma, para viver bem a oração deve desapegar-se a todo custo e completamente de todas as coisas
5 – Importância do corpo e dos gestos na oração
“Jesus prostrou-se por terra e orava” (Mc 14,35), “Jesus foi à montanha para rezar” (Lc 6,12), “se retirava em um lugar deserto e ali rezava” (Mc 1,35), “passou a noite em oração” (Lc 6,12), “se prostrou com o rosto por terra e rezava”(Mt 26,39). Se Jesus deu tanta importância ao lugar e ao tempo para fazer sua oração, assim como ao corpo e às suas posições, significa que é bom e necessário cultivar atitudes e preparar condições apropriadas para rezar melhor.
6 – A respiração na oração
Todos os mestres orientais insistem na utilidade de controlar a respiração para produzir um profundo recolhimento. É uma técnica que os Padres do deserto também usam. É uma técnica a ser redescoberta hoje. É necessário adotar uma postura que nos permita uma respiração regular e profunda, como por exemplo: ajoelhar-se com as costas perfeitamente retas, os ombros para trás, os braços relaxados ao longo do corpo, ou ainda, sentar-se sobre um banquinho sem encosto que permita ter o peito perfeitamente ereto. Se a respiração é regular e profunda, a concentração é mais fácil.
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