É assim, com simplicidade, que Jesus nos doa o maior dos sacramentos. É um gesto humilde de dom, um gesto de partilha. No auge de sua vida, ele não distribui pão em abundância para alimentar as multidões, mas se parte na ceia pascal com os discípulos. Desta forma, Jesus nos mostra que o objetivo da vida é doar-se, que a maior coisa é servir. E hoje encontramos a grandeza de Deus num pedaço de Pão, numa fragilidade que transborda amor, transborda partilha. Fragilidade é exatamente a palavra que eu gostaria de sublinhar. Jesus se torna frágil como o pão que se parte e se esmigalha. Mas é ali que está a sua força, na fragilidade. Na Eucaristia a fragilidade é força: força do amor que se faz pequeno para ser acolhido e não temido; força do amor que se parte e se divide para nutrir e dar vida; força do amor que se fragmenta para nos reunir na unidade.
Segundo o Papa Francisco, “há outra força que se destaca na fragilidade da Eucaristia: a força de amar quem erra. É na noite em que ele é traído que Jesus nos dá o Pão da Vida”.
Ele nos doa o maior presente enquanto sente em seu coração o abismo mais profundo: o discípulo que come com ele, que imerge o bocado no mesmo prato, o está traindo. E a traição é a maior dor para quem ama. E o que Jesus faz? Ele reage ao mal com um bem maior. Ele responde ao “não” de Judas com o “sim” da misericórdia. Não castiga o pecador, mas doa sua vida por ele, paga por ele. Quando recebemos a Eucaristia, Jesus faz o mesmo conosco: nos conhece, sabe que somos pecadores e sabe que erramos muito, mas não renuncia a unir sua vida à nossa. Ele sabe que precisamos, porque a Eucaristia não é o prêmio dos santos, mas o Pão dos pecadores. Por isso, nos exorta: Não tenham medo. “Tomai e comei”.
Francisco disse que “cada vez que recebemos o Pão da vida, Jesus vem para dar um novo sentido às nossas fragilidades. Ele nos lembra que, aos seus olhos, somos mais preciosos do que pensamos. Ele nos diz que fica feliz se partilhamos nossas fragilidades com Ele. Ele nos repete que sua misericórdia não tem medo de nossas misérias. A misericórdia de Jesus não tem medo de nossas misérias”. E acrescentou:
E acima de tudo, nos cura com amor daquelas fragilidades que não podemos nos curar sozinhos. Quais fragilidade? Pensemos! A de sentir ressentimento por quem nos fez mal, dessa não podemos nos curar sozinhos; de nos distanciarmos dos outros e nos isolarmos em nós mesmos; também dessa não podemos nos curar sozinhos; a de ficarmos tristes, chorando e lamentando sem encontrar a paz, também dessa não podemos nos curar sozinhos. É ele quem nos cura com a sua presença, com o seu pão, com a Eucaristia.
“A Eucaristia é um remédio eficaz contra esses fechamentos. O Pão da Vida, na verdade, cura a rigidez e a transforma em docilidade. A Eucaristia cura porque nos une a Jesus: nos faz assimilar seu modo de viver, sua capacidade de partir-se e doar-se a seus irmãos e irmãs, de responder ao mal com o bem. Nos doa a coragem de sair de nós mesmos e de nos inclinarmos com amor para a fragilidade dos outros. Como Deus faz conosco. Esta é a lógica da Eucaristia: recebemos Jesus que nos ama e cura nossas fragilidades para amar os outros e ajudá-los nas suas fragilidades”, disse ainda o Papa.
Segundo Francisco, isso é feito durante a vida toda. O Pontífice recordou um hino rezado na Liturgia das Horas deste domingo.
“Quatro versos que resumem toda a vida de Jesus. Eles nos dizem que quando Jesus nasceu, tornou-se um companheiro de viagem na vida. Depois, na ceia, doou-se como alimento. A seguir, na cruz, com sua morte, se fez um preço: pagou por nós. E agora, reinando no céu é o nosso prêmio, ao qual buscamos. Que a Virgem Santa, na qual Deus se fez carne, nos ajude a acolher com coração agradecido o dom da Eucaristia e a fazer também de nossa vida um dom. Que a Eucaristia faça de nós um dom para todos”, concluiu.
Muitos estão participando da comunhão indignamente, não se confessam mais, não se preparam devidamente para o dom e a força que cada comunhão traz em si. Outros frequentam a igreja trajando roupas muito decotadas, bermudas ou outros trajes que não condizem com o momento que estamos vivendo: a Santa Missa.
Os que vivem com intensidade, zelo e profundidade cada Eucaristia experimentam, no corpo e na alma, as graças do momento sublime, único e eterno de cada Missa. Porém, São Paulo diz aos relaxados, aos que não dão o devido valor ao mistério do qual participam: “É por isso que há entre vós muitos enfermos e doentes, e não poucos têm morrido” (1 Cor 11,30).
A Eucaristia é fonte de milagres, sinais e prodígios! Por isso, ainda é tempo de nos autoavaliarmos sobre a nossa participação no Santo Sacrifício da Missa e usufruirmos de toda bênção que cada Eucaristia pode nos oferecer.
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