A VIDA DO CRISTÃO
1 – Devemos ver Deus como a base fundamental do nosso ser. Esta base está escondida na profunda intimidade de nossa natureza.
2 – Inefável alegria pelo seu amor incompreensível, ao fazer-se homem ele, o Deus eterno. Homem igual a nós em tudo, em completa dependência das criaturas, tão pequeno, tão insignificante, tão desprovido de tudo, que, nós nem de imaginarmos somos capazes… “Deus escondido” (Is. 55,15). E de admirar a sabedoria divina. Que contraste com nossas ânsias de publicidade e de glória!
3 – Jesus anda buscando um lugar onde nascer e a duras penas pretende achar um estábulo. O que é que Jesus encontra em nós?
4 – É preciso sentirmo-nos felizes na presença de Deus. Exercitarmo-nos frequentemente nesta atitude. Buscar a Jesus com Maria e José. Eles souberam encontrá-lo, poderão ensinar- nos o caminho…
5 – Quem não vê a manifestação do Espírito Santo na Igreja não entende bem a essência da mesma Igreja. Conhecer esta realidade é a mais segura garantia de prosperidade da Igreja.
6 – A Igreja, em seu apostolado salvador, não conhece distinção de sexo, de raça ou de povo.
7 – Nenhuma das criaturas participou em tão estreita união com Jesus Cristo como Maria… Devemos reconhecer que somos seus filhos, porque Cristo, seu filho, é nosso irmão e porque ela nos deve ensinar como conceder a Cristo, levá-lo em nós e fazê-lo nascer em nós.
8 – A missa é a melhor parte do dia.
9 – Tudo o que for bom devemos fazer.
10 – Nossa bondade deve ser proverbial e percebida por todos. Devemos buscar continuamente o modo de ajudar aos demais. Onde existir boa vontade, existirá, sem dúvida, um caminho.
11 – Nossa missão não é realmente fazer grandes coisas, mas fazer com grandeza as coisas pequenas.
VIDA DO CARMELITA
12 – Nós ansiamos reconquistar a Terra Santa para Jesus Cristo, que outrora foi sua. Não é precisamente aquela terra de além mares; mas a terra santa da nossa alma, o jardim do nosso coração, que em outros tempos foi consagrado a Jesus e que pertence a ele; por causa de nossa frieza e de nossa tibieza, foi invadido por um sem número de inimigos da cruz de Cristo, sufocado pelas ervas daninhas até que deixou de ser o ameno jardim no qual o Senhor põe suas complacências. Oxalá nos animasse o mesmo entusiasmo que impulsionava os Cruzados, pondo-nos eternamente ao serviço de seu ideal, depois de havermos abandonado tudo!
13 – Nós estamos em contemplação continua de Deus e o adoramos não só em nosso próprio ser mas também em tudo o que existe: antes de tudo no próximo, depois também na natureza, no cosmos, presente em tudo, que ele penetra com a obra de suas mãos.
14 – Ao observarmos de cima do Carmelo, vê-se que seus ramos se unem nas pontas; e, apesar da separação que existe no tronco, seus dois braços (Carmelitas e Carmelitas Descalços) enterneciam suas folhas e suas flores, sem que se possa distinguir quais pertencem a um ou a outro.
O cego cantor de Rennes (França), venerável Joao de São Sansão, não deixa escutar uma melodia diferente daquela do inspirado cantor preso no Carmelo de Toledo (São João da Cruz), porque ambos repetem o que a “Instituição dos Primeiros Monges” havia inculcado nos carmelitas desde os primeiros séculos, a saber: que todo carmelita, Irmão ou Irmã de Nossa Senhora do Monte Carmelo, para ser fiel à sua vocação, deve esforçar-se por chegar, através do deserto desta vida, até o Monte Horeb da visão de Deus, confortados com o Manjar divino que lhe é dado no Altar.
15 – A imitação de Elias e a devoção á Santíssima Virgem tem sido desde o começo os dois elementos específicos da espiritualidade do Carmelo.
Sempre se inculcou nos carmelitas o dever de imitar estes dois modelos: Elias e Maria. Os filhos de Elias e os Irmãos de Maria.
É daí que nasce para o Carmelo sua orientação mística.
16 – Toca a nós, carmelitas, pensar de uma maneira especial na Virgem Maria. É nossa vocação.
17 – Por um desígnio especial da divina Providência, a Ordem dos Carmelitas receberia assim, desde suas origens, este segundo selo: a devoção totalmente especial á Santíssima Virgem.
18 – Maria não pode ser uma realidade externa do carmelita. O carmelita deve viver uma vida tão parecida com a de Maria, que viva com, em, para e por Maria.
19 – A grande devoção carmelitana a Maria se harmoniza perfeitamente com os amplos temas espirituais de devoção moderna, tais como a imitação de Cristo, a meditação da vida, paixão e morte do Salvador…
20 – A vida em comunidade me é indispensável para enquadrar o resto da caminhada.
21 – Nenhum trabalho, por maior que seja, contribuir tanto para o desenvolvimento da Ordem se por isso se diminui a oração comunitária. Alguns, é verdade, podem e devem ser dispensados, porém não é desejável que se torne uma norma geral. Só há um motivo para a dispensa: a impossibilidade física de participar dos atos comuns. Os demais trabalhos podem ser mais urgentes, porém dificilmente mais nobres.
22 – Para o Carmelo, a máxima perfeição seria a consagração completa á contemplação; que não se deve interromper senão por necessidade, somente quando é preciso ir aos homens e falar-lhes de Deus. Somente a caridade com o próximo ou a obediência podem ser motivos suficientes para “abandonar Deus por causa de Deus”.
23 – Sem dúvida é necessário pregar, estudar, trabalhar; mas pelos inconvenientes que traz consigo a vida exterior, é necessário que os jovens se exercitem no que constitui o objeto principal de sua vocação e se arraiguem solidamente na prática da meditação e da contemplação.
24 – “A oração é a melhor parte dos carmelitas”, os carmelitas devem olhar a vida contemplativa como um tesouro, sem que lhes sirva de obstáculo á vida ativa.
25 – A oração como observância não é um oásis no deserto da vida; é toda a vida. Durante as horas de meditação, nós preparamos o alimento que nos sustenta durante todo o dia, fazendo continua a nossa oração.
26 – A leitura da Sagrada Escritura, que é a Lei do Senhor, deve encher-nos de alegria espiritual, especialmente ao mostrar-nos que Deus habita em nós pela graça e que podemos avançar animados pelo puro amor de Deus e pela alegria que nos causa nossa eleição observada de um ponto de vista muito diferente que o de nossas estritas obrigações.
27 Elias, sustentado por um alimento celestial, chegou nesta vida a visão de Deus.
Confortado pela Eucaristia o carmelita se esforça por atravessar o deserto deste mundo, para atingir o Monte Horeb da contemplação.
Ainda que a tarefa seja árdua, o carmelita deseja e procura seguir seu Pai até ali. Realizar este ideal é impossível sem um dom gratuito de Deus.
Porém isto não é senão um atrativo para ter em maior conta a sua vocação e a de toda a Ordem. Uma exortação que os incita a remover todo obstáculo que os faça indignos deste desígnio que Deus traçou para eles.
28 – Os carmelitas sempre viram um símbolo da Hóstia Santa na comida que o anjo ofereceu ao profeta, nosso pai Santo Elias (1. Rs. 19,4ss). A qual de tal modo confortou ao profeta, que ele pode atravessar o deserto e chegarão Monte Horeb.
A regra dos carmelitas prescreve a participação diária á santa missa e a construção do oratório no meio das celas (capítulo X).
A Eucaristia é a força que os permite chegar á contemplação.
29 “Elias subiu ao cimo do Carmelo” (1 Rs 18,42). Depois de haver perdido de vista a Deus no torvelinho do mundo, é necessário buscá-lo na solidão da cela, do claustro. Maria e José foram encontrar Jesus no Templo.
30 – Nossa presença como religiosos deve ser em todas as partes motivo de festa, de alegria, de consolo para todos. Há que fazer todas as coisas para alegrar os demais. União de uns com os outros. Interessar-nos uns pelas coisas dos outros…
CONVERSA NA PRISÃO
31 – Enquanto tratavam de sua transferência da prisão de Kleve, escreveu a seu irmão Henrique: “Eu pus tudo nas mãos de São José que levou a Virgem e o Menino Jesus até o Egito. Como Jesus e a Virgem, eu me confio em sua poderosa proteção. Une-te ás minhas orações”.
32 – “Para mim foi um grande privilégio no dia 17 de maio ter podido assistir á Santa Missa e no primeiro e segundo dia depois de Pentecostes receber Jesus na Eucaristia, depois de mais de quatro meses…”. Escrito na prisão de Kleve.
33 – “Rezemos o rosário pelos que nos perseguem e torturam” – dizia ao irmão Rafael (carmelita) no campo de concentração de Dachau.
34 – “Se puderes, alguma vez, obter uma Hóstia Sagrada, traze-ma. A ti não te registrarão tão facilmente”.
35 – “Estou acordado desde as duas da manhã, porém estou multo contente de ter podido passar a noite toda velando junto a Nosso Senhor”
– dizia ao Irmão Rafael, mostrando a Sagrada Hóstia que escondia no estojo de seus óculos.
36 – “Irmão, permanece em adoração todo o dia, como um São Tarcísio, e recorda sempre Aquele que levas contigo”, ao irmão Rafael, ao dar-lhe com grande sigilo a Sagrada Comunhão.
37 – Orava pelos seus carrascos. Dizia a seus companheiros: “Precisamente porque não são bons, segundo dizeis, é que deveis rezar mais por eles… Bom, não é necessário que rezeis muito. Um pouco já seria suficiente”.
38 – Falando daqueles soldados brutos que tão barbaramente, o martirizaram, disse: “Me inspiram tanta compaixão que não posso desejar lhes mal algum. Quem sabe? Quiçá ainda eles venham a ter algum sentimento bom”.
39 – Pobre mulher, eu rezarei por você… Ainda que não saiba rezar poderá dizer pelo menos: “Rogai por nós, pecadores…” – Assim disse á enfermeira que, por ordem do médico, lhe injetou a mortífera injeção de ácido fênico.
O JORNALISTA
40 – Nós, jornalistas católicos, devemos ter presente em primeiro lugar que nossa atuação deve ser construtiva, positiva. Esse é o caminho querido por Deus para trabalhar pela causa católica. Em segundo lugar devemos ter em grande conta a caridade como desejo do Senhor. O amor deve resplandecer no tom pacífico da imprensa católica.
41 – A imprensa. depois dos templos, é o primeiro púlpito para ensinar a verdade. É a força da palavra contra a violência das armas.
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