Há quase 60 anos, a Campanha da Fraternidade propõe reflexões que iluminam a prática da Fé do povo brasileiro. Na quarta-feira, 2, foi lançada a Campanha da Fraternidade 2022. Este ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil faz uma referência especial às famílias e educadores responsáveis pela formação de uma nova sociedade. Nesta edição, o tema é “Fraternidade e Educação”, com base no lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”. O Papa Francisco enviou mensagem, apresentada na abertura da solenidade.
Para a CNBB, “a educação é o pilar da paz e, por isso mesmo, precisa receber sempre mais investimento significativo de todos, governantes, empreendedores, instituições, segmentos todos”. A celebração foi presidida pelo bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e secretário-geral da Conferência, dom Joel Portella Amado, com exibição de um vídeo com pronunciamentos dos membros da presidência da CNBB e convidados.
O secretário geral da CNBB salientou que “é preciso olhar a realidade da educação, buscar seus fundamentos e seus objetivos mais profundos para que em todas as situações da vida se possa falar com sabedoria e ensinar com amor”. “Cheguemos à Páscoa do Senhor com o coração transformado, um coração que trabalha para o mundo, uma sociedade de paz, de justiça social, fraternidade bem comum, amor e fé”, destacou dom Joel Portella Amado.
A Campanha da Fraternidade de 2022 convida a promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.
Objetivos Específicos deste ano:
1. Analisar o contexto da educação na cultura atual, e seus desafios potencializados pela pandemia.
2. Verificar o impacto das políticas públicas na educação.
3. Identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã em vista de uma educação humanizadora na perspectiva do Reino de Deus.
4. Pensar o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino.
5. Incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum.
6. Estimular a organização do serviço pastoral junto a escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, em especial das instituições católicas de ensino.
7. Promover uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.
Eis o texto integral:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Ao iniciarmos a caminhada quaresmal de conversão rumo à celebração do Mistério Pascal de Cristo, nos dispomos a ouvir o chamado de Deus que deseja conduzir-nos, através das práticas penitenciais do jejum, da esmola e da oração, ao encontro pessoal e renovador com o Ressuscitado, em quem temos a verdadeira vida e do qual devemos ser fiéis testemunhas.
Para auxiliar os fiéis nesse percurso de encontro, a Igreja no Brasil propõe à reflexão de todos, na Campanha da Fraternidade deste ano, o importante tema da relação entre “Fraternidade e Educação”, fundamental para a valorização do ser humano em sua integralidade, evitando a “cultura do descarte” – que coloca os mais vulneráveis à margem da sociedade – e despertando-o para a importância do cuidado da criação.
Efetivamente, ao olhar para a sociedade hodierna, percebe-se de maneira muito clara a urgência em adotar ações transformadoras no âmbito educativo a fim de que tenhamos uma educação promotora da fraternidade universal e do humanismo integral, como recordado no convite para um Pacto Educativo Global: “Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna” (Mensagem, 12/09/19).
Ao mesmo tempo que se reconhece e valoriza a responsabilidade dos governos na tarefa de auxiliar as famílias na educação dos filhos, garantindo a todos o acesso à escola, deve-se igualmente reconhecer e valorizar a importante missão da Igreja no âmbito educativo: “As religiões sempre tiveram uma relação estreita com a educação, acompanhando as atividades religiosas com as educativas, escolares e acadêmicas. Como no passado, também hoje queremos, com a sabedoria e a humanidade das nossas tradições religiosas, ser estímulo para uma renovada ação educativa que possa fazer crescer no mundo a fraternidade universal” (Discurso, 5/10/21).
Desejo de todo o coração que a escolha do tema “Fraternidade e Educação” torne-se causa de grande esperança em cada comunidade eclesial e de efetiva renovação nas escolas e universidades católicas, a fim de que, tendo como modelo de seu projeto pedagógico a Cristo, transmitam a sabedoria educando com amor, tornando-se assim modelos desta formação integral para as demais instituições educativas.
Desejo igualmente, queridos irmãos e irmãs, que o itinerário quaresmal, iluminado pela reflexão proposta, seja ocasião de verdadeira conversão e que as sementes lançadas ao longo deste caminho encontrem nos corações dos fiéis a boa terra onde possam frutificar em ações concretas a favor de uma educação integral e de qualidade.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham por uma educação mais fraterna, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
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