A liturgia do Segundo Domingo da Quaresma nos propõe viver a Aliança de Amor com Deus. A quaresma é o tempo propício para experimentar o amor de Deus para conosco e também uma forma de fortalecer nossa intimidade com Nosso Salvador. A liturgia nos apresenta o livro dos Gêneses (15, 5 -12. 17-18) que nos traz o testemunho de Abraão, nosso pai na fé. Enriquecendo-nos temos a carta de Paulo Apóstolo aos Felipenses (3, 20 – 4,1) e para nos auxiliar em nossa conversão ou transformação temos o evangelista São Lucas que nos narra a Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo.
As leituras desse segundo domingo nos falam sobre a nossa transformação mediante a escuta da Palavra de Deus. Acolher o Cristo que vem ao nosso encontro nos mostra que devemos nos entregar e acreditar na providência de Deus. Nessa caminhada quaresmal nos é apresentado à figura de Abraão, aquele que se coloca a caminhar conforme a voz de Deus. A figura de Abraão, nos antecipa a importância do sacrifício que Cristo irá realiza, isto é, no novilho que será sacrificado vemos o Cristo que se entrega e transforma a realidade presente e ao mesmo tempo vemos a obediência e cumprimento da missão.
Nesse caminho compreendemos o evento da Transfiguração que o evangelista são Lucas relata e que nos diz da importância de transformamos o nosso ser – sermos cada vez mais configurados ao nosso mestre. Sermos novas criaturas em Cristo, somos transformados pela graça divina e conduzidos pelo Espírito Santo. O relato da Transfiguração narra um Jesus glorificado e ladeado do profeta Elias e de Moises, ou seja, a glorificação está na confirmação que Cristo é o Filho de Deus e que a profecia foi cumprida e que a Lei se torna plena no Verbo Encarnado. A presença do profeta Elias e Moises é o resgate da lembrança da verdadeira Aliança. Deus que muito nos ama vem ao nosso encontro e nos apresenta o caminho a ser vivido, isto é, o caminho da humanidade é a conversão e a busca pela eternidade no Reino dos Céus.
A liturgia ao apresentar Abraão, Elias e Moises nos transmite a mensagem que devemos confiar em Deus, somos transformados pela fé Naquele que nos criou. A nossa humanidade e nossas limitações são transformadas quando assumimos a missão que nos é oferecida – aceitamos o nosso chamado de sermos anunciadores. Abraão nos ensina a viver a fé numa liberdade e fidelidade, vivemos não conforme nossas vontades e projetos pessoais, mas conforme a projeto de Deus que é o Reino Celeste. Profeta Elias nos ensina que a fraqueza humana é transformada pela ação de Deus e que a esperança humana está na suave presença de Deus; o que professamos é o que foi experienciado da nossa relação com Sumo Bem. E Moises nos ensina que devemos caminhar constantemente nas estradas do Senhor, que a Lei do Altíssimo nos traz vida e paz que são reveladas em nossas ações – vivemos a Lei de Deus em favor da humanidade e da caridade fraterna.
Aprofundando nessa caminhada quaresmal, temos os ensinamentos de Paulo Apostolo que nos fala da experiência de intimidade que devemos realizar com Deus, pois a relação de proximidade e amizade com Deus se dá na escuta, no acolhimento, na caminhada com aquilo que nos foi revelado em Cristo. O nosso ser deve está inteiramente voltado para Deus – essa entrega se realiza diariamente com nossa transformação e com a nossa vida voltada para o Evangelho. O Apostolo Paulo nos alerta que devemos está em oração constante, para que possamos identificar o caminho que nos leva para o Céu, devemos ter cuidado com as distrações e com as sombras que o mundo pode oferecer. Caminhamos conforme Cristo que está a nossa frente e que é caminho – caminho é a Cruz. Pela Cruz entendemos que somos filhos e filhas amados de Deus e que esse caminho nos conduz a vida eterna.
A humanidade é convidada a viver a Aliança com Deus por meio do nosso intermediador – Cristo. Jesus é aquele que redime a humanidade, leva-nos a uma caminhada, pois é um percurso constante em nossa vida de acolher o amor e o Reino de Deus. A Aliança é uma celebração constante e pela Eucaristia celebramos a nossa Salvação – nos fortalecendo com o Corpo e Sangue de Jesus que nos foi oferecido para continuarmos o discipulado como anunciadores da Boa-Nova. A celebração dos ritos é o elo entre a nossa humanidade e a divindade – Deus vem ao nosso encontro e nós buscamos está na presença do Altíssimo; acolhemos a sua Palavra e somos nutridos pela verdadeira sabedoria para vivermos conforme os desígnios divinos.
Esse segundo domingo da quaresma nos faz compreender o mistério da Cruz de Cristo que é o cumprimento da Profecia e da Lei. A humanidade por vezes estava (está) com o coração endurecido e não acolhem o Redentor e por vezes não compreendem o sentido da Lei e usurpam a sua mensagem de paz, amor, justiça, misericórdia – dignidade humana. A liturgia nos leva a entender que a Aliança de Amor é como um braseiro fumegante – é eterna. Por ser uma relação não pode se reduzir a ritos superficiais, mas deve ser uma celebração constante e que seja fiel ao Evangelho. Devemos caminhar conforme a Profecia e a Lei de Deus, isto é, caminhar conforme o Evangelho.
Sabemos que somos cidadãos do céu como nos diz Paulo Apóstolo e por isso a cena da Transfiguração é sublime, pois resgata toda a caminhada do povo de Deus do Antigo Testamento e traz a esperança pela Salvação que é buscar as coisas eternas e a verdadeira pátria que é o Céu. Os discípulos de Jesus, Pedro, João e Tiago representam a humanidade, mas podemos dizer que são o reflexo da Igreja, do Discipulado e do Anúncio da Boa Nova. A cena da Transfiguração nos mostra que a Igreja é testemunha da glorificação de Jesus, somos testemunhas da Ressurreição e como discípulos somos íntimos de Cristo, somos chamados a participar do baquete celestial e ainda somos anunciadores da Boa Nova que é proclamar que Cristo é o Senhor de nossas vidas.
Portanto, esse segundo domingo da quaresma nos convida a vivermos a Aliança com Deus. Aliança que nos resgata constantemente e nos leva a viver a experiência de discipulado. Somos discípulos do Amor. Vivemos conforme a promessa da intimidade e amizade que se traduz na construção do Reino de Deus que se torna realidade no anúncio da Palavra, na vivência dos mandamentos de Deus que se traduzem na fé fortificada pela relação com Aquele que nos traz a esperança da vida eterna. E por sermos amigos e discípulos vivemos a caridade que é o serviço ao próximo, colocar em prática o Evangelho – Aliança.
TEXTO POR FREI RENÊ VILELA, O.CARM.
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