Quando somos fracos na fé e desistimos dos nossos objetivos nos fechando em nosso mundinho, não é o Espírito Santo que está do nosso lado, porque Ele nos concede o Dom da Fortaleza nos proporcionando coragem, foco e disposição para caminhar. Com este Dom vencemos os medos, as síndromes e depressão causada pela pandemia, o desemprego, a violência e o tráfico em nossos morros. Com este Dom, somos capazes de sermos fiéis à vida cristã neste mundo da relatividade, da mundanidade, do consumismo e do tudo pode em nome do prazer, do poder e do ter.
Quando nós nos fechamos em nossas ideias e conceitos e não nos abrimos para a vontade da Boa Nova, não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom da Sabedoria que nos adentra na mensagem revelada no Santo Evangelho e nos ajuda a compreender melhor a nossa fé e os acontecimentos da vida que, segundo o santo Carmelita, São Tito Brandsma, nos faz “ver o mundo com Deus no fundo”.
Quando negamos a ação do Espírito Santo na vida dos cientistas no combate a pandemia do novo coronavírus, seja através de uma crítica ou mesmo do nosso não à vacina, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos concede o Dom da Ciência, e com este podemos aprimorar a nossa inteligência para crescermos na devesa da vida e da nossa própria fé, afinal, fomos criados para Deus e, segundo Santo Agostinho, “Só N`Ele podemos descansar”.
Quando somos motivos de divisão, seja por questões religiosa, política ou social e fugimos da missão de conselheiros na família, não é o Espírito Santo que está conosco, por que Ele nos deu o Dom do Conselho, com este Dom, somos capazes de sair de cima do muro por que “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora […]” (Ecl 3, 1-8). Ou seja, é o Espírito Santo que vai nos inspirará a dizer sim ou não na hora certa.
Quando desprezamos o nosso próximo porque é analfabeto e por não ter tido as mesmas oportunidades que nós- seja de frequentar ou boa Escola ou faculdade- não é o Espírito Santo, por que Ele nos concede o Dom do entendimento para compreender as verdades reveladas por Deus. Esse dom, Santa Teresinha do Menino Jesus, Carmelita, e tantos homens e mulheres que- sem o conhecimento da cátedra- receberam. Por esse Dom, podemos visualizar e ter consciência do nosso pecado e da ausência de Deus em nosso caminhar.
Quando nós nos fechamos em nossas devoções- muitas vezes alienadas e descomprometidas com a vida, não é o Espírito Santo, porque Ele nos concede o Dom da Piedade para vivermos uma relação comprometida e amorosa com Deus e com o próximo a partir do Evangelho. Piedade autêntica e verdadeira não é fanatismo ou desprezo dos documentos oficiais da Igreja, mas união com o magistério porque “Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo aos Apóstolos: ‘Quem vos escuta escuta-me a Mim’ (Lc 10,16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os seus pastores lhes dão, sob diferentes formas”. Sim, é preciso – sob pena de se criarem cismas ou “magistérios” paralelos – dar, sob o grau de assentimento que os pronunciamentos do Papa e dos Bispos o exijam, adesão aos seus ensinamentos e orientações; do contrário, podem recusar a voz do Pastor para seguir a um ladrão ou mercenário que, evidentemente, não é pastor (Jo 10,11-16). Afinal, quem diz: “Não siga o Magistério da Igreja”, de modo indireto ou até inconsciente, afirma: “Sigam a mim e às minhas doutrinas”. Eis o grave perigo! (Catecismo da Igreja).
Quando defendemos políticas assassinas contra a vida- seja o porte de armas, a volta da Ditadura militar, o aborto ou ameaçamos o sistema democrático do país- não é o Espirito Santo que está do nosso lado, por que Ele nos concede o Dom do Temor para amá-lo de todo o coração e, amar a Deus é essencialmente amar o nosso próximo que padece vítima de diversos políticos que se dizem cristãos, mas na verdade- diante de suas atitudes e projetos de governo- não temem, não amam e não respeitam o nosso Bom Deus. Portanto, o Dom do Temor é saber reverenciar, respeitar e reconhecer Deus em nosso caminhar enquanto Senhor da nossa Existência. Somente Ele é nosso tudo!
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
Fonte: Olhar Jornalístico
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