Bem sabemos que o Advento é tempo de Cristo, pois revivemos a espera da vinda do Salvador. É tempo de esperança, pois somos renovados pela chegada de Cristo e reacende em nós a alegria das promessas de Deus já realizadas em favor da humanidade.
Marana tha! (Vem, Senhor! – 1Cor, 16, 22, e no Ap 22, 20 ), é o cântico que nos impulsiona a viver nossa fé nesse período. O tempo do Advento nos enche de fé para adentrarmos no mistério da Encarnação do Filho de Deus e dilata o nosso coração para que sejamos inflamados pela graça divina, isto é, para abrirmos a nossa existência para que sejamos renovados e para que como peregrinos busquemos viver a vontade de Deus.
Não se trata apenas de promessas messiânicas, mas da nossa inteira abertura para experimentar nessa vida as alegrias das realidades eternas. Tempo de rever nossa caminhada e permitir que nosso coração seja uma verdadeira manjedoura, ou seja, que sejamos capazes de acolher o Salvador.
Conforme o profeta Isaías, vemos que ao olharmos para nossa realidade humana somo capazes de captar a presença divina em nossa existência e realidade. A graça de Deus transforma nossa realidade e nos permite escutar a mensagem divina e de sermos transformados. Isaías nos apresenta uma realidade de unidade, paz e justiça – nos mostra que o reino divino pode se tornar uma realidade quando somos capazes de mudar o nosso olhar, quando damos um salto da realidade sensorial, perceptiva e lógica para adentrarmos numa perspectiva contemplativa que mergulha no mais profundo da nossa existência e realidade. Quando somos capazes de compreender e integrar toda a obra da criação e ao mesmo tempo permitimos que tal integridade se realize, isto é, não apenas uma busca, mas de fato ser transformado pela presença de Deus.
Nesse processo, Paulo Apóstolo nos apresenta que Cristo é o modelo de servidor e de despojamento para a realização do reino celeste e que nós devemos viver na concórdia e harmonia em busca de viver numa mesma caminhada, tendo um mesmo coração e alma, isto é, viver a mesma Aliança que é feita por Jesus como nosso mediador e salvador. Jesus Cristo é a expressão da vontade divina e por suas palavras e gestos compreendemos a lógica do reino celeste que é amor e serviço.
Nessa caminhada temos também o testemunho de João Batista, que para falar dessa presença divina, se despoja de si e por meio da simplicidade das vestes e palavras nos mostra que a linguagem divina é cognoscível a todos e que é perceptível àqueles que abrem seus ouvidos para escutar e que se mostram dispostos a caminhar junto com o Salvador. O testemunho do percussor de Cristo desafia a lógica do mundo e da ambição humana, pois não se trata dos reinos terrenos, mas do reino celeste em que todos somos chamados de filhos e tendo apenas um Deus que reconhece nossa dignidade humana. Um único Deus que acompanha toda a humanidade sempre visando manter uma Aliança de Amor eterno.
O segundo domingo do Advento é um convite para nos despojarmos diante de Deus. De deixar de valorizar as coisas que são passageiras e que visam o individualismo. O ser humano deve buscar e ser conduzido pela graça divina e, sobretudo ser guiado pelos valores eternos. Tais valores que devemos empreender na nossa realidade – valores dos quais somos capazes de viver como fé, esperança, alegria, serviço, caridade, sinceridade, verdade, simplicidade, generosidade, misericórdia entre outros. Busquemos viver esse tempo de advento como oportunidade de renovar e sermos transformados pela ação divina.
FREI RENÊ VILLELA, O.CARM
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