Na manhã da segunda-feira, o Papa recebeu em audiência os Missionários do Sagrado Coração, reunidos em Roma por ocasião do XXVI Capítulo Geral do Instituto.
Francisco iniciou o discurso, recordando que o fundador, Padre Jules Chevalier, intuiu a vocação dos Missionários do Sagrado Coração, com o desejo de tornar conhecido no mundo o amor de Deus, e para obter uma resposta de amor da humanidade.
Ao aprofundar o tema do Capítulo Geral, inspirado na passagem do evangelho que apresenta o caminho de Emaús, o Pontífice sublinhou três atitudes fundamentais para refletir sobre a identidade carismática e o compromisso missionário: conhecer o Coração de Jesus através do Evangelho; aprofundar a sua mensagem na partilha fraterna; e o anúncio alegre na missão.
O Papa destacou que o fundador do Instituto, Padre Chevalier gostava de definir o Evangelho como o livro “do Sagrado Coração”, convidando todos “a contemplar a caridade com que o Salvador se deixa tocar por todas as pobrezas”.
“É assim que conhecemos o Coração de Jesus: contemplando no Evangelho a sua imensa misericórdia, como Maria, que venerais com o título de ‘Nossa Senhora do Sagrado Coração’ e que sabe mostrar-nos precisamente o Coração do seu Filho, porque ela guardou todas as coisas meditando-as no seu coração.”
O Santo Padre, ao abordar a segunda atitude: aprofundar e compreender a Palavra na partilha fraterna, enfatizou que no caminho para Emaús, os discípulos, imediatamente após reconhecerem Jesus, fazem perguntas uns aos outros com espanto sobre o que viveram, pois “antes de encontrá-lo, os dois companheiros discutiram fracassos e decepções, e depois se alegraram por terem visto o Ressuscitado!” Segundo Francisco, isso é algo que os Missionários também trazem em sua história e no percurso de seu fundador, “por isso”, completou o Papa, “no trabalho deste Capítulo, como no discernimento ordinário das vossas comunidades, convido-vos também a colocar sempre a partilha fraterna do vosso encontro com Cristo, na Palavra, nos Sacramentos e na vida, na base de tudo, e antes de tudo”.
E sobre o último aspecto: o anúncio alegre na missão, o Pontífice ressaltou que os discípulos de Emaús, depois da experiência vivenciada no caminho, partem sem demora, voltam a Jerusalém e contam o que aconteceu.
“Vocês escolheram como lema para as suas obras capitulares as palavras: ‘do ego ao eco’, isto é, de si mesmo à casa comum, à família, à comunidade, à criação. É uma expressão forte e um compromisso com o futuro, especialmente para discernir novos tipos de ministério”, disse Francisco ao recordar que os desafios não faltam: “os Mártires da vossa Congregação e os numerosos âmbitos de caridade nos quais já fostes chamados a trabalhar em todos os continentes dão testemunho disso. Os pobres, os migrantes, as muitas misérias e injustiças que continuam a surgir no mundo questionam-nos com urgência. Diante deles, não tenham medo de deixar-se envolver pela compaixão do Coração de Cristo; como disse o vosso Fundador, deixa-O amar através de ti e manifestar a Sua misericórdia através da tua bondade”.
“Não tenham medo da ternura”, recordou o Papa, que falou do estilo de Deus, definido em três palavras: proximidade, compaixão e ternura. “Deus é assim: próximo, compassivo, terno, e aprendemos isso através da oração, sem oração as coisas não funcionam”, destacou.
Ao concluir, o Santo Padre agradeceu pelos trabalhos realizados, e exortou os missionários: “fujam da tristeza, que é o verme que arruína a vida pessoal e a vida consagrada, aquela tristeza que derruba, não a tristeza boa do arrependimento, isso é outra coisa, mas aquela tristeza cotidiana é um verme que arruína”.
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