A festa de Nossa Senhora do Carmo, celebrada neste tempo jubilar, se reveste de dom que revigora o desejo vocacional de todos nós.
Ao voltar nosso olhar para a experiência original vivida há mais de oitocentos anos, podemos perceber que as verdades cridas e as respostas dadas pelos nossos antecessores são críveis e oportunas para os tempos atuais.
A originalidade do nosso carisma conferiu incomparável vigor ao movimento carmelitano que, em muito pouco tempo, extrapolou os limites da Europa.
Dizer que o Carmelo é uma escola de santidade não deverá ser enquadrado nos eventuais exageros dos que escrevem a vida dos santos; na verdade, essa definição se baseia na percepção da vida de tantos santos e santas que fizeram suas escolhas inspirados no carisma Carmelita e que encontram eco em diversos ambientes e em todas as culturas, até os dias atuais.
Desempenhando Maria Santíssima papel tão importante na nossa vida espiritual, devemos ter para com Ela grandíssima devoção. Esta palavra devoção quer dizer dedicação e dedicação quer dizer dom de si mesmo. Seremos, pois, devotos de Maria se nos dermos completamente a Ela e, por Ela, a Deus. Nisto não faremos senão imitar o próprio Deus que se nos dá a nós e nos dá o Seu Filho por intermédio de Maria.
Se com Maria Madalena de Pazzi, dizemos: “O Amor não é Amado”, com ela também poderemos nos reencontrar com o encanto e com a coragem de amar o amor.
Ao ser humano é dado sonhar e é bom que ele não tenha medo dessa capacidade, afinal, sonhar faz bem. Contudo, mais do que sonhar, será necessário acreditar no sonho.
Sonhar faz bem, acreditar no sonho se impõe.
Além dessas duas atitudes, os verdadeiros sonhadores deverão eleger ações para que seus sonhos possam encontrar aderência na realidade.
Os sonhos dos nossos antecessores permanecem vivos.
Por seus exemplos, todos nós, irmãos e irmãs, somos convocados a redescobrir a força e o vigor da utopia que eles despertaram em nós.
Somos chamados a semear a profecia para colher solidariedade e alegria.
Nossa voz e nossas mãos se unam e, como pregoeiros de um tempo novo, possamos anunciar a vitória da justiça e da verdade, do perdão e da reconciliação, do direito e do respeito, da paz e da concórdia, do cuidado e da ternura.
As várias gerações do Carmelo, desde as origens até hoje, no seu itinerário até à “montanha santa, Jesus Cristo nosso Senhor”, procuraram plasmar as suas vidas segundo os exemplos de Maria.
Por isso no Carmelo, e em toda a alma movida por um terno afeto para com a Virgem e Mãe Santíssima, florescesse a contemplação d’Aquela que desde o princípio, soube estar aberta à escuta da Palavra de Deus e ser obediente à sua vontade (Lc 2,10-51).
Este tempo, seja para todos nós, um tempo de escuta e de acolhimento da vontade de Deus.
Boas Festas.
Prior Provincial, Frei Adailson dos Santos, O.Carm
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