“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11, 25-26)
“No meu interior tem Deus, Tem Deus, tem Deus. Eu sou um território sem fronteira, Coração não tem porteira, Mas quem manda aqui é Deus.” (Fábio de Melo)
Uma das coisas que mais me fascinam em Jesus é a sua maneira de nos revelar a ordem contrária que Deus utiliza para se manifestar ao mundo. Outro dia, em uma dessas pausas, que de vez em quando fazemos, para tentar colocar a vida no rumo, diante de um texto muito complexo, que supostamente deveria ajudar a encontrar-me com Deus, me pus -me a pensar no em quanto teorizamos a fé e nos esquecemos de fazer experiências que realmente nos levem ao encontro com o divino.
Ainda não sei por que, mas teorizamos demasiadamente a fé e muitas vezes, buscamos Deus no mais distante de nós. Escrevemos manuais e tratados dogmáticos; redigimos infinitas enciclopédias teológicas e criamos roteiros no intuito de alcançarmos a plenitude da fé, quando na verdade ele se dá a conhecer no mais íntimo de nós, no cotidiano da nossa existência.
Por isso tenho dito que, muito distante desse mundo teórico, a minha fé em Deus cresceu sem complexidade. Busco e encontro Deus nos lugares simples, com poucas regras e muitas partilhas.
Eu o experimento nos sabores de minha terra natal, nas panelas enegrecidas pela fumaça sob a trempe do fogão de lenha, no café e no doce da comadre Ana, no requeijão da dona Alzira, na coalhada da Zélia e no molho de pimenta de tia Leonora…
Para mim, perceber e acreditar em Deus é como acordar feliz numa manhã de domingo, é natural. Em Deus e em meu mundo simples não cabem artificialidades.
No amor e na partilha, a refeição torna-se sacramento de comunhão, assim como fez o mestre de Nazaré com seus amigos, desejou eternizar-se no coração daqueles que o seguiam, por meio do alimento, que recobra as forças, dá animo ânimo para prosseguir e, sobretudo, reunir todos ao redor da mesma mesa.
Deus mora ali, no cotidiano da vida, no mais ordinário da existência humana, na singeleza do abraço, no sorriso generoso, nas memórias feitas eternidade, no partir do pão, no assar dos peixes… Tudo que ele Ele pede de nós é que abramos o nosso coração para perceber a sua manifestação, sem medos, sem regras descabidas, legalismos e teorizações.
Texto escrito por Diego Andrade de Jesus Lelis, extraído da seção “Refexão” da Revista Ave Maria, na edição de abril de 2018.
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