Por: Maria Helena Brito Izzo
Psicóloga e terapeuta familiar. Fonte: Revista Família Cristã
As pessoas normais costumam ter todas as emoções – angústia, raiva, alegria, tristeza – em escala maior ou menor, dependendo da idade, das circunstâncias, da educação, da carga espiritual. Esse fenômeno acontece também com o medo. Ele varia desde um medo pequeno ao medo desmedido, incontrolável, recebendo, quando atinge esse estágio de descontrole, o nome de fobia ou síndrome do pânico.
A sensação de medo diante de algo novo e desconhecido é normal e faz parte da vida. Há quem tenha medo de baratas, de viajar de avião, de andar de elevador e de metro, de ficar no escuro ou trancado em algum lugar, de multidão – e a ladainha continuaria interminável se fossem enumerados os tipos de medo existentes e a forma pela qual se manifestam.
O medo é uma reação normal, possível de ser enfrentada com menor ou maior facilidade. Há dias em que estamos cheios de coragem e até desafiadores. Em outros, com o emocional abalado por um problema qualquer, somos a fragilidade personificada diante do mínimo contratempo. Geralmente, é nesses momentos que o medo toma vulto, as angústias, frustrações, incertezas se apossam de nós – e todo o negativo interior existente vem à tona.
Vale aqui uma comparação. Há pessoas que têm medo de contrair doenças incuráveis. Num momento de maior fraqueza física ou emocional, esse medo se avoluma de tal forma que elas passam a sentir os sintomas da doença simplesmente porque estão com dor de cabeça. Mas, quando o físico e o psíquico estão bem, nada atrapalha a vida. Tudo é superado com a maior facilidade. O mesmo ocorre com o medo.
Ao se falar em fobia, é preciso distinguir os medos domináveis dos incontroláveis. Mas são tantos os ingredientes que compõem essa distinção, que só através do diálogo com os atingidos por tais males é possível conhecer sua história e a razão pela qual chegaram ao extremo de não se controlarem quando os maus sentimentos os assaltam. Assim é mais fácil traçar uma diretriz ou alternativa para desbloquear e desneurotizar suas atitudes, para ajudá-los a levar uma vida normal.
A fobia nada mais é que um medo exacerbado. Quando ele é concreto e sua causa conhecida, é possível vencê-lo através da conscientização. Mas se é um medo abstrato, descomunal, incontrolável, acarretando crises seguidas, é hora de se tomar providências. Quem se encaixa nessa definição deve procurar um especialista para se conhecer melhor, saber suas verdades e descobrir as causas desse pavor irracional, para não comprometer sua vida por causa dessas emoções. Chegar aos limites do medo é perigoso. Aliás, tudo é perigoso quando não sabemos as causas do que acontece conosco e não tentamos, de alguma forma, resolver o problema.
Seres humanos que somos, jamais conseguiremos superar todas as nossas limitações. E importante, no entanto, não se acomodar, mas procurar saber as razões que levam a adotar determinados comportamentos prejudiciais, para não se deixar dominar por eles. Só assim os mais medrosos perceberão que os medos manifestados das mais variadas formas não passam de justificativas para se eximirem de enfrentar sentimentos mais profundos ali misturados.
Há também os que se escondem atrás do medo, justificando com isso sua inércia e comodismo por faltar-lhes garra e coragem para enfrentar os desafios da vida. Alguns casos têm atenuantes: problemas físicos, psíquicos e emocionais. Mas grande número de pessoas não trabalha seu medo para não se desinstalar da posição conquistada. Sair do comodismo requer luta, e é bem mais fácil esconder-se atrás de uma justificativa do que desacomodar-se. Nesse caso, o perigo de um comportamento negativo fossilizar-se reside na falta de consciência, que permite a instalação co-modista de atitudes negativas diante da vida, tornando a pessoa escrava de suas p