“DEUS GUIOU O SEU POVO NO DESERTO, PORQUE O SEU AMOR É PARA SEMPRE!” (SL 136,16)
A imagem do deserto é muito presente em nossas vidas. É muito comum utilizarmos essa analogia para nos referirmos a alguma situação difícil pela qual estamos passando. O calor, a solidão e a precariedade desse ambiente, geograficamente falando, são o que melhor representa os tempos de dificuldades e aridez que atravessamos em nossos desertos existenciais e espirituais.
O deserto não é um bom lugar para viver, não é definitivo. É um lugar de passagem e dele sempre saímos mais fortes. As travessias realizadas nele são muito exigentes, fazendo-se necessário ter força e resistência de corpo e espírito para realizá-las. Empreitar uma tarefa árdua como essa é missão para corajosos, assim como a de existir.
Na literatura cristã, o deserto, quase sempre, aparece como um lugar de aridez, medo, solidão, provações e passagem.
O livro do Êxodo narra a travessia do povo de Deus por esse território em busca da Terra Prometida. Foi nesse lugar difícil e exigente que passaram quarenta anos esperando a conquista da tão sonhada terra, onde reinaria a justiça e a paz. Contudo, também é verdade que esse ambiente inóspito aparece como o lugar onde Deus fala com aqueles que ama. Foi aí, em situações tão adversas, que Deus entregou ao povo eleito a sua lei, firmando com ele uma aliança.
Por um lado, os desertos representam a aridez e as dificuldades que nos amedrontam e das quais queremos fugir a qualquer custo. Por outra perspectiva, revelam-nos lugares propícios ao encontro com Deus por meio da superação das nossas limitações e da escuta da sua voz de Criador, Pai e Guia. Os desertos, com todas as suas exigentes particularidades, tendem a nos fazer desanimar e esmorecer da caminhada. É preciso, em sua travessia, saber conservar a fé e manter viva a esperança, ainda que ela possa durar quarenta anos, como foi para o povo de Israel.
Viver é tarefa árdua, visto que sempre nos encontramos em meio a exigentes travessias. Porém, não nos esqueçamos de que, embora elas sejam difíceis, não as vivenciaremos para sempre.
Sejamos firmes para que a aridez dos nossos desertos não resseque o nosso coração e para que o calor e o sol fortes não nos roubem as nossas forças, impedindo-nos de, orientados pela voz daquele que nos levará à Terra Prometida, prosseguir decididamente.
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