Se todo cristão é um “Outro Cristo” (Alter Christus), com muito mais razão o é o sacerdote. Homem configurado ao Senhor não só em virtude do sacramento batismal, mas também pela ordenação sacerdotal, que realiza nele uma identificação total com Cristo, Cabeça da Igreja.
Estritamente, só existe um Único Sacerdote: Jesus Cristo. Todos aqueles que recebem o dom do sacerdócio por imposição das mãos dos Sucessores dos Apóstolos, que são os bispos, são sacerdotes n’Ele, isto é, participam do seu único e eterno sacerdócio.
O sacerdote perpetua a presença do Senhor na história dos homens de todos os tempos. Ele é chamado a fazer de sua voz, a voz de Seu Senhor; do seu olhar, o mesmo olhar amoroso do Mestre; de suas mãos, mãos que seguem curando e levantando aqueles que sofrem sob o peso de seus pecados. Parafraseando a Bem Aventurada Madre Teresa de Calcutá, pode-se dizer, em uma palavra, que o sacerdote permite que Cristo siga amando por intermédio dele.
Por mais que se queira, jamais se conseguiria abarcar por completo esse mistério na Igreja de Deus. São João Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars, dizia aos seus fiéis que, se entendêssemos o que é um sacerdote, morreríamos não de susto, mas de amor. Afirmava também que só no Céu o sacerdote entenderá bem a si mesmo.
A dignidade dos sacerdotes não consiste nas qualidades pessoais daqueles que são chamados a esse ministério. Se Ele fosse seguir a lógica humana, certamente escolheria a outros. Há seguramente muito mais pessoas eloquentes por aí, mais inteligentes, e até mesmo mais santas. Por certo, a criatura mais perfeita e bela que saiu das mãos de Deus, a Virgem Maria, não foi chamada ao sacerdócio.
O Senhor chama aqueles que Ele quis (Cf. Mc 3,13). Essa é a razão suprema do chamado sacerdotal: o querer de Deus, totalmente independente das qualidades pessoais daquele que é chamado. A vocação sacerdotal é, por isso, dom totalmente gratuito. Ninguém tem “direito” a recebê-la.
A presença do sacerdote no mundo é absolutamente necessária para que a redenção alcance a todos os homens. A ação mais sublime que um homem pode realizar na terra – consagrar o Corpo e o Sangue do Senhor e perdoar os pecados – só pode ser realizada por um sacerdote. “O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens […]. Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas” (São João Maria Vianney).
É importante que todos os fiéis reconheçam e difundam essa verdade, afim de que o dom do sacerdócio seja reconhecido e sirva de estímulo para que outros digam o seu “sim” ao chamado que Senhor faz, pois é redescobrindo a grandeza do sacerdócio que se redescobre o tesouro que Deus concede à sua Igreja e ao mundo.
Pe. Leandro Santos
Assessor Diocesano do Serviço de Animação Vocacional
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