Os povos e nações resguardam com absoluta diligência seus territórios. Bastante conhecidas são as disputas territoriais entre palestinos e israelenses, entre Índia e Paquistão, entre outros. Se um lado perde terreno, tudo faz para reconquistar o quinhão que julga ser por direito a si pertencente. Quem não se recorda das guerras empreendidas para reconquista dos lugares sagrados aos cristãos durante a Idade Média, as Cruzadas?
Libertè. Um brado moderno que varreu o Ocidente! Uma aspiração tão antiga quanto a própria existência humana. Quem não deseja ser livre, desimpedido de todas as amarras e cadeias injustas? Quem, em sã consciência, não busca a todo custo resguardar a liberdade conquistada pelos direitos adquiridos ou fazer valer o direito à liberdade? Quem pode desertar do bom combate para que todos os homens sejam livres e tenham sua dignidade respeitada? Se alguém se auto escusa, não compreende que todo jugo que pesa a uma única pessoa atinge a humanidade inteira e ameaça a liberdade de todos.
Aos cristãos, o tempo Santo da Quaresma se apresenta como uma agraciada oportunidade de reconquistar a liberdade. A gloriosa liberdade dos filhos de Deus! Afinal, é para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1). Pelos exercícios quaresmais do jejum, da caridade e da oração, podemos restabelecer a comunhão conosco, com os irmãos e com Deus. Para além de práticas exteriores tão somente, a motivação do coração que ama e deseja amar sem entraves, deve se aplicar, sobretudo neste momento oportuno da Quaresma, à escuta da Palavra de Deus, à renúncia de satisfações egoístas e supérfluas, fazendo de si mesmo doação no serviço aos irmãos enfermos e necessitados. Sempre em nome de Cristo e por amor de Cristo. Ele nos amou e por nós se entregou. Ele é a figura do humano plenamente realizado em Sua liberdade obediente ao Pai.
Justamente aí está o cerne da questão. A aspiração de sermos livres é um impulso OBEDIENTE de liberdade. Quer se queira admitir ou não, todos os homens e mulheres somos atraídos por Cristo, que se entregou livremente, doando Sua vida em fiel obediência ao Pai. Deste modo, nos resgatou das forças do mal e nos alçou à condição de filhos de Deus, pela fé e pelo Batismo.
Confiados na graça de Deus, exercitemo-nos na prática da caridade, do amor a Cristo e ao próximo. Reconquistemos nossa liberdade de filhos, que nos faz rezar e viver sob o olhar do Pai, por Cristo e na força do Espírito Santo. Que a proteção de nossa Mãe Santíssima nos encha de bom ânimo para respondermos um generoso sim a Deus.
Com Vosso Divino Filho, protegei-nos, Virgem Maria!
Frei Jerry Fonseca, O.Carm.
Fotos: Pascom Basílica do Carmo
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