Abraão é um personagem central na compreensão da aliança de Deus com a humanidade. Não se pode ler nada na Bíblia, sem que o seu perfil se desenhe no horizonte. Não pelo poder que teve nem por façanhas que praticou, mas simplesmente porque acreditou.
A fé de Abraão anima toda a Bíblia. Ao lermos a sua história, no livro do Gênesis a partir do capítulo 12 vemos que sua grandeza vem do fato de que foi fiel ao chamado de Deus, que fez com ele uma aliança. Foi esta fidelidade à aliança proposta por Deus que o tornou um elo decisivo na história da salvação, um justo, pai de uma multidão inumerável de fiéis e patriarca do povo em que veio a nascer o Salvador.
Abrão estava bem instalado em Ur. na Mesopotâmia, quando ouviu de Deus que deveria deixar sua terra e partir, para cumprir uma grande missão.
Apesar dos 75 anos, Abrão topou. Acreditou. O gesto de Abrão se repetirá através da história da salvação. Se o homem não souber deixar as comodidades da vida, a busca exclusiva do que parece útil ou lhe pode trazer vantagem imediata, não será jamais fiel à aliança. Quem não crê e se agarra às seguranças ilusórias da vida, ao conforto e ao poder, não fará nunca nada de grande. A gente custa a compreender que não é Deus que entra na nossa vida, mas nós é que precisamos sair dela, convertermo-nos, para ir ao seu encontro, como Abrão teve de deixar família, bens e sua própria pátria para acolher o chamado de Deus e com ele fazer aliança.
Aí pêlos anos de l600 antes de Cristo, Abrão, já na terra de Canaã, precisou defender seu sobrinho Ló, que estava com todos seus familiares e bens sob os domínios de um vizinho.
Abrão libertou-os e a seus bens, mas se recusou a ficar com as riquezas do adversário vencido ou escravizá-lo, como era de praxe. Fez, vitorioso, um acordo de paz com os outros reis da região. A Bíblia menciona especialmente o misterioso Melquisedec, que significa meu rei é justiça, senhor de Salem, que significa paz. Melquisedec traz pão e vinho, como sacerdote do Deus Altíssimo, e abençoa Abrão, cuja vida se resume em justiça e paz.
como de todo homem que crê. A aliança comporta sempre uma exigência de justiça e de paz. Não há outro caminho para alcançá-la.
Como sinal da aliança que faz com Abrão, fiel e justo, Deus lhe promete então um filho e, através dele, uma posteridade numerosa, mudando-lhe o nome: “De hoje em diante te chamarás Abraão”. A mulher de Abraão já havia passado da idade, mas ele acredita. A esterilidade nunca foi um obstáculo na realização do desígnio de Deus. Como nossos obstáculos e nossos limites que, se aceitos na fé, são convertidos em ocasiões de louvor a Deus e de reconhecimento de sua justiça.
A história de Abraão prossegue, marcada ainda por dois grandes acontecimentos.
Abraão ora pêlos pecadores de Sodoma e Gomorra. e consegue salvar o sobrinho na destruição das cidades. Teria salvo a todos, se houvessem ao menos dez justos na região! A oração da fé, unida à justiça, é fonte de salvação para todos.
Mas o grande acontecimento da vida de Abraão se dá quando Deus lhe faz o mais terrível pedido: sacrificar-lhe o próprio filho. O sacrifício de Isaac é um dos pontos culminantes da Bíblia, voltaremos a falar dele no próximo número.
Ninguém pode ter a pretensão de ser como Abraão, mas todos podemos admirar seu testemunho e colocar a fidelidade ao chamado de Deus e a busca da justiça acima de tudo, em nossa vida.
Fonte: Catequisar
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