A Bíblia é um livro que através dele se revela tudo o que precisamos saber sobre nossa vida “Tudo quanto está escrito, para nossa instrução está escrito, para que, por meio da paciência e consolação que nos vem da Escritura, tenhamos esperança” (Rom. 15,4).
Como nasceu este livro maravilhoso? As coisas reveladas por Deus, contidas e manifestadas na Sagrada Escritura foram escritas por inspiração do Espírito Santo através de autores humanos ao longo dos séculos, no entanto, existem muitos livros que narram as mesmas histórias e profecias porém de forma diferente e com contradições, era preciso definir o que era ou não inspirado por Deus, isso foi feito em vários Concílios da Igreja Católica e definido no Concílio de Hipona em 393. Infelizmente por volta do ano 1500, Lutero retirou da Bíblia Protestante alguns livros inspirados, sobre isto poderemos retomar em outro momento.
O fato é que Deus quer revelar-se a todos, para que possamos nos descobrir a nós mesmos, e o fez de uma forma linda nos livros sagrados. O Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles. “As palavras de Deus, expressas por línguas humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do eterno Pai se assemelhou aos homens tomando a carne da fraqueza humana” (DEI VERBUM).
“É acima de tudo o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações; nele encontro tudo o que é necessário para minha pobre alma. Descubro nele sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos” (Santa Teresinha do Menino Jesus). Como é importante a cada dia ter contato com as escrituras desta forma poderíamos conhecer melhor o “manual do fabricante”.
Mas como interpretar a Bíblia? Ao ler as Sagradas Escrituras é de vital importância distinguir dois sentidos: o sentido literal e o sentido espiritual, sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e analógico, a concordância profunda entre os quatro sentidos é a maneira correta de interpretação. Um dístico medieval resume a significação dos quatro sentidos: “A letra ensina o que aconteceu; a alegoria, o que deves crer; a moral, o que deves fazer; a anagogia, para onde deves caminhar”.
Muitas passagens principalmente do antigo testamento parecem confusas, existem muitas interpretações entre as diversas religiões do mesmo trecho bíblico. É preciso dar voz a Sagrada Tradição e ao Magistério Autentico da Igreja “advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito” ( 2 Tess. 2,15), quantas pessoas se acham no direito de fundar uma religião ao interpretar ao bel prazer as Sagradas Escrituras, no entanto a própria Bíblia nos ensina que: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal.” (2 Pedro 1:20). “Não existe nenhuma doutrina que seja melhor, mais preciosa e mais esplêndida que o texto do Evangelho. Vede e retende o que nosso Senhor e Mestre, Cristo, ensinou com suas palavras e realizou com seus atos” (Catecismo do Igreja Católica CIC 127).
A Igreja “exorta com veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos… a que, pela freqüente leitura das divinas Escrituras, aprendam ‘a eminente ciência de Jesus Cristo”(Fl 3,8). “Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois ‘a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos” (CIC 133 e 2653).
O Próprio Cristo é o Verbo (João 1) de modo que ao ler a Bíblia entramos em contato direto com nosso Deus, se pudéssemos resumir toda a bíblia em uma única palavra chegaríamos a JESUS “Todas as Escrituras (a Lei, os Profetas e os Salmos) se realizam em Cristo” (CIC 2763), a leitura das Sagradas Escrituras precisam nos levar a Cristo, a um encontro pessoal com Jesus, é um canal aberto entre o mundo material e o transcendente, entre o céu e a terra, entre Criador e criatura, nos traz “palavras de vida eterna” (Jo. 6,68).
Na passagem bíblica de Emaús, o coração dos discípulos ardia ao ouvir a Palavra, isto porque o próprio Cristo se faz presente também na palavra, no entanto, a forma mais sublime da presença de Jesus é a Presença Real na Eucaristia, que a leitura da Bíblia possa dia-a-dia nos conduzir para o banquete dominical do Cordeiro.
A Bíblia é o único livro do mundo que o leitor no momento em que lê, o Autor percebe a leitura, sonda o coração do leitor, sabe tudo o que ele precisa, pode se comunicar diretamente com o leitor, basta que abra seu coração! “Qual é a chave? Qual é o segredo que abre as portas do seu coração” diz a letra da canção, que possamos abrir as portas do nosso coração para receber as maravilhas de Deus contidas na Bíblia.
Fonte: Jovem Católico
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