Na verdade, é muito mais atraente esperar o “bom velhinho” com seu saco cheio de presentes, do que esperar o Menino pobre de Belém. Concorda? Entretanto, tenhamos cuidado. O bom velhinho, não por ele mesmo, mas pela forma como é usado pelo comércio, tem roubado o lugar do verdadeiro dono da festa. É só observar e você verá como se multiplicam os tronos e trenós e se esquecem cada vez mais os presépios e manjedouras.
Certamente, São Nicolau, com seu belo gesto de distribuir presentes às crianças pobres, não ficaria contente de ver a conotação materialista dada ao seu belo gesto. A cultura consumista transformou o gesto de caridade em seu programa de vendas mais lucrativo. O papai Noel que conhecemos tem muito pouco de São Nicolau.
O bom velhinho é bonzinho. O Menino de Belém é a mais pura manifestação de amor.
O bom velhinho nos dá coisas. O Menino de Belém se oferece, a si mesmo, para nós.
O bom velhinho vem para poucos. O Menino de Belém veio para todos, sem distinções.
O bom velhinho nos oferece dons, presentes. O Menino de Belém nos oferece o maior dom: a salvação.
O bom velhinho invade nossa casa, entra pela chaminé. Jesus vem com Maria e José, que batem a nossa porta e pedem nosso abrigo.
O bom velhinho prefere lugares ricos e luxuosos. O Menino de Belém continua sendo encontrado nos lugares mais pobres da terra.
O bom velhinho nos dá algo. O Menino de Belém, ao contrário, nos inquieta a dar-lhe algo que supere sua pobreza.
O bom velhinho vem do céu e tem poderes especiais. O Menino de Belém nasce na terra, migrante, sujeito aos desmandos do imperador.
O bom velhinho tem ares de divino. O Menino de Belém é humano, na sua mais terna expressão: uma criança.
O bom velhinho tem o trono e as pompas da realeza. O Menino de Belém não tem nem onde morar; dorme envolto em faixas numa manjedoura.
O bom velhinho é cercado de duendes, renas encantadas e seres míticos. O Menino de Belém tem a companhia de Maria e José, de pastores e sábios, acompanhados pelo canto festivo dos anjos.
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