Nesta mudança de época, as pessoas vivem cada vez mais ansiosas por causa das inúmeras solicitações consumistas, inseguranças e preocupações. Até mesmo o tempo de férias não escapa disso. Ora, muito tem a ver com a maneira pela qual administramos nossa vida, nossos trabalhos, nosso tempo… É justo o esforço em busca de condições para uma vida digna. Porém, quantas coisas supérfluas nos amarram e nos impedem de ser verdadeiramente livres! Afinal, que frutos colhemos com a busca desenfreada de coisas, prazeres ou prestígio?
O Evangelho deste domingo nos adverte de que não podemos servir a dois senhores. Jesus ensina a contemplar a natureza. “Olhai as aves do céu… Olhai os lírios do campo” (Mt 6,26). Relaciona as aves do céu com o trabalho do homem que cultiva a terra, semeia e colhe os frutos para alimentar a família. Relaciona os lírios do campo com o trabalho da mulher que tece a roupa para vestir a todos. O alimento e a veste representam as necessidades básicas para a vida e proteção. “Vosso Pai, que está nos Céus, sabe que precisais de tudo isso. Mas, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6, 33).
Jesus insiste na inutilidade da preocupação obsessiva com as próprias necessidades, mas não é indiferente diante das necessidades primárias dos outros. Insiste que a busca do Reino de Deus é exatamente o empenho por um mundo justo e fraterno, que assegure a satisfação das necessidades de todas as pessoas. Quem coloca Deus em primeiro lugar, não adora o dinheiro. Sabe que este é necessário, mas o administra com honestidade, justiça e solidariedade. Tem certeza que Deus cuida com carinho de todas as suas criaturas.
Portanto, esta proposta de Jesus pede confiança e abandono nas mãos de Deus, a quem servimos com amor e por quem nos sentimos amados. Esta confiança em Deus não é alienante, porque exige coerência e responsabilidade em nossos trabalhos e não nos permite fugir do compromisso cristão no mundo.
Quando o povo de Israel no exílio se queixa do abandono de Deus, Ele se revela como a “Mãe” que não se esquece: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, Eu, porém, não me esquecerei de ti” (Is 49,15).
A Quaresma e a Campanha da Fraternidade (“Fraternidade e Tráfico Humano”), que iniciamos na próxima Quarta-feira de Cinzas, nos convidam a viver a confiança em Deus. Ele cuida de nós!
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