A música é uma significativa expressão da identidade e cultura de jovens e adolescentes e possui uma importância central na vida deles. Por isso, na catequese da crisma a música é muito importante.
A música é uma arte que eleva o espírito a Deus. Faz parte do cultivo da Beleza no processo de educação da fé. A música chega ao coração das pessoas, especialmente dos jovens. A música conduz à experiência da alegria, da reflexão, ao silêncio e contemplação, leva a um mergulho no Mistério.
A música é caminho para experimentar a Beleza. A música religiosa já tem seu lugar de destaque na vida das comunidades, mas precisamos estar atentos à música popular brasileira e aos outros gêneros musicais que as juventudes “curtem” e produzem.
O Rap e o Funk: uma cultura juvenil
O Rap é um fenômeno cultural de massa. Sua batida cadenciada e, sobretudo, as letras que constituem as músicas, combinando em uma feliz junção de ritmo e poesia, atraem a população jovem e o mercado de consumo cultural de massas.
O Rap é um gênero musical, consumido pela juventude, em especial afrodescendente e trabalhadora, por meio da frequência aos salões de baile na periferia ou clubes, pelo consumo de discos e audiência às rádios FMs. Mas, o rap é também produção cultural, é manifestação jovem, originada nas ruas das cidades, em bairros distantes onde vivem os setores mais empobrecidos das cidades. É produto da sociabilidade juvenil, reveladora de uma forma peculiar de apropriação do espaço urbano e do agir coletivo, capaz de mobilizar jovens excluídos em torno de uma identidade comum.
O rap fala sobre o que se passa, conta a vida das ruas, denuncia ou ridiculariza o que ocorre na sociedade. O Rap nasce no interior do mundo da exclusão social, é denúncia da marginalização do jovem;
O mesmo se dá com o Funk, também fenômeno cultural de massa, que possui código de linguagens, é a única opção de lazer de muitos, única diversão. É a alegria da vida do jovem pobre dos bairros mais afastados dos centros das cidades. O Funk é filho do Rock.
O Rap faz parte de um movimento chamado HIP-HOP, que possui três expressões: o Rap(ritmo e poesia), o break(dança) e o grafite(artes plásticas nos muros). O Hip hop é espaço de construção de identidade, os jovens se reúnem para produzir algo e se reconhecem naquilo queproduzem. O hip-hop é contra drogas e bebidas, prega a solidariedade e denuncia a condição de vida marginalizada em que vive a maioria dos jovens.
A música passou a ser um importante espaço de socialização do jovem, espaço de construção de identidade. Jovens que trabalham durante o dia e estudam à noite, jovens das camadas populares. Jovem que quer ser sujeito, que quer se manifestar, que teve sempre forte ligação com a música.
Movimentos como o Funk e o Hip-hop expressam o direito do jovem de ser jovem.
Nas cidades menores também se verifica que a música é elemento de socialização do jovem. Crescem os clubes, as danceterias, barzinhos etc. A música sertaneja tem grande “peso”.
“Podemos concluir constatando que o rap e o funk, mesmo com abrangências diferenciadas, significaram uma referência na elaboração e vivência da condição juvenil, contribuindo de alguma forma para dar um sentido à vida de cada um, num contexto onde se vêem relegados a uma vida sem sentido. Ao mesmo tempo, o estilo de vida rap e funk possibilitou a muitos desses jovens uma ampliação significativa do campo de possibilidades, abrindo espaços para sonharem com outras alternativas de vida que não aquelas, restritas, oferecidas pela sociedade. Querem ser reconhecidos, querem uma visibilidade, querem ser alguém num contexto que os torna invisíveis, ninguém na multidão. Querem ter um lugar na cidade, usufruir dela, transformando o espaço urbano em um valor de uso. Enfim, querem ser jovens e cidadãos, com direito a viver plenamente a sua juventude. Este parece ser um aspecto central: pelos estilos rap e funk, os jovens estão reivindicando o direito à juventude”. (Juarez Tarcisio Dayrell)
Observação para o Catequista
-Leia criticamente as letras, busque compreendê-las como expressão religiosa, descubra a mensagem que elas transmitem. Seja fiel à letra e seu conteúdo. A princípio, veja o que a letra diz, num outro momento é possível transpor sua mensagem para a vida cristã.
-Providencie letra para todos da turma, assim poderão cantá-la.
-Prepare questões para discussão, mas deixe o clima, permita que cantem, sintam, se expressem através das músicas. As questões precisam ter como ponto de partida o sentimento deles em relação à música, no que ajudam a se expressar.
-Varie: solicite que os jovens tragam letras e CDs sobre o tema. Importante que você também as ouça antes.
-Evite músicas muito barulhentas, pois a maioria delas não conduz à admiração, à contemplação e à reflexão.
Sugestões:
-Felicidade – Marcelo Janeci
-Andar com fé -Gilberto Gil (o que é a fé)
-Se eu quiser falar com Deus – Gilberto Gil (condições para falar com Deus)
-Beleza Rara – Banda Eva – (a experiência de encontrar o amor verdadeiro)
-Metamorfose ambulante – Raul Seixas -(é preciso ter autenticidade)
-Maluco Beleza – Raul Seixas (autenticidade)
-Canção da América- Milton Nascimento (amizade)
-Caçador de mim – Milton Nascimento (a pessoa: ser em busca de si mesmo)
-O que é, o que é – Gonzaguinha (o que é a Vida)
-Romaria – Renato Teixeira (a música é uma verdadeira oração)
-Tocando em frente – Renato Teixeira ( reflexão sobre o viver, sentido da vida)
-É preciso saber viver – Roberto Carlos(conselhos sobre a arte de viver)
-Admirável Gado Novo –Zé Ramalho (opressão que sofre o trabalhador, coragem para caminhar apesar de tudo)
-Novo tempo – Ivan Lins (acreditar num novo tempo)
-Socorro – Arnaldo Antunes
– Há Tempo – Legião Urbana (senso crítico e autenticidade)
– Geração Coca-Cola – Legião Urbana (senso crítico e autenticidade)
– Pais e Filhos – Legião Urbana (os diversos tipos de família)
– Monte Castelo – Legião Urbana (namoro –amor –casamento)
– Coração de Estudante – Milton Nascimento (a vida na escola)
– Cidadão – Zé Geraldo (a vida na sociedade)
– Velha infância – Tribalistas (namoro – amor)
– Meu jardim – Vander Lee (cultivar/conhecer a si mesmo)
– Somos quem podemos ser – Engenheiros do Havai
– Dias de Luta – Ira (conflitos juvenis)
– Não é Sério – Charles Brow Jr (como a sociedade vê o jovem)
– Depende de nós – Erasmo Carlos (somos nós que fazemos o futuro no presente)
– Rap da Felicidade – Cidinho
– O velho e o Moço – Los Hermanos
– Um par – Los Hermanos
– Tempos Modernos –Lulu Santos
– Como uma onda – Lulu Santos
– Epitáfio – Titãs
– Enquanto houver Sol – Titãs
– Comida – Titãs
– Ainda há tempo – Criolo (RAP)
– Não confie em ninguém com mais de 30 – Tulipa Ruiz
– Diferenças – Tabu Brasil (Criolo) – RAP
E tantas outras músicas que podem estar a serviço da educação da fé e da vida do jovem!
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