Os Apóstolos de Jesus tinham a grande missão de ensinar e eram absorvidos por essa grande tarefa, bem como a da dedicação à oração. Não tinham tempo para servir os deixados de lado nas suas necessidades materiais. Por isso, os mesmos Apóstolos escolheram homens de bom exemplo e idoneidade para o trabalho de assistência aos carentes de ajuda (Cf. Atos 6,1-7), tornados diáconos para tanto.
Na multiplicidade de funções temos a boa assistência a todos da comunidade religiosa quando cada qual exerce com fidelidade sua vocação e missão. Muitos querem da liderança religiosa atividades até na ordem político-partidária e assistencial, como que substituindo os leigos em seus múnus. A própria Igreja colocou a fazer parte de sua jerarquia diáconos para o exercício da promoção humana, dando-lhes progressivamente também incumbências na ordem da coordenação de comunidades, da pregação da Palavra e como dirigentes sacramentais. Sua atividade, porém, os leva muito ao exercício de promoção humana e atuação no mundo para ativar os leigos em ordem à sua ação ética e cristã na família, no trabalho, na economia, na técnica, na ciência e em tudo o que se refere ao pastoreio de Cristo no mundo civil.
Os bispos e padres, seus auxiliares, são incumbidos de pastorear o povo, dando-lhe os meios deixados por Jesus para a alimentação espiritual e o sustento sobrenatural da graça de Deus, para sua caminhada pelas sendas do Mestre. Seguem seus passos para alcançar o objetivo da vida plenamente realizadora aqui na terra e um dia coroada no céu. Eles também são servidores do povo no que se refere às coisas de Deus (Cf. Hebreus 5,1-6). Sem dúvida têm liderança, a partir de sua posição na comunidade, em função de seu cargo. Mas são servidores do povo com o que lhes é específico. Não substituem os leigos em suas funções no mundo social. São orientadores de todos para que cada um exerça sua função como verdadeira vocação e com atribuições específicas, seja na ordem da família, como na profissional, econômica e política. Exercem função política não partidária e sim a de ajudar o povo a viver promovendo o bem da polis, ou seja, da boa convivência cidadã, com justiça, fraternidade, inclusão social, promoção e defesa da vida e da dignidade humana, bem como da proteção do meio ambiente. Sua função sacerdotal e profética deve ser respeitada como a de outras vocações, como valor para a promoção do bem comum. Como um todo a comunidade eclesial promove a evangelização, a ajuda na assistência social e promoção humana.
Os diáconos não são simples auxiliares dos presbíteros e sim homens com vocação específica, em obediência ao seu Bispo, para servirem a comunidade e a sociedade em nome da própria Igreja, promovendo a assistência humana dos mais fragilizados e excluídos da vida digna. Não são meros liturgistas e sim promotores do bem da comunidade, ajudando a formar consciência de cidadania no meio da comunidade religiosa e civil. São verdadeiros formadores da consciência sensível à justiça social e à promoção da vida digna.
Os Apóstolos reconhecem: “Não está certo que nós deixemos a pregação da palavra de Deus para servir às mesas. Irmãos, é melhor que escolhais entre vós sete homens de boa fama, repletos do Espírito e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa” (Hebreus 6,2-3).
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)
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