Nos antigos povos, Pentecostes era Festa das Colheitas, realizada com muita alegria e solenidade. A celebração era dedicada exclusivamente a Javé. Uma festa ecumênica, aberta para todos os produtores e seus familiares, os pobres, os levitas e os estrangeiros (Dt 16,11-12). Enfim, todo o povo apresentava-se diante de Deus. Reconhecia-se e afirmava-se o compromisso de fraternidade e a responsabilidade de promover os laços comunitários.
Hoje Pentecostes é chamada de Festa da Unidade, da presença do Espírito unificador, enviado por Cristo cinquenta dias após o domingo da Ressurreição e sete dias depois da Ascensão. No dinamismo da cultura, na diversidade dos dons, o Espírito Santo é proclamado como Aquele que veio para superar a “confusão babilônica”, os resquícios da “Torre de Babel” que reinam numa sociedade marcada por tantas situações extremistas e desumanas.
Estamos nas vésperas da Copa do Mundo, desta vez em nosso país. Teremos a presença de jogadores de diversas realidades do planeta. O foco principal deve ser a bola, para a qual o mundo todo estará olhando, formando uma unidade universal. Motivados pela mídia, muitos ficam aguçados em seus fanatismos, tanto dentro dos estádios, como fora deles.
Certamente, por causa de insatisfações e desrespeito no direito de cidadania, e aproveitando o momento propício, porque dá visibilidade, teremos variadas manifestações. São realidades legais, mas que não podem extrapolar em ações contra o patrimônio público, contra aquilo que pertence a todos. O espírito de unidade precisa superar o que lava a destruição.
A presença do Espírito Santo de Deus deve nos levar a falar a linguagem da justiça e do amor. Temos que superar nossas diferenças, canalizando tudo para a construção do bem, mesmo sabendo que a Copa tem sido caminho de enriquecimento ilícito de algumas pessoas e de alguns grupos.
É justamente por causa da má condução e fiscalização do uso do bem público, na preparação da Copa, que o povo brasileiro está indignado e isto tem se revelado nas grandes manifestações populares. Mas não podemos perder o rumo, fazendo o país ficar ainda pior. Torcemos por uma Copa do Mundo de paz e de vitória para quem estiver mais bem preparado.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)
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