O catequista precisa ser ajudado a tomar um atitude correta diante das parábolas, para não cair no grave risco de diminuir a riqueza de conteúdo e de “provocação” que elas possuem.
A “primeira etapa” para uma correta aproximação do catequista à parábola evangélica consiste na leitura calma e atenta da própria parábola. Esta deve ser conhecida em suas leis narrativas, situada em seu contexto e compreendida à luz da teologia do evangelista ao qual pertence (Os Sinóticos ou João).
O material das parábolas é, muitas vezes, distante da mentalidade é, muitas vezes, distante da mentalidade de hoje, em vista das mudanças das condições sociais, econômicas, culturais e políticas da vida (confrontemos, por exemplo, o costume nupcial de hoje com o daquele tempo, descrito em Mt 25, 1-13).
É portanto conhecer os usos e os costumes da Palestina, para preencher a distância entre aquele tempo e o hoje. O interesse objetivo pelo texto sagrado deve vir antes de qualquer outra consideração. O catequista, entretanto, é levado a preocupar-se logo com os destinatários de seu anúncio, sem deter-se adequadamente no texto bíblico tal como é, sem outras considerações que possam interessar à sua tarefa.
A “segunda etapa” de uma séria valorização das parábolas na catequese consiste em indagar: “Que diz a mim, catequista, aqui e agora, o texto sagrado”?
É o aspecto da espiritualidade do catequista, ao qual não se pode simplesmente que repita a parábola, mas que a acolha e viva em primeira pessoa, para poder depois anunciá-la aos outros.
Antes de ser explicada a outros, a parábola deve tornar-se significativa e estimulante para a conversão do próprio catequista, o qual não pode ter a pretensão de já conhecer e viver todo o mistério de Cristo (CT 5-9; DV 25).
Uma leitura personalizada torna-se meditação, revisão de vida, propósito para o futuro. A parábola não é um revestimento imaginoso de verdades pedagógicas, éticas ou religiosas. É a “boa nova” que tende a pôr em movimento as pessoas, fazendo com que se encontrem com Cristo.
A “terceira etapa” deste itinerário, trabalhoso mas frutuoso, que procura recuperar o valor das parábolas na catequese, é fornecida pela pergunta: “A quem anuncio este texto evangélico? A quem me dirijo?”
Como Jesus conhecia em profundidade seus interlocutores (Mt 9, 4), assim também o catequista precisa conhecer bem os destinatários do seu anúncio, sua mentalidade e problemática, suas aspirações e dificuldades.
O verdadeiro catequista não improvisa. Ele assume inteiramente o humano de seus ouvintes para ser o mediador do encontro deles com Cristo. Como João Batista )Lc 3, 1-8), também o catequista tem a preciosa missão de “preparar o caminho” para Cristo, para o encontro com o homem.
A tomada de consciência da situação existencial, psicológica, cultural e social do homem faz-se em vista da vida de fé, à qual tende a obra do catequista (CT 39). Por meio das parábolas, Jesus envolve as pessoas de hoje. Os primeiros destinatários e ouvintes são substituídos por outros. Mas a proposta de salvação continua a mesma.
A tomada de consciência da situação existencial, psicológica, cultural e social do homem faz-se em vista da vida de fé, à qual tende a obra do catequista (CT 39). Por meio das parábolas, Jesus envolve as pessoas de hoje. Os primeiros destinatários e ouvintes são substituídos por outros. Mas a proposta de salvação continua a mesma.
A “quarta etapa” convida o catequista a definir bem o conteúdo de sua mensagem: “Que quero anunciar”?
Enriquecido de um conhecimento orgânico e sistemático da fé (CT 26-30) e consciente das características de seus destinatários, o catequista é chamado a inserir as parábolas na caminhada catequética do grupo que lhe é confiado.
Exatamente porque tem presente o significado original da parábola, o catequista pode sublinhar os seus aspectos que mais condizem com o roteiro (temas e experiências) dos destinatários. Este trabalho exige do catequista clareza de exposição no encontro, sabedoria em escolher a parábola apropriada e flexibilidade na apresentação de seus conteúdos.
A “quinta e última etapa” se refere à procura dos instrumentos ou meios capazes de comunicar a parábola.
Trata-se de responder à pergunta: “como posso transmitir a mensagem desta parábola, para que seja compreendida e acolhida”?
Como se pode notar, este aspecto está no último lugar, embora, freqüentemente, seja a primeira e até a única preocupação do catequista. Sem ter percorrido as quatro etapas acima descritas, esta última sozinha resultaria muito empobrecida e, certamente, insuficiente.
Mas é também verdade que os aprofundamentos precedentes seriam estéreis para a catequese sem esforço de procurar como transmitir e tornar atual o anúncio contido na parábola. É por isso que se exige que o catequista adquira gradualmente uma competência pedagógica e metodológico-didática, para estar a serviço de um anúncio da fé que atinja realmente as pessoas a quem se dirige (CT 31, 35-45, 58).
Os cinco critérios aqui expostos servem para toda página da escritura, mas devem ser aplicados particularmente nas parábolas, pelo fato de ser mais fácil a ilusão de conhecê-las já suficientemente e a tentação de chegar logo “ao prático”.
Não se deve então admirar se a primeira reação dos catequistas diante deste projeto de pesquisa bíblico-espiritual-didática sobre as parábolas seja, às vezes, de indiferença e recusa. Se não estão adequadamente iluminados sobre a importância das parábolas, os catequistas podem pensar que tal exposição “faz perder tempo, leva para fora do tema, é reservada só para os especialistas…”
Pelo contrário, este é o caminho obrigatório para uma séria valorização das parábolas, sobretudo numa catequese que ainda se esforça por reconhecer o primado da Palavra.
Colaboração: Maria Helena L. de Carvalho – Novo Hamburgo
Fonte: Luiz Guglielmoni – Revista Catechesi, Itália (1983/15, pp.11-19)
Orientações gerais e indicações práticas para uso das parábolas na catequese.
R. M. O. traduziu.
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