Por Inês Broshuis, membro da Comissão de Catequese do Regional Leste 2 da CNBB
No artigo anterior, abordamos os principais pontos que compõem um encontro catequético. Aqui vamos entrar nos diversos pontos detalhadamente.
Ponto de partida (Ver):
Antes de tudo, cuidemos de uma cordial acolhida e de um ambiente alegre e feliz, onde todos se sintam bem, experimentando afeto e atenção. A catequese deve ser a vivência de uma verdadeira comunidade. O catequista procure conhecer cada catequizando. De preferência, faça uma visita à casa de cada um para conhecer melhor seu ambiente, a situação da família… Por isto, o grupo não pode ser muito grande. O ambiente seja aconchegante, ornamentado com flores ou alguns cartazes.
É necessário levar em conta a idade e o desenvolvimento psicológico dos catequizandos para que a mensagem possa ser recebida e assimilada. Não se observe somente a idade, mas também o ambiente de onde vêm. São diferentes os que vêm da classe média, que têm todos os seus desejos satisfeitos, que usam computador e andam com seu celular, frequentam as melhores escolas, dos catequizando mais pobres, a quem falta, muitas vezes, o suficiente para a sobrevivência.
Também faz diferença o fato de os catequizandos pertencerem a uma família religiosa ou a uma família indiferente à religião. Há também catequizandos de famílias desestruturadas ou desarmoniosas.
O catequista tem diante de si uma grande diversidade de situações, que precisa conhecer e levar em conta, quanto possível, na preparação do ponto de partida. Se partirmos da realidade dos catequizandos, eles sentir-se-ão interessados, porque vão refletir sobre algo que lhes diz respeito, algo que os interroga ou angustia.
Pode-se iniciar o encontro com um acontecimento recente, com uma conversa, usar gravuras que mostrem um problema ou situação vivida. Podem-se fazer dramatizações de certos acontecimentos ou situações, fazer jogos e brincadeiras, partir de uma narração. O importante é que as motivações usadas estejam sempre ligadas à realidade.
Analisemos os fatos e acontecimentos através do diálogo. Não “monologuemos”. Não vamos dar uma “aula”, não somos o professor que deve ser ouvido sem comentários. Não. É um refletir juntos. Converse com os catequizandos sobre suas experiências, suas reações, suas perguntas. Procuremos juntos as causas e as consequências dos fatos. Analisemos as atitudes das pessoas envolvidas. Transmitamos a mensagem do Evangelho. Procuremos a visão cristã sobre tudo isto.
Demos atenção também às criticas que os catequizandos fazem, especialmente os adolescentes e os jovens. Devemos escutá-los e não dar-lhes logo uma resposta pronta. Importante é dialogar e valorizar o que dizem.
Proclamação da Palavra de Deus (Iluminar):
A partir do diálogo, segue a leitura da Palavra de Deus, que nunca pode faltar. Dêem atenção a uma boa leitura: pausada, clara, com boa entonação. Não tenham pressa. Não seja uma leitura longa demais. Ninguém consegue prestar atenção, durante muito tempo, em uma leitura.
A mensagem da Palavra de Deus pode ser aprofundada através de certas atividades. É uma interiorização, uma meditação ao alcance do catequizando. A mensagem precisa ser assimilada em profundidade.
Sugestões para a “interiorização” podem ser: desenhos, análise de cantos, ouvir uma música, alguma encenação, grupos de estudo, reflexão sobre uma gravura ou foto, tirando delas uma mensagem etc.
Oração(Celebrar):
Depois de assimilar a mensagem, chega o momento da oração. Reservemos bastante tempo à oração, que deve ser preparada com muita dedicação. “É um momento privilegiado para uma experiência de Deus. É o feliz encontro com Deus. Supera a oração rotineira.
A dimensão orante e celebrativa deve caracterizar a catequese, para que ela não caia na tentação de ser feita de encontros só de estudo e compreensão intelectual da mensagem do Evangelho.
A celebração educa a pessoa e o grupo para a oração e contemplação, para o diálogo filial e amoroso, pessoal e comunitário com o Pai” (cf. DNC n° 157)
Pode-se rezar no início do encontro, mas o momento para uma verdadeira resposta ao apelo de Deus é depois de ter ouvido sua Palavra. Rezar, orar, não é repetição automática de palavras, mas é uma atitude interior que brota da procura do encontro com Deus. Catequista que não sabe rezar terá dificuldade de introduzir seus catequizandos a uma verdadeira atitude de oração.
Não há oração sem o silêncio interior. Há diversos modos de se criar um ambiente de silêncio, que o catequista deve conhecer e saber aplicar.
Há diversos modos de rezar: oração espontânea, oração escrita, oração com gestos, oração de fórmulas fixas evitando recitação automática, reza de pequenos trechos dos salmos, canto, uma música, e, finalmente, a oração silenciosa. Os catequizandos vão encontrar seu próprio jeito! Também pode-se fazer, de vez em quando, uma celebração com cantos, leituras, símbolos …
A oração deve estar sempre ligada à mensagem do encontro. A oração e a celebração com símbolos também vão ajudar um maior entendimento e participação litúrgica.
Compromisso (Agir):
Terminando o encontro, pode-se combinar com os catequizandos como colocar em prática o que descobriram no encontro. Como viver melhor sua relação com Deus, sua vivência em comunidade, sua participação na liturgia … É bom concluir com um único ponto. É bom que os catequizandos participem das atividades da comunidade como, por exemplo, Campanha da Fraternidade, Mês da Bíblia, das Vocações. Podem também planejar certas atividades como prestação de serviço à comunidade, de solidariedade com os mais necessitados.
Rever:
É necessário que, periodicamente, se faça uma avaliação do caminho percorrido. O grupo de catequistas pode fazer uma análise séria do processo catequético. Os encontros são seriamente preparados? As diversas etapas estão sendo levadas em conta? Nota-se progresso nas atitudes dos catequizandos? Em que devem melhorar?
Desejo a vocês muito dinamismo, dedicação e perseverança na missão tão bonita que lhe foi confiada por Deus através dos apelos da comunidade e dos catequizandos.
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