“… Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outraspessoasqueiamaceitando a salvação”. At 2, 46-47
Há uma variedade de imagens sobre felicidade no facebook, todas são curtidas, comentadas e compartilhadas. Nelas a mensagem é reduzida a três palavras: DEUS, FAMÍLIA E AMIGOS. Sempre que nos lembramos de alguma experiência de grande alegria, na maioria das vezes, ela está vinculada ao encontro com família e/ou amigos. São momentos que alimentam, fortalecem e motivam nossa caminhada. Os que “curtem, comentam e compartilham” possuem a mesma opinião: essas três dimensões do relacionamento humano são preciosas e essenciais para alcançar a tão sonhada felicidade.
Tais experiências não se restringem ao grupo, contagiam quem está ao redor. Quem não faz parte do grupo também é “afetado”, fica admirado, tem desejo de passar pela mesma experiência, vontade de fazer parte do grupo. Na catequese precisamos vivenciar essa certeza: somos a grande Família de Deus e nós, como irmãos e irmãs, formamos o Corpo de Cristo. A convivência no grupo de catequista é a de uma grande Família de irmãos, é experiência de Felicidade!
Na convivência em comunidade fraterna cada catequista alimenta sua vida de oração, a escuta da Palavra, a partilha… O grupo é fonte de vida, de esperança, de animação, de diálogo, de fraternidade e de alegria. Nele acontece a formação, a troca, a reflexão, o crescimento. Também a partilha das dificuldades, angústias, cansaço, desesperanças, dúvidas, busca de solução. É no crescente aprendizado no relacionamento entre os integrantes do grupo que este vai amadurecendo e conquistando outras pessoas da comunidade para participar dessa família, desse grupo de amigos. Nele o catequista se sente fortalecido em sua missão.
O relacionamento entre os catequistas vai se construindo a partir de encontros e desencontros. Na transparência, na honestidade, no respeito e cuidado para que o grupo seja uma árvore por todos cultivada, cuidada, para que em todas as estações se viva o inevitável (crescer, florescer, frutificar, desfolhar…). Cada pessoa também passa por “estações”: um inverno rigoroso, triste; um verão ora festivo, revigorador, ora escaldante, que queima qualquer um que se aproxima; um outono sombrio ou silencioso, pensativo, onde as esperanças se renovam; a fé renasce na primavera com festa, alegria, sorrisos.. O que é importante lembrar é que tais estações podem acontecer num mesmo dia, numa mesma semana ou num mesmo momento.
No texto “No “outro” para os outros”, Frei Cláudio Van Balen nos alerta: “…Na relação com o outro, sou revelado a mim. O outro é o portador de minha transcendência. Sem ele(s) ou ela(s), minha insignificância permanece minha prisão; e ‘com’ ele(s) ou ela(s), meu valor se revela, minha potencialidade se desdobra para que minha grandeza se construa, meu círculo se amplie, minha missão se cumpra. Graças ao ‘outro’, configuro meu rosto e ocupo meu lugar neste Universo. O outro é a garantia e o sentido de meu existir.” Nessa experiência vamos nos humanizando e cada vez mais nos aproximando da proposta e ação do próprio Jesus.
Como vai nosso grupo de catequistas? Nós nos encontramos para preparar os encontros, planejamos e avaliamos nossa caminhada? Essa é uma grande oportunidade de formação, ajuda mútua e enriquecimento.
Em nosso cronograma anual há espaço para momentos de espiritualidade e partilha de vida? Estes são momentos de rica experiência da oração e vida partilhada. Guardamos um tempo para lembrar e festejar o aniversário dos catequistas? Para uma visita quando há motivo de festa ou de dor? Com a lista de nomes, endereços, telefone, e-mail, facebook… em mãos, é possível priorizar um tempinho para um prazeroso encontro ou, se impossível na correria do dia a dia, pelo menos ligar, enviar mensagens, recadinhos.
As confraternizações no final de cada semestre são realizadas? Vivenciamos momentos de lazer, passeios, um divertimento comum em grupo? Esses são momentos especialíssimos de oração, partilha e festa: um oferece a casa e todos partilham seus dons para um saboroso café da manhã, lanche, almoço.
São inúmeras as experiências e vivências que podemos partilhar no grupo de catequistas. Quantas alegrias (casamentos, passeios, retiros, almoços, celebrações,…), lágrimas divididas em momentos difíceis (acidentes, doenças, mortes), isso tudo vivido de forma conjunta e intensa. Como foi bom. Foi? Não! É! O grupo se modifica, uns precisam ir por outros caminhos, uns retornam, outros chegam. O que mantém o grupo de catequistas é a abertura ao Criador que possibilita a vida, ao filho que muito amou e ao Espírito que mantém acesa a chama do “amor, fraterno amor”.
“…Nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove…., é o que dá sentido à vida…” — Cora Coralina.
Texto escrito por Ana Angélica Ribeiro.
Comments0