Na vida há coisas que são intrinsecamente más; outras coisas são sempre boas; e, finalmente, existem coisas que não são, em si mesmas, nem boas nem ruins: são simplesmente coisas, situações ou circunstâncias. É precisamente neste último grupo que podemos incluir a televisão e o que ela nos apresenta: seriados, novelas, programas etc.
Deus é o nosso fim último e nele se encontra a nossa perfeição. Assim, uma coisa será boa se aproxima você de Deus, e será ruim se o afasta dele. Este é o critério mais simples e eficaz para discernir.
As novelas e seriados podem ser considerados ruins na medida em que forem o começo de mudanças negativas de comportamentoindividual e coletivo.
É preciso dedicar uma atenção especial às repercussões dos programas, sobretudo nas crianças e adolescentes, nos casos em que a consciência for manipulada. A falta de maturidade pode levar as novelas a distorcer a visão da realidade e aumentar os níveis de estresse, prejudicando a saúde mental e emocional.
Mas a “maldade” das novelas não está nas novelas em si, nem nos produtores ou atores. Eles simplesmente trabalham. Levar uma novela à televisão não é mau em si, como tampouco há maldade ou má intenção na criação de uma novela, em geral.
As novelas são boas na medida em que geram empregos, permitem o desenvolvimento na carreira dos envolvidos, promovem o talento dos atores, divertem o público etc.
Mas então qual é o lado negativo das novelas, seriados e filmes?
– As crianças e adolescentes tendem a imitar o que veem nas novelas, normalmente mais carregadas de valores negativos que positivos; e concebem as novelas como ações normais da vida diária.
– A violência vista na televisão pode levar a desenvolver comportamentos agressivos. As novelas podem mostrar a violência como única forma de solucionar problemas, promovendo o ódio, e não a importância do perdão.
– As novelas costumam banalizar o sexo e fazer do seu mau uso uma moda. Podem incentivar a promiscuidade sexual, a prostituição e a gravidez indesejada. O adultério também costuma ser mostrado como algo comum e normal.
– Em certos casos, há um incentivo à bruxaria, ocultismo, dinheiro fácil, corrupção. Promove-se a ideia de que o fim justifica os meios.
– Também é frequente facilitar o uso, nas famílias (e, consequentemente, na sociedade) de um mau vocabulário e da falta de respeito.
– Em muitos casos, a televisão leva a paralisar as atividades cotidianas, promovendo a perda de tempo e a evasão da realidade.
– Os cenários costumam ser repletos de luxo, comodidade, dinheiro, e isso pode levar o telespectador a sentir-se frustrado por não ter alcançado este “ideal” da vida.
– Ao se comparar com o que vê na televisão, as pessoas podem crescer em insegurança pessoal e criar uma imagem distorcida de si mesmas.
– Também podem facilitar a perda do critério pessoal, da personalidade, quando se imitam os personagens, nomes e estilos de vida.
– Os roteiros e tramas costumam conter erros de coerência e se chega a cair no ilusório e até no ridículo.
Se alguém se sentiu negativamente impactado pelas novelas em algum momento da vida ou de alguma maneira, tampouco tem de colocar a culpa na novela em si, porque provavelmente o que lhe faltou foi maturidade ao receber seu conteúdo.
Para concluir, cabe recordar o critério mencionado no início para ajudar a determinar se algo é bom (quando nos aproxima de Deus) ou ruim (quando nos afasta de Deus), o que se aplica a muitas realidades da vida – também às novelas e demais programas de televisão.
Por Pe. Henry Vargas (via Aleteia)
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