No início de novembro, precisamente no dia 2, a Igreja recorda os fiéis defuntos com a celebração litúrgica do Dia de Finados. Esse dia, por sua vez, serve para que as pessoas rezem pelos seus entes queridos que já partiram, mas também para que reflitam sobre o mistério da morte ao qual todos haverão de passar. O jovem, por vezes, tem medo da morte, mas esse tema não deve causar medo se este vive uma vida de santidade.
A morte é um grande mistério que, se não compreendido pela fé, causa desespero e temor. Morte e vida pode-se dizer que caminham juntas. Isso parece meio contraditório, mas não é. Em primeiro lugar, compreende-se pela ressurreição de Cristo. Ele ressuscita após passar pela morte, dando a esta um novo sentido, pois, se antes de Cristo a morte era tida como sinônimo de pecado e de castigo, com sua ressurreição passou a ser sinônimo de vida, vida eterna, em que não há mais dor nem sofrimento de qualquer natureza.
A ressurreição de Cristo é a plena e definitiva certeza de que a morte não é a última palavra, mas é apenas um instrumento de passagem para uma realidade de eterna comunhão com Deus.
Tendo clara essa ideia, a pessoa vai entendendo por que o Dia de Finados é precedido pelo Dia de Todos os Santos, no caso, 1º de novembro. Ora, a santidade deve ser a meta de todos aqueles que creem. Para ser santo é preciso passar a vida terrena em conformidade com a vontade de Deus, numa fiel observância aos seus mandamentos, pensando sempre no Céu, onde se efetivará, de fato, essa busca. No entanto, para ir para o Céu e alcançar um patamar de santidade o ser humano não pode escapar da morte, por isso que o cristão deve estar sempre preparado, em atitude de vigilância, quer dizer, confessado e fazendo a vontade de Deus, dado não saber o momento de sua partida: “Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, tampouco a hora em que o Filho do Homem chegará” (Mt 25,13).
Mesmo após esse caminho, em que a morte é tida como sinônimo de vida e meio de passagem para o Céu, por que ela causa tristeza? A morte causa tristeza porque é uma ruptura, sentida por aqueles que ficam e que perderam alguém que muito amavam. Daí ser necessário amar os entes queridos e fazer o bem, sempre. Quando se faz assim, a tristeza se transforma em saudade e o contexto de morte passa a ser vivido como algo natural e não como uma tragédia. A liturgia da Igreja, no Prefácio dos Mortos I, ajuda nessa transformação de pensamento, veja que profundidade: “Aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”.
E o medo da morte? O único medo que a morte deveria causar não seria, em si, o ato do deixar de viver, mas o de morrer despreparado, longe da comunhão com Deus. Viver é um grande e boníssimo dom, mas o viver para e com Cristo torna a vida terrestre bem melhor e deixa mais tranquilo o coração em vista da vida eterna, por meio da qual se chegará por essa única via.
Uma coisa é certa: todos haverão de morrer! Apesar de o jovem estar na vitalidade da vida, esse tema não deve ser colocado de lado, pois desperta-o para uma vida de santidade. A vida de santidade, por sua vez, levará todos a enfrentar o mistério da morte com mais leveza e não com medo dela. Se assim for, na hora em que Cristo nos chamar haveremos de dizer como São Francisco de Assis: “Bem-vinda, minha irmã morte!”.
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