A vida cristã é uma crescente, criativa e ininterrupta experiência de descoberta, encontro, escolhas, diálogo, decisões, seguimento, aprendizado, anúncio, testemunhos do mistério de amor revelado em Jesus Cristo.
Mais importante que qualquer outra ação é o encontro apaixonante com Cristo no seu amor, nas suas obras, na sua cruz e nossa resposta a Ele é que nos chama e nos faz ser seus discípulos.
Na nossa vivência de fé, temas, reflexões, estudos, celebrações são importantes, mas, nada substitui a abertura humilde, o desejo sincero, a busca autêntica por Deus na convivência, no silêncio, na oração, na meditação e vivência da Palavra, na Eucaristia, no testemunho do amor fraterno que predispõe à partilha.
Na essência da vida e da fé está o amor. Ele é a nossa identidade humana e cristã e é preciso aprender e reaprender a arte de amar. Para isso é necessário converter-se.
Conversão é um processo dinâmico que perpassa toda a história da salvação em cada personagem e cada fato bíblico. É também o grande desafio para vivermos a vida nova em Cristo. É a experiência da redescoberta de quem somos na essência de nosso ser. Conversão sintetiza toda a ação e toda a dinâmica de nosso crescimento pessoal. É um processo que envolve todas as dimensões da vida e se reflete em todas as atitudes. É crescer em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens (cf. Lc 2,52).
A experiência de conversão se revela no amor e se traduz em serviço, em atos concretos a Deus e ao próximo. Seguir Jesus nos leva a agir de modo novo. Para isso é preciso renovar a mente e o coração para assim renovar nossa ação, nosso comportamento.
Quando entendemos que nossa vida é um dom, um serviço, vivemos a novidade do amor que Jesus viveu e nos deixou como vida e missão. Para tanto é necessário pararmos, recolhermo-nos, “sentarmo-nos com Deus”, realimentarmos a vida no espírito, caso contrário, perdemos o sentido da vida e a nossa identidade de seres humanos e de discípulos de Jesus.
A pessoa de Deus é o oceano onde devemos lançar nossas âncoras. Seu mistério precisa ser descoberto, acolhido, contemplado, orado, vivido e anunciado. Sem isso, nossos esforços humanos correm o risco de perder o rumo e nossa vida espiritual e vocação-missão se desvirtuarão.
A conversão é uma graça tão grande que só nossa desatenção consegue perdê-la. Porém, viver a experiência do amor – fruto da conversão permanente – não é um momento passivo em nossas vidas, é um exercício permanente e intenso de atividades espirituais muito exigentes. Longe de nós a ideia de sermos cristãos como forma de descanso, lazer, passatempo, tranquilidade.
A conversão tem sua eficácia quando consegue desencadear um processo de real e profundo encontro com o mistério de Deus/comunhão. Para entrar no caminho do seguimento de Jesus é necessário vencer as resistências do medo, da angústia e do vazio que estão escondidas dentro de nós.
Quem se propõe a seguir Jesus é como Jacó, que luta com o anjo do Senhor para conhecer-lhe melhor o “nome e o rosto” (cf. Gn 32,22-32)
A vida cristã é, pois, um caminho de conversão permanente: “Crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pd 3,18).
“Só o verdadeiro cristão consegue ser homem completo. E isso traz consequências. A autenticidade, pedida pelo nosso tempo, exige-o. Por isso, devemos concluir que aos olhos de Deus homem e cristão são sinônimos. A santidade é possível. Cristo não nos pediu o impossível. A santidade está no perfeito amor. E hoje, época em que as massas se despertam, e isso é um dos sinais do nosso tempo, hoje em que também os povos devem manter entre si relações fraternas e solidárias e cada particular deve ser visto num plano mais universal, mundial, reclama-se uma santidade de massa, comunitária, uma santidade para todos.” (Chiara Lubich)
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