Que ideia boa foi a de começar a contar o tempo! Às vezes fico imaginando como seria viver sem que pudéssemos assinalar a hora do dia, o dia da semana, a semana do mês, o mês do ano e assim por diante. A cada fim e início de ano somos tomados por sentimentos de cansaço e renovação, respectivamente. Chega o mês de dezembro e só queremos que o ano acabe para que um novo comece.
Ao término do ano e início de um novo é como se fôssemos tomados por uma energia impulsionadora. Uma força motriz capaz de realizar um impulso tão forte ao ponto de nos conduzir por todos os meses do ano até um novo dezembro, anunciando o fim de um ano e, consequentemente, na sequência da contagem do tempo, um novo janeiro, apresentando um novo recomeço.
Junto com o ano que se inicia, chegam as promessas de uma vida nova. No ano que desponta, geralmente, abraçados pelos que amamos, prometemos que nesse ano trabalharemos menos e ficaremos mais tempo com a família e com os amigos. Juramos amar mais, perdoar sem limites e não odiar os semelhantes.
Criamos uma nova rota de vida, mas, lamentavelmente, na maioria das vezes, basta que os primeiros problemas se aproximem e acabamos por esquecer a vida nova que havíamos prometido a nós mesmos e aos demais. Parece que em todos os anos caímos nessa roda dentada.
O povo de Deus experimentou um pouco dessa sensação de recomeçar, elaborar inúmeras promessas de fidelidade a Deus e, em seguida, cair abrindo mão do compromisso selado. Da narrativa da criação à ressurreição de Cristo, a história do povo de Israel demonstra essas situações. A aliança de Adão como representante da humanidade e a sua queda ao pecar, a aliança de Noé e seus filhos com Deus, as alianças de Abraão, de Moisés, de Israel e a aliança de Davi, todas elas feitas com confiança e generosidade de coração, mas quebradas pelo ser humano em decorrência de suas fragilidades. É importante observarmos que a ruptura é sempre do ser humano. Deus continua fiel e tão grande é o seu amor que sempre convida os seus filhos para uma nova aliança.
O ano novo é um convite a firmarmos novos compromissos, novas alianças, certamente, com nossos corações plenos de fé e esperança para recomeçar.
Pode ser que os dias e as adversidades que surgirem tentem roubar de nós a esperança e a fé para prosseguir, pode ser também que o medo e as desilusões afugentem dos nossos olhos o brilho, mas a certeza que devemos ter é que o Senhor caminha ao nosso lado e nos convida sempre a renovarmos nossa aliança e compromisso com as suas causas.
Janeiro é uma grande oportunidade para isso, mas qualquer outro mês, semana ou dia que nasce é uma grande oportunidade para enchermos o coração de esperança e recomeçarmos. Cada recomeço é um convite para nos imbuirmos do Espírito de Deus e nos compromissarmos com o Evangelho e suas causas. Não tenhamos medo. Sigamos e recomecemos com esperança!
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