Praticamente não há diferença entre graça e dom, pois a própria graça é um dom, já que é fruto da bondade de Deus, gratuita e incondicional. Podemos dizer que graça é a participação da vida divina e os dons são presentes para ajudar-nos a viver essa vida da graça. De qualquer modo, vamos verificar o que o Catecismo da Igreja Católica nos diz sobre “graça” e depois trataremos da questão do “dom”, ou melhor, dos “dons” que o Senhor nos dá.
Graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite de tornarmo-nos seus filhos, participantes da natureza divina. A graça é uma participação na vida divina, que introduz-nos na intimidade da vida trinitária. Pelo Batismo, o cristão participa na graça de Cristo e como “filho adotivo” pode chamar Deus de “Pai” em união com o Filho único.
A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santificá-la. Trata-se da graça santificante, recebida no Batismo: “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério dessa reconciliação” (2Cor 5,17-18).
A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural para aperfeiçoar a própria alma e torná-la capaz de viver com Deus, agir por seu amor. Há uma distinção entre graça habitual e graça atual. A graça habitual é uma disposição permanente para viver e agir conforme o chamado divino. A graça atual designa as intervenções divinas, quer na origem da conversão, quer no decorrer de nossa vida, promovendo a obra de santificação (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1996-2000).
Para que possamos progredir na vida cristã nos são concedidos dons. A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo. Esses dons são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do mesmo Espírito.
Os sete dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Esses dons, em sua plenitude, pertencem a Cristo. Na sua bondade nos são concedidos para completar e levar à perfeição as virtudes e nos ajudar a viver plenamente como filhos de Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1830-1831).
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