Depois de um longo período fechadas em casa após o isolamento devido ao coronavírus, as crianças têm voltado, aos poucos, à sua rotina normal: escola, festinhas de aniversário, convívio social com outras crianças… Essa volta fez crescer o número de casos de outras viroses, como síndrome mão-pé-boca (SMPB ou HFMD, em inglês) que atinge, sobretudo, crianças de até 5 anos de idade, embora possa ocorrer também em adultos.
Escolas e creches de todo o país registraram aumento nos casos da síndrome, altamente contagiosa, que está sendo considerada um surto em vários Estados, trazendo à tona a necessidade de uma maior conscientização sobre os riscos, sintomas e prevenção da doença. Segundo dados fornecidos pelo Hospital Infantil Sabará, em São Paulo (SP), em 2021, 266 crianças foram diagnosticadas com a doença após procurarem o pronto atendimento. Em comparativo com 2020, o total de crianças que foram ao hospital e receberam esse diagnóstico foi de apenas 68. Esse baixo número é justificado pelo isolamento social, já que, em 2019, 249 crianças foram diagnosticadas com a doença. Nesse sentido, as secretarias municipais e estaduais de várias partes do Brasil estão trabalhando para levar o máximo possível de informações principalmente para os pais.
Segundo o site da PEBMED, a síndrome mão-pé-boca foi chamada pela primeira vez de “doença de Toronto” em 1957, depois que um pediatra de Toronto, no Canadá, descreveu uma erupção reprodutível definida por aftas orais e vesículas nas palmas das mãos e plantas dos pés. A infecção é causada pelo vírus coxsackie, da família dos enterovírus. Seus sintomas são febre alta, aparecimento de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro que podem evoluir para úlceras muito dolorosas na boca, faringe e amídalas e surgimento de pequenas bolhas, em geral, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, que podem aparecer, também, nas nádegas e na região genital. Essas erupções podem causar mal-estar, vômitos, diarreia e dor de garganta. Alguns casos podem evoluir para meningite asséptica, encefalite, síndrome semelhante à poliomielite, síndrome de Guillain-Barré, miocardite (inflamação dos músculos do coração), inflamação do pulmão, edema pulmonar (líquido no pulmão) e conjuntivite, embora essa evolução não seja comum.
O contágio se dá pelo contato com saliva, fezes ou objetos contaminados. A primeira semana é a mais passível de transmissão e os sinais e sintomas geralmente aparecem entre três e seis dias após a exposição ao vírus. Mesmo após o desaparecimento dos sintomas, a criança pode continuar transmitindo o vírus por cerca de quatro semanas.
É de extrema importância que, ao identificar os sintomas nas crianças, elas sejam encaminhadas ao médico e seja notificada a escola, a creche e os amigos que estiveram em contato com ela nos últimos dias.
A síndrome mão-pé-boca é diagnosticada por meio de exames clínicos como sorologia e proteína C reativa (PCR) e o tratamento é feito com o uso de remédios antitérmicos e anti-inflamatórios.
Apesar de não possuir uma vacina contra a doença, a melhor medida de prevenção é a higiene. Oriente sempre as crianças a redobrar os cuidados para reduzir o risco de infecção, lavando sempre bem as mãos várias vezes ao dia, sobretudo ao chegar de lugares públicos, higienizar bem os brinquedos e evitar compartilhar objetos pessoais. Para as escolas e creches é importante manter sempre os locais arejados e cuidar da limpeza das superfícies (chão, mesas, carteiras, maçanetas, bebedouros etc.). Recomenda-se a lavagem, ao menos três vezes ao dia, com água e sabão, além da utilização de álcool 70%.
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