21 de março é o Dia Internacional das Florestas e da Árvore. O Brasil é o segundo país do mundo com mais áreas florestais. Com 463 milhões de hectares, o país perde somente para a Rússia, segundo o levantamento do Serviço Florestal Brasileiro de 2012. Entre as maiores florestas estão a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica.
O que caracteriza uma floresta é o tamanho das árvores, que devem ter mais de cinco metros de altura e cobertura de copa superior a 10%. Além disso, deve ter pelo menos 0,5 hectare. Esses critérios foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Quem nunca experimentou o açaí ou comeu uma deliciosa castanha-do-pará? Essas e muitas outras frutas como graviola, tucumã, guaraná, cupuaçu; peixes como tambaqui, pirarucu, matrinxã e itens como borracha e madeiras nobres como ipê, piquiá, itaúba, jatobá e cumaru são provenientes da Amazônia, que é fonte de muitas plantas e extratos medicinais e outros utilizados pela indústria de cosméticos, por exemplo. Porém, com o avanço do desmatamento tudo isso pode estar em risco de extinção, além, é claro, de toda diversidade de fauna, flora e rios, bem como a poluição do ar, já que a Amazônia é considerada o “pulmão” do mundo.
A Igreja Católica se preocupa e atua pela proteção e preservação das florestas, de modo especial da Floresta Amazônica. Como maior floresta tropical do planeta, ela ocupa uma área de mais de 5 milhões de quilômetros quadrados em nove países diversos, guardando um grande estoque de recursos naturais e enorme importância na regulação climática da Terra.
“Existe um patrimônio cultural, religioso, social, ambiental a ser cultivado. A Igreja que está na Amazônia deve ser capaz de suscitar novos caminhos, renovar as estruturas, organizações sociais, incentivar ordenamentos jurídicos que preservem o meio ambiente, mostrar a beleza, a poesia, a arte da Amazônia”, disse Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM), em entrevista publicada no site da Rede Eclesial Pan-Amazônica do Brasil (REPAM-Brasil).
Em 12 de fevereiro de 2020, o Papa Francisco apresentou a Exortação Apostólica Querida Amazônia, sobre o destino do bioma e dos povos indígenas da região. Nessa exortação de 94 páginas, o Pontífice defendeu a importância ecológica da Amazônia e descreveu os serviços de ecossistema gerados pelo bioma, o clima amplamente benéfico da região e a mitigação da mudança climática gerada pela vegetação a partir do armazenamento de carbono. O Papa afirmou, ainda, que os povos indígenas são os mais adequados para proteger a floresta.
Em artigo publicado sobre o Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, o cardeal Dom Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recordou que celebrar é uma das práticas que constituem o ser cristão e, além da Páscoa, celebração mais importante do catolicismo, celebram-se também a morte e a paixão de Jesus Cristo.
“O desastre ambiental que alcança dimensões absurdas não pode, neste momento, ser interpretado, senão, como morte, paixão. É por isso que precisamos celebrar o dia da Amazônia, embora ela esteja, talvez mais do que nunca, em sua hora de cruz”, afirmou o cardeal.
Dom Cláudio enfatizou que a “A Amazônia está ardendo em chamas por incêndios, muitos dos quais provocados intencionalmente, e pela falta de políticas públicas de combate, controle e mitigação das queimadas”.
Ele cita em seu artigo que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), somente no mês de agosto de 2021 foram registrados 2.228 focos de incêndio, mais do que o dobro em relação a 2020.
“A Amazônia está tombando sob o avanço do agronegócio, da mineração e do garimpo ilegal e minguando aceleradamente em hectares de floresta em pé. Os projetos do chamado ‘desenvolvimento’, avançam sempre mais, especialmente com a fragilização da fiscalização ocorrida nos últimos anos e com o desmonte de órgãos e políticas de salvaguarda socioambientais”, denunciou o cardeal.
Para Dom Cláudio, “A crucificação da Amazônia desencadeia sofrimento para muitos filhos e filhas de Deus. Os povos indígenas estão sob o risco de perder o direito de posse aos seus territórios já tão invadidos. Aos ribeirinhos restam rios secando e águas poluídas pelos agrotóxicos e rejeitos da mineração”.
No artigo 48 da Carta Encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco disse: “O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto”. Dom Cláudio Hummes conclui recordando que a celebração cristã se dá como memória e compromisso, mas também como profecia e faz um convite: “Celebremos realizando pequenos gestos simbólicos, como plantar uma árvore, revitalizar o jardim de casa ou buscar informações sobre como e onde são produzidos os alimentos que compartilhamos nas mesas de nossas casas. Não podemos nos esquecer de que Deus plantou um jardim e quis que ele fosse a casa da humanidade”.
“A Amazônia precisa de você” é o título de uma campanha que reuniu várias instituições, com objetivo de arrecadar fundos de apoio para a preservação da Amazônia e socorrer as necessidades dos povos amazônicos. Com apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Província Marista Brasil Centro-Sul, a campanha foi iniciativa das Pontifícias Obras Missionárias (POM) e da Rede Eclesial Pan-Amazônica do Brasil.
Diante da crise vivida pelo país e provocada também devido à pandemia do novo coronavírus, muitas demandas de acesso à alimentação, produtos de limpeza e higiene fizeram parte do cotidiano das comunidades amazônicas, além, é claro, das questões médicas e sanitárias.
Com a campanha mobilizou-se a solidariedade de pessoas, instituições e empresas com a doação de recursos financeiros administrados pelas Pontifícias Obras Missionárias e Rede Eclesial Pan-Amazônica do Brasil, a partir dos planos de emergência apresentados pelos bispos e lideranças de cada regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e da Conferência dos Religiosos do Brasil na Amazônia legal brasileira.
Uma das mais majestosas da floresta amazônica, a sumaúma ou samaúma pode chegar a 60 metros de altura e três de diâmetro do caule. Apelidada de “mãe da floresta” ou “escada para o céu”, a smaúma (Ceiba pentandra) é uma das mais famosas árvores da Amazônia. Considerada sagrada para os antigos povos maias e indígenas, a palavra “samaúma” é usada para descrever a fibra obtida dos seus frutos. A planta é conhecida também por algodoeiro.
Na Floresta Nacional do Tapajós (Flona), localizada no município de Belterra, a 65 quilômetros de Santarém (PA), área com quase 530 mil hectares, é possível conhecer uma sumaúma com cerca de novecentos anos de existência. Para se chegar até a “mãe da floresta” é necessário fazer uma caminhada de onze quilômetros pela floresta, onde se pode chegar desde Santarém, por terra, ou via fluvial, a partir da vila de Alter do Chão.
As enormes raízes dessas árvores são chamadas de “sapopemas” e, devido ao tamanho, são abrigo para animais e plantas menores. Alguns povos originários batiam nas sapopemas para mandar recados, pois o som da batida ecoa pela floresta e servia como forma de comunicação.
A sumaúma também possui propriedades medicinais. Da seiva dela é produzido medicamento para o tratamento da conjuntivite. A casca tem propriedades diuréticas e é ingerido na forma de chá, indicado para o tratamento de hidropisia do abdômen e malária. Em margens de riachos secos, as raízes descobertas da sumaúma fornecem água potável no verão.
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