A urgência da transmissão da fé por meio dos ensinamentos e do testemunho de vida revela que nunca é tarde para responder ao chamado de Deus. Considerando quem é Deus e quem é o homem em relação ao plano salvífico do Senhor, entende-se que a necessidade, o direito e o dever são princípios que fundamentam a urgente resposta positiva do homem à sua vocação.
A necessidade de catequizar, de ensinar a fé está determinada pela necessidade de Deus que todo homem tem à luz do mistério da criação; por ser criatura, todo homem depende do Criador por essência. Só Deus satisfaz os desejos mais profundos do coração humano, o qual nunca se sacia totalmente só com os bens terrestres (cf. Constituição Pastoral Gaudim et Spes, 41). Isso bem intuiu Pedro de sua convivência com Jesus, a ponto de confessar-lhe: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). O pecado da sociedade atual, de o homem viver como se Deus não existisse, leva à perda do sentido do mistério de Deus, do mistério do mundo; enfim, do mistério do seu próprio ser (cf. Carta Encíclica Evangelium Vitae, 22).
A Igreja afirma que “todo batizado, porque chamado por Deus à maturidade da fé (…) tem o direito a uma catequese adequada” (Diretório geral para a catequese, 167). “O dom mais precioso que a Igreja pode oferecer ao mundo contemporâneo, desorientado e inquieto, é o de nele formar cristãos bem firmados no essencial e humildemente felizes na sua fé”, atesta a Exortação Apostólica Catechesi Tradendae (111).
Quanto ao dever dos adultos, entende-se que é urgente uma opção decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, pois aos adultos compete “a responsabilidade de levar ao amadurecimento o germe da fé que Deus lhes deu; um papel decisivo na sociedade e na Igreja, que pode favorecer ou dificultar a vida comunitária, a justiça e a fraternidade” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil , Catequese renovada: orientações e conteúdo, 114) e criar “condições para a educação da fé das crianças e jovens, na família, na escola, nos Meios de Comunicação Social e na própria comunidade eclesial” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil , Catequese renovada: orientações e conteúdo, 130);
Ninguém pode pensar que já é tarde ou está excluído; eis o convite de Deus por meio do Papa Francisco: “Deus nunca se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia (…). Ninguém nos pode tirar a dignidade que esse amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 3).
O homem tem necessidade de muitas coisas em sua caminhada, mas, se faltar a caridade, tudo será inútil (cf. 1Cor 13,2). O amor é o vínculo da união entre Deus e o homem, de toda vocação, isso bem compreendeu a padroeira das missões, Teresa de Lisieux: “Só o amor levava os membros da Igreja a agir; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo” (Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, 42, 43).
Que neste mês todos possam fazer a fantástica experiência de Santo Agostinho, de encontro com Deus e consigo mesmo, que resultou na mudança de sua relação com a obra criada. Tão bem concluiu quando afirma “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti (…). Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova. Tarde te amei! Ó eterna verdade! Verdadeira caridade!” (Confissões, VII, 10, 18). Quão bela narrativa faz esse pecador convencido pela graça diante da grandeza que é Deus e da riqueza dos dons que Ele concede àqueles que chama, afinal, estar fora da vontade de Deus é o mesmo que perder tempo.
REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, S. Confissões: de Magistro. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
CNBB. Catequese renovada: orientações e conteúdo. 1983. Disponível em https://9683a534fc.cbaul-cdnwnd.com/a1e082687048a2de774c1c4ceeb12e43/200000033-81436822da/Catequese%20Renovada%20CNBB.pdf. Acesso em 28 de julho de 2022.
CONSTITUIÇÃO Pastoral Gaudium et Spes: sobre a Igreja no mundo atual. In: CONCÍLIO VATICANO II. 1962- 1965. Vaticano II: mensagens, discursos, documentos. Tradução de Francisco Catão. São Paulo: Paulinas, 1998. pp. 185-247.
CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório geral para a catequese. De 1998. Disponível em https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con_ccatheduc_doc_17041998_directory-for-catechesis_po.html. Acesso em 28 de julho de 2022.
FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulinas, 2013.
JOÃO PAULO II, Papa. Carta Encíclica Evangelium Vitae: sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. 25 de março de 1995. Disponível em https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25031995_evangelium-vitae.html. Acesso em 28 de julho de 2022.
JOÃO PAULO II, Papa. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte. 6 de janeiro de 2001. Disponível em https://www.vatican.va/content/johnpaulii/pt/apost_letters/2001/documents/h_jp-ii_apl_20010106_novo-millennio-ineunte.html#_ftnref27. Acesso em 28 de julho de 2022.
JOÃO PAULO II, Papa. Exortação Apostólica Catechesi Tradendae. 15ª ed. São Paulo: Paulinas, 2006.
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