A santidade sempre é possível! “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 4). Por sua vez, a pessoa humana tem sua dignidade porque é criada à imagem e semelhança de Deus e por isso, “desde que é concebida é destinada à bem aventurança eterna”, ou seja, é convidada a comunhão com Deus e com sua Palavra (cf. Jer 1; 1Ts 4,3; Ef 1,4). Deus mesmo diz: “Sede santos porque eu sou santo” (1Pe 1, 16).
Como é possível ser santo no mundo de hoje? Deus permanece presente na vida dos homens e por meio da Igreja comunica as graças necessárias para que cada um seja santo. O Espírito Santo exerce um papel fundamental na santificação do homem fazendo-o compreender e aplicar a Palavra de Deus nos dias de hoje como atesta Bento XVI (cf. ENCÍCLICA VERBUM DOMINI, 2010).
Para alcançar a santidade, há de se compreender que tal possibilidade encontra fundamento nos autores da santidade, Deus Trindade e o homem, isto mesmo, o homem! São José Maria Escrivá muito bem lembrou: “aquelas palavras do Bispo de Hipona que soam como um maravilhoso cântico à liberdade: Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti, porque todos nós, tu e eu, temos sempre a possibilidade – a triste desventura – de levantar-nos contra Deus, de rejeitá-lo – talvez com a nossa conduta – ou de exclamar: Não queremos que ele reine sobre nós” (AMIGOS DE DEUS, 1977, p. 23-24).
Apesar das rejeições de se viver uma vida segundo a vontade de Deus, é possível a santidade hoje. O Papa Francisco orienta o seguimento do exemplo dos santos e a dinâmica de coletividade alertando que ninguém se salva sozinho. De forma bem prática indica viver a santidade nas coisas simples do cotidiano, como na criação dos filhos, no trabalho, no cuidado dos doentes e dos idosos. “A santidade é o rosto mais belo da Igreja”, afirma o pontífice e ressalta que a santidade cresce com pequenos gestos. São os chamados “santos ao pé da porta” (FRANCISCO, 2018).
Um exemplo fantástico de santidade é o jovem beato Carlo Acutis (1991-2006), chamado de “ciberapóstolo da Eucaristia”. Depois de sofrer com leucemia, faleceu aos 15 anos, foi beatificado em 2018, pelo Papa Francisco. O beato teve como projeto de vida “estar sempre com Jesus”, com meta de chegar ao céu. Para tal fim, nutriu-se diariamente da Eucaristia, participou com fervor da Santa Missa, passou horas em frente ao Santíssimo Sacramento. Carlo dedicou terna devoção a Nossa Senhora, recitando fielmente o Rosário, dedicando-lhe seus sacrifícios como folhas. Este adolescente é uma verdadeira testemunha de que o Evangelho pode ser vivido integralmente, em qualquer idade.
Enriquecidos com tão fantástico testemunho, com confiança na Palavra e na providência amorosa daquele que chama, podemos concluir que ser santo não é para eleitos, mas para todos: para nós como um todo!
REFERÊNCIAS
BENTO XVI, Papa. Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum domini: sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. 30 set. 2010. Disponível em: https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-xvi_exh_20100930_verbum-domini.html. Acesso em: 05 out. 2022.
BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. Trad. Gilberto da Silva Gorgulho; Ivo Storniolo; Ana Flora Anderson (Coord.). Nova ed. rev. amp. São Paulo: Paulus.
BALAGUER, Josemaria Escrivá de, santo. Amigos de Deus. Caritas in Veritate, 1977.
FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Gaudete Et Exsultate: sobre a chamada à santidade no mundo atual. 19 mar. 2018. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20180319_gaudete-et-exsultate.html. Acesso em: 06 out. 2022.
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