Em dia de jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, a impressão que se tem é a de que o país para e todas as atenções convergem para o campeonato mundial, desta vez no Qatar. Mas esse parar não é um parar qualquer, mas o fato de que a Copa do Mundo faz reunir as pessoas em vista de um ideal comum.
Quando se analisam as origens do futebol, percebe-se que é uma modalidade desportiva que, em sua essência, congrega as pessoas, seja os jogadores, seja a torcida. É bem verdade que tudo gira em torno de uma bola e esta só atinge o alvo, quer dizer, o gol, se tiver um time fortemente unido tática e emocionalmente. Nenhum jogador, por melhor que for, tem sentido numa partida se não pensar no outro, no coletivo, na seleção. No pensar futebolístico, não há espaço para querer só para si, para chegar à meta sozinho. É uma articulação de equipe, por isso a presença de um técnico, que tem a missão de escalar e comandar o time.
A outra face do futebol é que ele possibilita o encontro entres as famílias, os amigos ou até mesmo entre os desconhecidos, porém, o fio condutor é o mesmo ideal. Isso fica muito evidente quando é dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo. Centenas de milhares de brasileiros se revestem de verde e amarelo, chamam os que desejam, definem um local para assistir à partida, preparam os quitutes – tipo a tradicional combinação pipoca e guaraná – e lá vão, em grupo, torcer pela seleção. Há todo um clima de comunidade e irmandade, e sempre se ouvi dizer “É triste assistir a um jogo sozinho, principalmente se for a Copa do Mundo. O bom é assistir com a turma!”.
Como se sabe, jogo é jogo e haverá sempre um ganhador e um perdedor. No entanto, quando se pensa na dinâmica do futebol a partir dessas duas faces da moeda que falam a mesma coisa, apesar de ângulos diferentes – jogadores/torcedores –, percebe-se que as raízes desse esporte contribuem para o crescimento do ser humano como um ser social, que vive num contexto comunitário, seja ele qual for, e que, no fim de tudo, todos saem ganhando. Ganha em crescimento pessoal e social quem está, em equipe, frente a frente com a bola; quem está, em comunidade, de frente à televisão, assistindo à partida.
É bem verdade que há pessoas que não gostam de futebol, mesmo que seja a Copa do Mundo. Isso é normal. Todavia, quando se consegue enxergar uma dessas duas faces da moeda, e ver para além do gramado do estádio, o futebol acaba se transformando numa paixão encantadora. Não obstante, não há idade para amar o futebol e o brasileiro dá uma linda demonstração. Da criança ao idoso, ressaltando os jovens, o futebol desperta interesse, envolve e passa a pulsar intensamente no coração. Não erra o narrador Galvão Bueno ao dizer “Haja coração!”.
O que se deseja em Copa do Mundo é a classificação do Brasil em cada jogo, rumo à final e ganhar mais um título, o hexa. Contudo, independentemente do que acontecer, que a grande meta seja sempre o pensar coletivo, o estar junto e o celebrar e viver em equipe. Eis o grande lance da Copa do Mundo!
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