Neste mês de abril haverá a Semana Santa, conhecida como a Semana Maior do calendário cristão, que faz recordar os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesse período, enquanto muitos cristãos se reúnem para celebrar e atualizar na própria vida esse mistério, outros aproveitam para fazer viagens e até dizem “É um feriadão”. Será? Claro que não!
É educativa, no sentido cristão, a campanha que tem surgido nas redes sociais, nos últimos anos, expressando veementemente “Não é feriadão, é Semana Santa!”. Certamente, essa frase desperta no coração de quem se diz cristão, isto é, seguidor de Jesus Cristo, a sensibilidade em acolher e refletir sobre a profundidade e beleza desse mistério. Não obstante, muitas pessoas ficam tão envolvidas com as celebrações litúrgicas desse contexto que são condicionadas a uma renovação espiritual e este, de fato, é o objetivo, dado que a Semana Santa culmina com a Páscoa, que implica dizer ressurreição, vida nova.
Viver a Semana Santa é viver segundo a vontade de Cristo, seguindo seus passos desde o caminho do Calvário até chegar à plenitude da vitória sobre o pecado e a morte. Quem vive, realmente, a espiritualidade dessa semana vê quanto ela ajuda no crescimento espiritual, fazendo com que o fiel, acolhendo os mistérios da fé, possa levar um sinal de esperança para este mundo dilacerado por tantas desesperanças.
Diz o Papa Francisco, em uma de suas catequeses: “Viver a Semana Santa é entrar sempre mais na lógica de Deus, na lógica da cruz, que não é antes de tudo aquela da dor e da morte, mas aquela do amor e da doação de si que traz vida. É entrar na lógica do Evangelho. Seguir, acompanhar Cristo, permanecer com Ele exige um ‘sair’. Sair de si mesmo, de um modo cansado e rotineiro de viver a fé, da tentação de fechar-se nos próprios padrões que terminam por fechar o horizonte da ação criativa de Deus. Deus saiu de si mesmo para vir em meio a nós, colocou a sua tenda entre nós para trazer-nos a sua misericórdia que salva e doa esperança”. Todavia, o mundo contemporâneo, da pós-modernidade, parece não estar dando tanto atenção a esse “sair de si” e ir ao encontro do Cristo e, consequentemente, do próximo. É um mundo que está se descristianizando, quer dizer, tirando Cristo do centro da família, das instituições e até do próprio coração. É triste constatar quando as pesquisas apontam que o número de ateus e agnósticos tem aumentado, muito mais do que o de cristãos. Talvez a ideia do “feriadão”, num período tão espiritual quanto esse, seja consequência desse lastimável processo.
É urgente se questionar: “Será que eu guardo vivos no coração os mistérios da fé e os pratico, de tal modo a me colocar em constante renovação espiritual, ou estou sendo levado pelas ideologias de um mundo anticristo, mundo esse que desvirtua os mistérios da fé, em vista de satisfações pessoais e econômicas?”.
Em suma, vale lembrar: “Não é feriadão, é Semana Santa!”.
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