Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de setembro propondo uma busca pelo amadurecimento nas relações familiares.
Você já refletiu sobre o seu amadurecimento nos relacionamentos com os irmãos, com a sua família e a sua comunidade? Deus vem revelando, aos poucos, o que você pode fazer para mudar a direção da sua vida com o propósito de viver melhor em família, em comunidade, amando o irmão como Jesus o ama. Ainda temos uma última etapa a concluir. Vamos lá?
As circunstâncias difíceis e irritantes podem trazer à tona o melhor que há dentro de um cristão, mas, em contrapartida, também podem revelar o que há de pior nele. Pode ser que ele suporte, com paciência, tais circunstâncias, confiante de que Deus fará cooperar todas as coisas para o seu bem. Por outro lado, pode ficar gemendo e resmungando porque alguma coisa desagradável lhe aconteceu. Se acontece que certo irmão, ou irmã, contribui para o seu desconforto, ele pode começar a se queixar dessa pessoa em todos os seus círculos de amigos.
Às vezes, temos a tendência de transferir para os outros o nosso estado emocional de depressão, impaciência ou irritação. Muitas vezes, procuramos culpar os outros pelas nossas dificuldades ou ficamos a nos imaginar explorados pelo egoísmo deles. Assim, todas as vezes que conversamos com alguém começamos a nos queixar, murmurar e gemer a respeito do desgosto que este ou aquele nos causou. Quem murmura manifesta ruidosamente sua irritação contra algo que o incomoda.
O apóstolo Tiago, vendo que na comunidade cristã havia muitos irmãos se queixando uns dos outros, disse: “Irmãos, não se queixem uns dos outros; para não serem julgados por Deus” (Tg 5,9).
O que significa queixar-se de um irmão? Significa expressar descontentamento, impaciência e mágoa em relação a ele, geralmente em conversa reservada. A palavra grega que se traduz como queixar-se significa, basicamente, “gemer”, isto é, reclamar, murmurar.
Como podemos viver esse ensinamento (não se queixem uns dos outros)? Devemos reconhecer que Deus utiliza as situações difíceis e penosas para desenvolver, em nós, uma fé, uma paciência e uma esperança mais firmes e cheias de fruto (cf. Tg 1,2-3).
Nós, cristãos, não devemos, em conversa com terceiros, acusar os irmãos de ter causado ou intensificado as situações difíceis ou irritantes em que esses se encontram. Não devemos julgar as motivações ou ações dos nossos irmãos. Se alguém for culpado, devemos deixar que Deus faça o julgamento (cf. Tg 1,19; 4,12; 5,10-11).
Ainda que pensemos ter bastante motivo de queixa, nós, cristãos, não devemos gemer nossas mágoas aos outros. Deus só deixa dois caminhos: suportar e perdoar os irmãos (cf. Cl 3,13), ou advertir e aconselhá-los (cf. 1Ts 5,14; Rm 15,14).
É muito importante para a família viver o ensinamento de não se queixar uns dos outros. As críticas proferidas às escondidas são meios de semear ressentimentos e brigas dentro da Igreja de Cristo e de nossas casas. Murmurar é algo tão perigoso que Judas, em sua epístola, relaciona a murmuração diretamente com o comportamento dos falsos mestres. Ele diz que os murmuradores vivem em rebelião contra Deus e sua autoridade e certamente enfrentarão o julgamento divino. Mais ainda, diz que são pessoas que vivem segundo suas próprias paixões e de cujas bocas saem apenas palavras de soberba (cf. Jd 1,15-16).
Deus considerou as coisas ditas pelos murmuradores a respeito de Moisés como realmente sendo uma queixa rebelde contra sua própria liderança divina (cf. Nm 14,26-30). Os cristãos devem manifestar, em alto grau, o mútuo amor e a unidade. A família não pode funcionar bem quando os membros estão trabalhando uns contra os outros, mas, quando todos tomam posse e obedecem a esse ensinamento, a família fica livre desse tipo de contenda e das incapacitações que ela causa; assim, o pequeno grupo e a Igreja podem edificar-se na semelhança de Cristo.
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