Em 2018, a igreja matriz da cidade de São Miguel Arcanjo (SP), conhecida como Santuário de São Miguel Arcanjo, recebeu do Vaticano um grande presente: o título de Basílica Menor, sendo a única do Brasil em honra desse santo protetor.
A história dessa igreja vem desde o século XIX. Ainda não existia a cidade com o nome de São Miguel Arcanjo, tratava-se de um vilarejo pertencente ao município de Itapetininga, interior paulista.
Existiu um homem que é considerado o fundador do futuro município, chamado tenente Urias. Sabemos que em 1844 ele foi designado pelo governo para abrir uma estrada que ligasse a cidade de Itapetininga ao porto em Iguape (SP). Ele já residia nesse vilarejo, mas, a partir de então, o vilarejo ganhou novas perspectivas.
Uma de suas filhas, Maximina Ubaldina, devota de São Miguel Arcanjo, pediu ao pai para erguer uma pequena capela em hora do defensor para que os moradores das redondezas pudessem viver sua fé. A partir desse momento, a devoção popular ao Príncipe das Milícias Celestes começou a crescer.
Já não precisavam ir até Itapetininga, distante cerca de quarenta quilômetros; podiam rezar ali na igrejinha de São Miguel Arcanjo.
A igreja ficou pequena para tantos fiéis. Em 1884, outra filha do tenente Urias, a Thereza Augusta Nogueira Teixeira, decidiu doar uma quantidade de terras para que fosse erguida uma nova capela de São Miguel Arcanjo. No livro do tombo da paróquia consta que ela doou 25 alqueires para o santo, sob a condição de nunca serem vendidos. Caso fosse necessária a venda, o produto deveria ser empregado na mesma capela.
Nesse mesmo ano a igreja, que ainda não era paróquia, recebeu a autorização por parte da Arquidiocese de São Paulo (SP) para ter seu livro do tombo.
No dia 11 de janeiro de 1886, essa capela de São Miguel Arcanjo recebeu a titulação de paróquia, sob o título São Miguel Arcanjo. Somente em 1889, três anos depois da criação da paróquia, esse vilarejo tornou-se de fato um município, recebendo igualmente o nome daquele que escolheu ali acampar e manifestar suas graças.
É por isso que particularmente considero São Miguel Arcanjo o verdadeiro fundador do município. É claro que tenente Urias e sua família tiveram papel importantíssimo, mas fica mais claro ainda, na história dos fatos, que houve uma escolha do próprio arcanjo por esse lugar.
A vida do município seguiu adiante. Povo simples, fiel e devoto. Apesar de serem pouco moradores, queriam uma igreja maior. Nos anos 1940 foi formada uma comissão para construir a nova igreja matriz. O lançamento da pedra fundamental aconteceu em 1º de dezembro de 1944 e a obra começou em 2 de janeiro de 1945.
O projeto de engenharia foi doado pelo engenheiro Renato Scoponi, mas, era muito ousado para a realidade do pobre e pequeno município. O bispo, com muito cuidado, tentou alertar que seria uma obra muito além de suas possibilidades e que poderia levar muitos anos para ser concluída. Entretanto, os fiéis não desanimaram: arregaçaram as mangas, fizeram quermesses e iniciaram a obra, que durou cerca de quinze anos.
Em sua inauguração, na Festa de Cristo Rei em 30 de outubro de 1960, Dom José Carlos de Aguirre, bispo diocesano de então, disse: “A Matriz de São Miguel Arcanjo é um dos mais suntuosos templos de nossa diocese”.
Para quem não conhece a Basílica de São Miguel Arcanjo fica o convite. Ela tem sua arquitetura baseada no neogótico, com arcos que se encontram em todo o teto. Sua torre mede 31 metros de altura e nela possuímos dois grande sinos datados de 1951 e 1962. A nave central possui quinze metros de altura e cinquenta de comprimento. Em seu interior há muitos elementos que ajudam a enriquecer a experiência de fé e devoção. Já na entrada, à esquerda, existe a capela do Batismo. Com sua pia batismal doada em 1949, vitrais e a imagem de São Miguel Arcanjo da igreja antiga, na qual o capitão Dilermando, ao término da Revolução Constitucionalista, viu e afirmou que havia sido aquele homem quem avisara do fim da guerra. Ao lado esquerdo do presbitério há a capela do Santíssimo, lugar de silêncio e adoração. Possui o antigo altar-mor da Igreja com sua mesa de comunhão.
Durante os anos de 2020 e 2022, a Igreja ganhou 67 vitrais que retratam a devoção a São Miguel Arcanjo e a piedade católica; somados aos seis já existentes da inauguração, totalizam-se 73 vitrais. No átrio de entrada da igreja há o vitral do brasão da basílica. No batistério, imagens que nos recordam o Batismo de Jesus por João e o Batismo de crianças. No corpo da igreja, do lado direito inferior, encontra-se uma sequência de vitrais que retratam os textos bíblicos, sempre com uma frase referente ao desenho do vitral e um trecho da ladainha a São Miguel Arcanjo. A sequência dos vitrais é:
No corpo da igreja, do lado esquerdo inferior, vislumbram-se vitrais que retratam as aparições de São Miguel Arcanjo. Seguem a mesma lógica dos vitrais acima mencionados e obedecem a seguinte sequência:
Na capela do santíssimo, há vitrais que retratam os símbolos eucarísticos. No piso superior, os vitrais dos santos anjos intercalados pelos sete sacramentos da Igreja, as imagens do Sagrado e do Imaculado Coração e a frase “Quis ut Deus”. No presbitério, encontram-se os vitrais que retratam o coro celeste dos anjos e, no nível superior dele, o princípio e o fim, nascimento e ressurreição do Senhor Jesus. Na sacristia, um vitral que retrata o brasão do Vaticano.
Na fachada da frente, para o lado de fora, a Igreja também possui um jogo de vitrais. Em sua torre, o Espírito Santo, semelhante ao da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Abaixo dele, os quatro evangelistas, São Pedro e São Paulo, São Gabriel e São Rafael. No centro, uma imagem de São Miguel Arcanjo.
Existem algumas relíquias de primeiro grau espalhadas pela Igreja: São Francisco de Assis, São Padre Pio, São João Paulo II, São Camilo de Lélis e a pedra do monte Gargano, local onde São Miguel Arcanjo apareceu por quatro vezes.
Por fim, há diversas imagens no corpo da Igreja que nos ajudam a rezar diariamente.
A igreja é toda iluminada por fora e aos sábados e domingos, após a Missa da noite, realiza-se um show de luzes, momento de encantamento para os olhos, com músicas temáticas dos tempos litúrgicos e a dança das luzes.
Ficou curioso? Venha nos visitar. É sempre muito bom acolher peregrinos e devotos de São Miguel Arcanjo.
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate! Quem como Deus? Ninguém como Deus!!!
(Texto retirado do livro Os milagres e sinais de São Miguel Arcanjo, escrito pelo Padre Márcio Almeida.)
Comments0