Após ler o santo Evangelho, especificamente a passagem “Quem não carrega sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27), talvez possamos julgar que poucos de nós serão salvos, pois as palavras de Jesus nos parecem duras demais para que as cumpramos: “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,26).
Não interpretemos esse trecho como se fosse preciso odiar nossos parentes para seguirmos nosso Salvador, pois, como cristãos, devemos amar até a nossos inimigos. Jesus quis dizer que devemos tomar decisões firmes, quando necessárias, para mantermos nossa fidelidade ao Evangelho. Uma delas é carregarmos a cruz de cada dia, o que consiste em servirmos aos irmãos sempre, renunciando a tudo o que nos prende a este mundo, àquilo que nos for pernicioso à alma.
Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e não quer que se perca nenhuma ovelha do seu rebanho (cf. Mt 18,12-14). As palavras do Mestre eram dirigidas à grande multidão que o acompanhava, certamente atraída por sua doutrina e por seus milagres. Nosso Senhor, porém, prevenia-a: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7,13-14), isso para que as pessoas não ficassem como seus meros espectadores, mas, pusessem em prática sua doutrina.
Devemos refletir como proceder para alcançarmos nosso objetivo de santidade, como Jesus nos aconselhou, dando como exemplo duas das breves parábolas de Jesus: a do construtor, que antes de começar a erguer sua casa deve calcular se o material que tem é suficiente para concluí-la e ela não ficar somente nos alicerces, e a de um rei que, antes de guerrear contra outro rei, deve calcular se com 10 mil homens poderá enfrentar o outro, que vem contra ele com 20 mil (cf. Lc 14,28-32).
Devemos também saber parar e refletir diante do Senhor e pedir-lhe sabedoria, como pede o apóstolo Paulo, para que nossos propósitos sejam eficazes no caminho certo, que nos leva a Ele. Sem dúvida, caminho algum será correto se não contiver a prática da caridade, mesmo em situações como a de Paulo, na ocasião em que encaminha o servo Onésimo – então batizado por ele – a seu patrão, Filêmon, restituindo a paz entre eles.
Sigamos atentos as palavras do Mestre, de maneira mais forte e eficaz ainda neste mês de setembro, em que homenageamos a Bíblia, que nos traz, para o dia a dia, a Palavra viva e eficaz.
SINAL DA CRUZ
Fazemos o sinal da cruz para lembrar que fomos salvos pela cruz de Cristo (cf. 1Jo 3,5; 4,10) e batizados em nome do Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo (cf. Mt 28,19). É uma prática muita antiga da Igreja, pois, já no século II, Tertuliano (160-220 d.C.) recomendava: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz”.
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