Num mundo onde o tempo é fugaz, mas o amor é eterno, há uma linhagem de pessoas que se dedicam a um serviço sagrado. Nos corredores de hospitais, nos lares que guardam memórias e nas mãos que se estendem em busca de conforto, o amor a Jesus se manifesta no cuidado aos enfermos e aos idosos.
Em 14 de janeiro celebramos o Dia Nacional do Enfermo. A data foi criada em 2002 pelo Ministério da Saúde para fazer referência ao atendimento humanizado nas unidades de saúde. Neste tributo ao Dia Nacional do Enfermo, a Revista Ave Maria nos propõe mergulhar nessas jornadas, entrelaçadas pela devoção aos mais necessitados. Não é apenas uma história de religiosos, mas uma narrativa de pessoas comuns, movidos por uma fé que transcende dogmas, evidenciada no serviço desprendido.
A religiosidade pode desempenhar um papel significativo no bem-estar físico, mental e emocional das pessoas. Muitas vezes, a espiritualidade oferece uma fonte de força interior, esperança e paz mental para os enfermos. A fé e as crenças podem ajudar a lidar com o estresse, a ansiedade e a depressão associados à doença.
As práticas espirituais, como a meditação, a oração e a conexão com uma comunidade religiosa, podem promover a resiliência emocional, ajudando os doentes a enfrentar os desafios da doença com mais força.
“A espiritualidade é fundamental na cura porque quando se acredita em alguém superior a nós, crendo que cuida da gente lá do alto, isso fortalece o doente na luta contra a enfermidade. A doença não se torna tão pesada e com isso o doente tem mais força para lutar em defesa da vida”, destacou em entrevista o Cônego João Inácio Mildner, assistente eclesiástico arquidiocesano da Pastoral da Saúde e capelão do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na cidade de São Paulo (SP).
O padre gaúcho atua como capelão do Hospital Emílio Ribas desde 1992. Chegou ao principal centro de referência de infectologia do Brasil justamente no auge da epidemia da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Para o religioso, a rotina da capelania “é ser um entre tantos irmãos que formam a comunidade hospitalar”, enfatizando que todos são importantes para o processo de cura do doente, além dos médicos, enfermeiras e fisioterapeutas, sem esquecer os agentes de limpeza, profissionais da cozinha e outros: “A presença do capelão é justamente lutar para que essa unidade aconteça em favor de quem sofre”, ressaltou o presbítero.
Nas palavras do cônego João Mildner, ser presença junto ao profissional da saúde também é missão da capelania hospitalar: “Eu sempre digo que é importante cuidar de quem cuida, porque se o profissional da saúde está bem, se ele se sente amado, respeitado, valorizado, também prestará um excelente trabalho na assistência ao enfermo”.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 e democratizou o acesso à saúde, sendo um avanço significativo em termos de políticas públicas para a população do Brasil. Sua abrangência, cobrindo desde a atenção básica até procedimentos complexos, impacta positivamente a vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis; porém, é importante lembrar que a luta por saúde para todos começou muito antes. Por exemplo, a criação do Ministério da Saúde, em 1953, reflete a ênfase na saúde pública voltada para as coletividades, priorizando enfermidades rurais. Nesse primeiro momento, o Estado reforçou a perspectiva de erradicar doenças independentemente do desenvolvimento econômico. Essa trajetória histórica lança luz sobre os desafios atuais e a importância do Sistema Único de Saúde como sistema inclusivo e abrangente, buscando não só superar limitações históricas, mas também promover uma unificação do país por meio da promoção da saúde de forma equitativa.
Desde então, a crescente demanda e a complexidade das doenças modernas geram pressão sobre os recursos públicos e, consequentemente, sobre o Sistema Único de Saúde. Epidemias como a AIDS foram enfrentadas com sucesso e o Sistema Único de Saúde demonstrou sua capacidade de resposta eficaz diante de emergências de saúde pública, implementando estratégias de prevenção, tratamento e conscientização. A infraestrutura, embora tenha avançado, ainda precisa de investimentos para atender plenamente a população. Além disso, a gestão descentralizada, embora promova a autonomia local, gera disparidades regionais, prejudicando a equidade.
Dentre os seus maiores desafios, podem-se destacar as condições de trabalho desafiadoras dos profissionais de saúde, incluindo carga horária extensa e falta de recursos. A informatização também é uma necessidade urgente para integrar o sistema e melhorar a eficiência, mas esbarra em obstáculos políticos e burocráticos.
Em resumo, o Sistema Único de Saúde é um marco positivo na saúde brasileira, democratizando o acesso. No entanto, para alcançar seu pleno potencial são necessários investimentos contínuos, melhorias na gestão, valorização dos profissionais e avanços tecnológicos. O desafio está em equilibrar descentralização com equidade, garantindo que todos os brasileiros recebam cuidados de saúde dignos e eficientes.
Receber o diagnóstico de câncer em uma criança é devastador para qualquer família e essa realidade se torna ainda mais desafiadora para famílias de baixa renda. O impacto emocional é avassalador, trazendo medo, angústia, ansiedade e um sentimento de desamparo. Além disso, há uma série de implicações práticas e financeiras que podem sobrecarregar ainda mais essas famílias.
Atento a essa realidade que Roberto Rodrigues, com o apoio de alguns amigos, fundou o Instituto Luz do Amanhã, que há mais de dez anos atua como um alicerce para crianças e adolescentes com câncer e suas famílias, ajudando na busca de todas as possibilidades de cura nesse momento tão difícil.
Localizado em Itaquera, bairro de São Paulo, o Instituto Luz do Amanhã desempenha um papel importante como casa de apoio dedicada ao cuidado de crianças e adolescentes enfrentando o desafio do câncer. Seu trabalho é amplamente reconhecido, recebendo pacientes encaminhados por assistentes sociais de hospitais oncológicos, como Hospital Santa Marcelina, GRAAC, Menino Jesus e Hospital São Paulo.
Essa organização não governamental, operando sem fins lucrativos, oferece um ambiente acolhedor e suporte integral para crianças de todo o Brasil. Ela não apenas provê moradia, alimentação e transporte direto da casa de apoio até o hospital, mas também disponibiliza orientação social e psicológica essenciais para as famílias que precisam permanecer por longos períodos na cidade de São Paulo durante o tratamento.
“No serviço, enfrentamos inúmeros desafios e dificuldades, desde questões de comunicação e falta de instrução das famílias mais simples até campanhas de doação de órgãos e arrecadação de lenços e perucas para meninas em tratamento, para tentar minimizar os impactos do câncer na vida das crianças e suas famílias”, disse Roberto Rodrigues, o fundador.
Ele descreve que o instituto também ajuda as famílias na busca por seus direitos, como, por exemplo, na orientação de cadastro em programas sociais, como o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), porta de entrada para a política de assistência social, e também no cadastro junto à rede pública da saúde.
“Temos como objetivo institucional aumentar a nossa capacidade de assistidos e construir futuramente a nossa sede própria, pois hoje o local é alugado e adaptado. Queremos expandir nosso trabalho também para a região central da cidade”, ressaltou Rodrigues.
Para conhecer mais sobre o instituto e contribuir com doações para esse importante trabalho social, acesse o site luzdoamanha.org.
O Instituto Luz do Amanhã é um farol de esperança, proporcionando não apenas cuidados físicos, mas também apoio emocional e social a pacientes e suas famílias momentos tão desafiadores.
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