No mês em que se celebra o Sagrado Coração de Jesus, recorda-se o Apostolado da Oração (AO), movimento que teve início ainda no século XIX, em 1844. Na Festa de São Francisco Xavier, o Padre Francisco Xavier Gautrelet disse a um grupo de seminaristas que queriam ir para as missões na África ou na Índia que eles deveriam antes rezar pelos missionários e estariam, assim, contribuindo com as missões, mesmo estando distante.
Este tipo de participação divulgou-se rapidamente e espalhou-se pela Europa. No Brasil, o Apostolado da Oração começou em 1867, no Recife, pela atuação do Padre Bento Schembri e em 1871 em Itu (SP), por meio do Padre Taddei, que ao falecer, em 1913, deixou em 1390 centros do Apostolado pelo Brasil.
Padre Eliomar Ribeiro, sj, é o atual Diretor Nacional do Movimento, incluindo o Movimento Eucarístico Jovem (MEJ). Para ele, a importância do AO está “em ajudar as pessoas a serem disponíveis interiormente para a missão que a Igreja nos confia. É uma trajetória espiritual que ajuda os membros a viverem como Jesus viveu, desejando que as qualidades do Coração de Jesus sejam também as nossas qualidades”.
Calcula-se cerca de 36 milhões de pessoas empenhadas em aprofundar a espiritualidade do Coração de Jesus e o Oferecimento do Dia, que fomenta a vivência da fé no cotidiano.
Em nove passos, pedagogicamente estruturados, é apresentado um processo espiritual para que os membros se identifiquem com o pensar e o querer de Jesus. Assim, o membro do AO se põe a caminho para acolher o Reino de Deus e servir ao povo de Deus. Isto explica porque o Apostolado da Oração mantém viva a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Amar e Servir!
Eunice Tironi tem 66 anos e mora na cidade de Londrina (PR). Ela é consagrada ao Sagrado Coração de Jesus e à missão no Apostolado da Oração desde 2000, há 24 anos. Desde 2019 ela coordena o AO da Arquidiocese de Londrina, que abrange 16 municípios e 11 decanatos, com mais de 3 mil membros.
“Desde que comecei a participar das reuniões, eu me apaixonei pelo Sagrado Coração de Jesus. Foi um divisor de águas na minha vida, no fortalecimento da minha fé e numa adesão radical à missão e carisma do Apostolado”, disse.
Nos trabalhos da coordenação, participa das reuniões e encontros em todos os decanatos, na orientação e formação das coordenações paroquiais e organização de encontros, bem como da peregrinação nas paróquias e santuários. “Procuro viver a espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus através das comunhões reparadoras, orações diárias do Oferecimento, com a intenção mensal que o Papa Francisco confia a nós”, explicou Eunice.
Com o oferecimento diário, os membros buscam oferecer a própria vida em favor dos irmãos, de modo especial os que mais padecem, no mundo inteiro.
Entre as graças recebidas, Eunice considera especial a imprescindível ajuda do esposo. “Um homem fervoroso e dedicado, que me deu todo apoio na missão de levar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus através do Apostolado da Oração, por todos os recantos da arquidiocese, do Estado e pelo Brasil afora”, afirmou.
“A oração é um serviço”
Santa de Fátima Nespoli tem 69 anos, mora em Vila Velha (ES) e desde a fundação do grupo, é membro do Apostolado na Paróquia São João Paulo II, em Itaparica, desde a fundação, há 22 anos.
“Conheço o Apostolado desde criança, pois minha avó paterna, minha mãe, irmãs e tias faziam parte do Apostolado da nossa comunidade, no interior do estado onde morávamos, mas, à época, eu não entendia. Conheci realmente o Apostolado quando comecei a estudar a Recriação e a fazer parte da Coordenação Arquidiocesana”, contou à reportagem da Revista Ave-Maria.
O grupo que Santa faz parte reúne-se três vezes por mês para a Hora Santa, além das missas da primeira sexta-feira e do primeiro domingo. Na Arquidiocese, o Apostolado está organizado conforme o Estatuto próprio.
“Vivo a espiritualidade com a participação ativa das propostas do Apostolado, na celebração diária da Santa Missa, servindo a Igreja na liturgia, na Coordenação do Apostolado e como Ministro da distribuição da Sagrada Eucaristia”, especificou.
Santa acrescentou que, com o passar dos anos, compreendeu a importância da Oração e do oferecimento diário, o amor à Igreja, ao Papa e aos sacerdotes, mas principalmente o amor ao Sagrado Coração de Jesus.
“Compreendi que a Oração é um serviço. Assim como o Papa Francisco nos disse: ‘É o mais importante serviço da Igreja’. Sou do Coração de Jesus, sou missionária, sou da Igreja, sou Apostolado da Oração, isso é tudo de bom”, continuou.
“Andar com Jesus”
Beatriz Xavier da Silva tem 76 anos e mora em São Paulo (SP) onde atua como coordenadora arquidiocesana do Movimento do Apostolado da Oração. Admitida ao grupo do Apostolado da Oração da Paróquia Santo Antônio de Lisboa da Vila Ede em 2012, Beatriz já conhecia o Movimento, mas começou a participar ativamente após ter cuidado dos pais doentes.
“É muito gratificante, pois, desde 27 de março de 2018, o Santo Padre constituiu a Rede Mundial de Oração do Papa (Apostolado da Oração) e nos tornamos Obra Pontifícia, com sede oficial no Estado da Cidade do Vaticano e novos Estatutos”, explicou.
“Eu costumo dizer que tem uma Beatriz de antes e outra completamente diferente, pois hoje vivo a experiência de trabalhar com Jesus e andar com ele em todos os momentos. Andar com Jesus é bom demais”, concluiu, citando uma frase comumente dita pelos jovens do MEJ.
Fonte de vida
Ana Maria Schmidt Turim França tem 79 anos e 55 de casamento. Mãe de 4 filhos e avó de 5 netos e mora na capital paulista. Nascida no interior de São Paulo, participou de movimentos como a Ação Católica e a Juventude Estudantil Católica Feminina.
“Conheci o Movimento quando eu era jovem, na Paróquia Santa Rita de Cássia, em Sales Oliveira (SP), ainda em 1958. Mas, foi um sacerdote daqui de São Paulo que, em torno de 2000, sugeriu que eu participasse do Apostolado, que, segundo ele, tinha muita semelhança com o trabalho evangelizador que ele sabia que eu desejava”, explicou.
Graduada em Física pela USP, Ana Maria participa da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Continental. Professora e catequista, trabalhou num projeto de ensino religioso em escolas públicas e dedicou-se inteiramente à família por alguns anos. Somente em 2010 retomou a participação no AO, a convite de uma amiga.
“Encontrei, assim, o maior tesouro que poderia ter ganho ainda em vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e que me aproximava de sua Mãe, Maria, do Espírito Santo e de Deus nosso Pai. Descobri que o ‘Oferecimento do Dia’, que eu tanto prezava, foi a pedra inicial do Apostolado da Oração, já desde 1844, ano de seu início dentro de um seminário dos Jesuítas, em França”, completou.
Ana Maria recordou a importância do uso da fita vermelha, tradição entre os membros do AO. Ela acredita que “fazendo as orações diárias, vamos nos revestir da beleza da Eucaristia, como fonte de vida”.
Fiel às raízes
Padre Alex Sandro Sudre, msc, é natural de Eugenópolis (MG) e membro da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus. Atuou em várias missões da sua Congregação em Minas Gerais, São Paulo, Ceará e no Equador. É mestre em Missiologia pelo Centro Universitário Assunção, em São Paulo, e atualmente, administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, na cidade de Floriano Peixoto, Piauí.
“Minha mãe é membro do Apostolado da Oração e, por isso, cresci imbuído dessa espiritualidade, que é a do coração de Jesus. É uma espiritualidade muito rica, cristocêntrica, baseada em Deus que é amor”, explicou Padre Alex, que ressaltou o fato de o Movimento ter características semelhantes às das irmandades.
Por esse motivo, é uma espiritualidade voltada para as pessoas, em que os membros têm a oportunidade de viver uma fé encarnada. “O Movimento foi adaptando-se à realidade. Temos hoje a espiritualidade de Santa Faustina, que é ligada ao Coração de Jesus”, disse o Religioso.
Ele recordou, ainda, que o Papa Francisco “motiva os fiéis a viverem na Igreja de forma mais ativa, principalmente na vida das pessoas mais sofridas”. Em sua atividade missionária, ele incentiva as pessoas que fazem parte do Apostolado a não abandonarem suas raízes, não perderem a sua espiritualidade, ao mesmo tempo, manterem-se abertas às novas gerações.
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