No dia 10 de setembro, conforme o que determina as Constituições nos números 272-273, o Prior Geral, Frei Fernando Millán Romeral, O.Carm., apresentou um relatório sobre o estado espiritual e temporal da Ordem, aos freis reunidos no Capítulo Geral, no Carmelo de Sassone, Roma.
“A Ordem cresceu muito nos últimos 25 anos (Ásia, África, etc.). Estamos dando uma formação sólida que combina tradição e nossa identidade carmelita com os processos lógicos de inculturação? Não é um problema, mas um desafio.” Este tema, o Prior Geral indicou ser não apenas um desafio para as “zonas missionárias”, mas também para as comunidades carmelitanas da Europa, América do Norte, Austrália. Como passar o testemunho ao Próxima geração? Tópicos como fidelidade criativa, autenticidade, carisma, inculturação, adaptação etc. entram em cena nessa reflexão.
Trazemos alguns aspectos do relatório de Frei Fermando Millán, que podem ser divulgados publicamente. Por razões de proteção de dados, obviamente, nem todas as informações podem ser divulgadas e compartilhadas. Os pontos a seguir são apenas para fins informativos.
Fonte: https://www.carmelitas.es
1.- Treinamento e vida cultural
Foram realizados cursos e programas durante o período de seis anos para apoiar o treinamento inicial e contínuo. Estes não complementam a formação das respectivas áreas geográficas da Ordem. Eles seguiram nesses cursos uma metodologia e uma dinâmica de mistérios que permitiram entrar no mistério que estava sendo comemorado ou refletido. O treinamento – ele insistiu – é uma prioridade, apesar das dificuldades que algumas províncias têm para que isso aconteça. É importante libertar pessoas para que possam cumprir esta missão. O treinamento não pretende ser entendido como algo formal e acadêmico, mas como uma formação integral (humana, psicológica, emocional, espiritual, etc.). A formação permanente é um desafio não apenas da nossa Ordem, mas de toda a Igreja. Além disso, disse Frei Fernando Millán, ele é o “calcanhar de Aquiles” da vida consagrada. Os principais obstáculos que podem surgir às vezes são: treinamento ideológico e seletivo; que a mesma pessoa sempre frequenta todos os cursos; que a formação carmelita se limite apenas ao noviciado. Há também pontos positivos: centros internacionais que oferecem um ótimo serviço ao treinamento; a missão da CISA; o trabalho que o Regens studiorum.
Vida cultural: o bibliotecário organizou todo o sistema de catálogos; passou do atual arquivo da Cúria para o histórico da CISA (1935-65); os documentos da Postulação também passaram para o arquivo histórico da CAAS; foi criada uma bolsa de estudos chamada PE Boaga para pesquisa em “re Carmelite”; edição e publicação das Constituições; centenários; trabalhos publicados em Edizioni carmelitane (Analecta. Carmel no mundo. Carmelus); Curso de herança carmelita; Comissões: JP, Liturgia e Missão e Evangelização.
2.- Estrutura e administração da Ordem
Na Europa e na América fala-se frequentemente de reestruturação. Este termo não apenas indica a dinâmica de “fechar casas e ingressar nas Províncias sem mais”, é muito mais amplo. Agora, naquelas realidades em que se acrescenta o envelhecimento dos frades e a falta de vocações, é preciso tomar decisões inevitáveis. Algumas entidades podem ser bloqueadas quando os processos de discernimento são muito lentos, porque é assustador tomar essas decisões e, quando são tomadas, já é tarde demais. É verdade que são medidas impopulares, mas inescapáveis. Ser a favor ou contra a união das Províncias não significa ser melhor ou pior Carmelita. Esses processos testam nossa capacidade de mudar, de nos abrir para novos desafios, flexibilidade e maturidade. Além disso, se por razões raciais, culturais, econômicas, linguísticas, preconceituosas etc., dois carmelitas não pudessem viver juntos, algo não funcionaria bem. Agora, esse processo de reestruturação é apenas para uma parte de nossa Ordem. A realidade em outras áreas geográficas é muito diversa. Não podemos administrar apenas com critérios eurocêntricos. Nosso discurso não pode ser monocórdio, mas polifônico. Foi uma grande alegria que o Comissariado Geral de Santa Teresa do Menino Jesus e Santo Alberto na Índia (rito latino) tenha sido estabelecido recentemente e a colaboração de algumas entidades carmelitas na África tenha sido consolidadas.
É significativo que, em 2015, tenha sido aprovado um protocolo para a realização de visitas canônicas, um protocolo para vincular entidades carmelitas à Cúria Geral e tenha sido criada uma Comissão para revisar a gestão da própria Cúria, bem como as realidades associadas a mesma.
3.- Família Carmelita
Nas últimas décadas houve um diálogo constante sobre o conceito de família carmelita. Em 1971, é quando esse conceito surge, no nº 16 em nossas Constituições. Na revisão das Constituições atuais, esse conceito foi enriquecido teologicamente. Não se trata de limitar o número de membros da família carmelita, mas sim, oferecer certas orientações. Somos uma família, sem separação, mas sem confusão (frades, freiras e leigos). Querendo preservar a igualdade, um novo clericalismo pode ser desenvolvido e os leigos podem se tornar um mini frade ou uma freira.
Capítulo Geral dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo – 2019, acontece de 9 a 27 de setembro, no Carmelo de Sassone, Roma.
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