O significado de iniciação no processo catequético
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Catequese a serviço da iniciação cristã
No início do cristianismo, a catequese era o período em que se estruturava a conversão. Os já evangelizados eram iniciados no mistério da Salvação e em um estilo evangélico de ser: experiência de vida cristã, ensinamento sistematizado, mudança de vida, crescimento na comunidade, constância na oração, alegre celebração da fé e engajamento missionário. Esse longo processo de iniciação, chamado catecumenato, se concluía com a imersão no mistério pascal através dos três grandes sacramentos: Batismo, Confirmação e Eucaristia. A catequese estava, pois, a serviço da iniciação
cristã.
A situação do mundo atual levou a Igreja no Vaticano II a propor a restauração do catecumenato (cf. SC 64; CD 14; cf. AG 14). O Batismo de crianças, que as introduz na vida da graça, exige uma continuação, uma iniciação vivencial nos mistérios da fé (a pessoa de Jesus, a Igreja, a liturgia, os sacramentos) através da catequese.
Esse processo catequético possibilita também aos já batizados (adultos, jovens, crianças) assumir conscientemente a própria vida cristã. Para os não-batizados, a catequese se apresenta como processo catecumenal para a vida cristã (cf. CR 65; DGC 64).
O significado de iniciação no processo catequético
A iniciação possui uma raiz antiqüíssima nas culturas humanas. Elas a valorizavam muito, sobretudo
nos ritos de passagem e pertença (batismo, circuncisão, ablação, casamento, desafios perigosos etc.), com destaque para a entrada na vida adulta. Nossa sociedade perdeu, quase por completo, esse elemento cultural, permanecendo alguns resquícios (festa das debutantes, rituais de acolhida em certos grupos, o recebimento dos calouros etc.). O noviciado permanece hoje com características de iniciação à vida religiosa. A iniciação consistia num processo a ser percorrido, com metas, exercícios e ritos. Considerada como parte da iniciação cristã (cf. AG 14; RICA 19), a catequese não é uma supérflua introdução na fé, um verniz ou um cursinho de admissão à Igreja. É um processo exigente, um itinerário prolongado de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da fé (mistérios), da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na liturgia.
Exigências da iniciação à vida cristã
A catequese, como elemento importante da iniciação à vida cristã, implica um longo processo vital de introdução dos cristãos ainda não plenamente iniciados, seja qual for a sua idade, nos diversos aspectos essenciais da fé cristã. Trata, de forma sistemática, de um todo elementar e coerente, que forneça base sólida para a caminhada “rumo à maturidade em Cristo” (cf. Ef 4,13), com as seguintes dimensões, interligadas entre si:
a) descoberta de si mesmo (dimensão antropológica ou tornar-se pessoa na ótica da fé);
b) experiência de Deus (dimensão afetivo-interpretativa);
c) anúncio e adesão a Jesus Cristo (dimensão cristológica);
d) vida no Espírito (dimensão pneumatológica);
e) celebração litúrgica e oração (dimensão celebrativa);
f) participação na comunidade (dimensão comunitário-participativa);
g) interação fé e vida, e serviço fraterno, de acordo com os valores do Reino (dimensão sociotransformadora e inculturada);
h) a formulação da fé (dimensão intelectual ou doutrinal);
i) o diálogo com outros caminhos e tradições
espirituais (dimensão ecumênica e de diálogo inter-religioso);
j) o relacionamento de cuidado com o cosmo (dimensão ecológica ou cósmica).
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